Fármacos marinhos: conheça seu imenso e desconhecido potencial
Fármacos marinhos
A maioria dos fármacos em uso clínico ou são de origem natural ou foram desenvolvidos por síntese química planejada a partir de produtos naturais. Segundo estimativas da Convenção da Diversidade Biológica (CDB), o Brasil hospeda entre 15 e 20% de toda a biodiversidade mundial. É considerada a maior do planeta em número de espécies endêmicas. Remédios vitoriosos contra a psoríasis; um inibidor irreversível de fosfolipase; o combate ao Herpes e a AIDS; todos foram sintetizados a partir de organismos marinhos.
Informações estão no estudo Biodiversidade: Fonte Potencial para a Descoberta de Fármaco
Estas informações estão no estudo Biodiversidade: Fonte Potencial para a Descoberta de Fármacos, do professor Eliezer Barreiro (Departamento de Fármacos, Universidade Federal do Rio de Janeiro). E são apenas a ponta do Iceberg.
Fármacos marinhos: área da ciência que cresce a cada dia
A procura por fármacos marinhos cresce a cada dia. Recentemente foi decodificado o genoma de dois tipos de tubarões: o branco, e o tubarão-elefante.
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Declínio do berçário da baleia-franca e alerta aos atuais locais de avistagemEngenharia dos oceanos pode minimizar o aquecimento global?Emissões de metano têm aumento recordeMatança de peixes-boi prossegue na AmazôniaAmbos podem levar à cura de vários tipos de câncer. Também as lesmas-do-mar são estudadas para remédios para terapia genética. O potencial não para de crescer. Há muitos antivirais de origem marinha.
Sangue do caranguejo-ferradura é chave para a vacina da Covid-19
De acordo com a National Geographic, ‘o sangue do caranguejo-ferradura é a chave para a produção de uma vacina para a COVID-19 – mas o ecossistema marinho pode sofrer’.
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Pudera, a vacina da Covid-19 é apenas mais uma a usar o sangue do caranguejo-ferradura. Barbara Brummer, diretora estadual da The Nature Conservancy em New Jersey, foi ouvida pela National Geographic:
Todas as empresas farmacêuticas em todo o mundo dependem desses caranguejos. Quando você pensa sobre isso, sua mente fica confusa com a confiança que temos nessa criatura primitiva.
A matéria ressalta que além das vacinas, o caranguejo-ferradura também é procurado como isca de pesca. Ambos os usos têm provocado um declínio da espécie nas últimas décadas.
Mas isso não é tudo. Francesca Santoro, oceanógrafa e pesquisadora da Comissão Oceanográfica Intergovernamental da UNESCO (COI-UNESCO) declarou que “as bactérias, encontradas nas profundezas do oceano são usadas para os testes da COVID-19.
As empresas farmacêuticas, todas elas, usam o sangue do caranguejo-ferradura para determinar a esterilidade de vacinas, medicamentos, dispositivos e instrumentos médicos, próteses e produtos básicos, como agulhas e soro fisiológico.
Programa BIOTA- FAPESP
Lançado em 1999, um dos objetivos do programa é avaliar as possibilidades de exploração sustentável de plantas ou de animais com potencial econômico do estado de São Paulo.
O BIOTA-FAPESP envolve mais de 1.200 profissionais (900 pesquisadores e estudantes de São Paulo, 150 colaboradores de outros estados brasileiros e 80 do exterior).
Entre os vários objetivos está…
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a prospecção de novos compostos de interesse econômico em microrganismos, fungos macroscópicos, plantas, invertebrados (inclusive marinhos) e vertebrados.
A procura de fármacos marinhos no mundo
Na Espanha, há 40 anos, existe o Iberian Symposium on marine biology studies; no Chile, a Sociedad Chilena de Ciencias del Mar promove congressos latino-americanos para estudar os organismos marinhos com potencial econômico.
Em 2017 a União Internacional para a Química Pura e Aplicada (IUPAC, da sigla em inglês), promoveu em São Paulo o 46º World Chemistry Congress com o mesmo objetivo; nos Estados Unidos, em 1988, foi criado o National Center for Biotechnology Information (NCBI), parte da United States National Library of Medicine (NLM), e braço do National Institutes of Health. Objetivo? O mesmo…
O AZT, remédio para AIDS; outro para Leucemia; um terceiro combate o Herpes: todos vieram do mar
O estudo ‘Fármacos que Vêm do Mar‘, de Lúcia Beatriz Torres, informa…
A primeira verdadeira descoberta oriunda das profundezas do mar, remonta ao início dos anos 50, a partir do trabalho de Bergman e colaboradores. Uma substância química, a espongouridina, encontrada em uma esponja marinha coletada no mar da Flórida, nos EUA, mostrou-se particularmente eficaz para combater certas formas de leucemia. Com base nessa substância, especialistas da área da Química Medