Oceanos: serviços e importância é hora de conhecê-los
A cada respiração, você deveria agradecer aos oceanos. Eles fornecem oxigênio via fotossíntese do fitoplâncton, microalgas invisíveis. Essas algas têm massa pequena, bem menor que das plantas terrestres. Mesmo assim, acabam levando 50 bilhões de toneladas de CO₂ para o fundo dos oceanos todos os anos. Esse gás vem, em parte, de queimadas, carros e outros fontes humanas de efeito estufa. Nosso tema é, Oceanos: serviços e importância.
Serviços: fornecimento de oxigênio para que respiremos
As algas, durante a fotossíntese, retiram dióxido de carbono da atmosfera e o enviam para o fundo do mar. Assim, evitam o acúmulo desse gás e ajudam a conter o aquecimento global.
Segundo o relatório O planeta está em uma encruzilhada, apresentado no Congresso Mundial da Conservação de 2016, no Havaí, desde 1970 os oceanos absorveram 93% do calor causado pelos gases do efeito estufa.
O mesmo estudo afirma que, sem esse serviço, a Terra teria aquecido em mais 36 °C.
Sylvia Earle, em seu A Terra é Azul, explica:
“A maior parte da ação se inicia com a luz solar. Ela se transforma em açúcares simples e oxigênio nas células de trilhões de organismos microscópicos que contêm clorofila, dióxido de carbono e água. Assim, uma quantidade expressiva de dióxido de carbono fica retida nos oceanos. Enquanto isso, grandes proporções de oxigênio voltam para a atmosfera.”
E prossegue:
“Um tipo de cianobactéria conhecido como Prochlorococcus é tão abundante — cerca de 100 octilhões vivem neste momento — que, sozinho, responde por cerca de 20% do oxigênio atmosférico. Outros fotossintetizantes marinhos fornecem mais de 50% do nosso oxigênio. Teríamos dificuldade para respirar se dependêssemos apenas de árvores, grama e outras plantas de terra firme.”
Serviços e importância: oceanos regulam o clima na Terra
Os oceanos regulam o clima por meio da interação entre correntes marinhas e atmosfera.
Fluxos de massa de água, ou correntes, são essenciais para entender como a energia de calor se move entre corpos de água, massas terrestres e atmosfera. O oceano cobre 71% do planeta e contém 97% de sua água, tornando-se um fator chave no armazenamento e na transferência de energia térmica no mundo. O movimento desse calor através das correntes locais e globais afeta a regulação das condições climáticas e dos extremos de temperatura.
As correntes marinhas têm papel fundamental
As correntes oceânicas ocorrem na superfície e também em águas profundas, abaixo de 300 metros. Elas movem a água tanto na horizontal quanto na vertical. Podem atuar em escalas locais e globais.
O sistema de correntes do oceano é interligado. Ele recebe energia do vento, das marés, da rotação da Terra (efeito Coriolis), do Sol (energia solar) e das diferenças de densidade da água. A topografia e a forma das bacias oceânicas e das massas de terra próximas também influenciam seu fluxo.
O livro Amazônia Azul resume:
“O oceano é uma enorme máquina térmica. O Sol aquece nas zonas tropicais e o calor armazenado na água é restituído à atmosfera nas latitudes mais elevadas (polos), estabelecendo um equilíbrio térmico.”
Oceanos retêm 97% da água da Terra: Sem o “Azul” não haveria o “Verde”
Mais uma vez recorremos a Sylvia Earle:
“Os oceanos retêm 97% da água da Terra e abrigam 97% de sua biosfera. O mar controla a química do planeta. Ele lança na atmosfera a mesma água que retorna para a terra e para o mar na forma de chuva, neve e granizo. Assim, reabastece continuamente rios, lagos e aquíferos subterrâneos.”
Ela conclui:
“Sem o azul não haveria o verde.”
A “economia” dos oceanos: US$ 3 trilhões até 2030
O consultor-chefe do Reino Unido, Mark Walport, aponta oportunidades na chamada “economia do oceano”. Esse mercado deve dobrar de tamanho e alcançar US$ 3 trilhões (R$ 9,9 trilhões) até 2030.
O relatório defende que o mundo demonstre, em relação aos oceanos, o mesmo ânimo que mostrou na exploração de Marte ou da Lua.
Oceanos: serviços e importância, os empregos gerados
No Índice de Saúde do Oceano, os empregos marinhos incluem os meios de subsistência que dependem da costa.
O objetivo geral considera nove setores marinhos. No entanto, o componente de empregos marítimos avalia apenas cinco deles:
Turismo
Energia das ondas e das marés
Maricultura
Observação de mamíferos marinhos
Pesca
Turismo, atividade número 1
O turismo marítimo e costeiro forma o maior segmento da indústria global de turismo e viagens. Ele gera mais de 200 milhões de empregos no mundo.
A atividade cresceu entre 6% e 8% ao ano desde 1985, com avanço mais rápido nos países menos desenvolvidos (PMDs). É a principal fonte de receita em moeda estrangeira em 46 dos 49 países menos desenvolvidos (Mel e Krantz, 2007; CREST, 2009).
Turismo de observação
O interesse pela megafauna marinha, como tubarões e baleias, aumentou. Alguns desses animais ainda sofrem com a caça. No entanto, seu valor vivo para o turismo supera o valor obtido na pesca.
Um estudo de 2017 estimou a indústria global de mergulho com tubarões em US$ 314 milhões por ano. Essa atividade sustenta diretamente 10.000 empregos. A expectativa é que o setor dobre em 20 anos, ultrapassando US$ 780 milhões anuais.
Alguns dados de turismo marinho:
A estocagem de dióxido de carbono por ecossistema marinho, mais um serviço prestado
A defesa da costa por ecossistemas marinhos
Dados da FAO: a subsistência humana e os oceanos
A FAO estima que a pesca e a aquicultura garantem a subsistência de 10% a 12% da população mundial. Mais de 90% das pessoas que trabalham na pesca de captura atuam em operações de pequena escala, nos países em desenvolvimento.
Em 2014, a pesca produziu cerca de 167 milhões de toneladas de peixe. O setor gerou mais de US$ 148 bilhões em exportações. Além disso, garantiu nutrição para bilhões de pessoas e representou 17% da proteína animal consumida no planeta — uma porcentagem ainda maior em países pobres.
Os oceanos e a produção de energia
O mar oferece várias formas de gerar energia. Entre elas estão as usinas de marés, os campos eólicos no mar e, infelizmente, também na zona costeira. Há ainda usinas que aproveitam as correntes marinhas.
Essas correntes surgem da combinação entre temperatura, vento, salinidade, batimetria e rotação da Terra. O Sol atua como principal força motriz, gerando ventos e diferenças de temperatura.
Alguns locais oferecem condições ideais para instalar dispositivos de extração de energia, como turbinas. A mais recente aposta é a energia gerada pelas ondas.
Oceanos, serviços e importância: saiba como funciona a geração de energia pelas ondas
A cura de doenças
A pesquisa de organismos marinhos para a medicina ainda é recente. Mesmo assim, muitas espécies já são estudadas para tratar doenças.
A cura pode vir de um simples tubarão, no caso da osteoporose, ou de outros organismos, como as escamas de peixes.. Medicamentos contra AIDS, leucemia, e herpesjá utilizam substâncias marinhas sintetizadas em suas fórmulas.
A Organização Mundial da Saúde alerta que muitos antibióticos conhecidos já não funcionam. A substituição pode vir do mar.
Fontes: https://read.oecd-ilibrary.org/economics/the-ocean-economy-in-2030/summary/portuguese_12a6c953-pt#page1;http://www.worldbank.org/en/topic/environment/brief/oceans; https://www.telegraph.co.uk/news/earth/environment/11558558/Oceans-are-worlds-seventh-largest-economy-worth-trillions.html; https://oceanwealth.org/ecosystem-services/recreation-tourism/; https://en.wikipedia.org/wiki/Offshore_drilling; http://www.cprm.gov.br/publique/Redes-Institucionais/Rede-de-Bibliotecas—Rede-Ametista/Canal-Escola/Recursos-Minerais-do-Fundo-do-Mar-2560.html; https://www.mining-technology.com/features/feature118480/; ps://worldoceanreview.com/wp-content/downloads/wor3/WOR3_chapter_2.pdf.
Texto perfeito! Utilizei uns trechos para minha aula. Muito obrigada por criar conteúdo de qualidade assim.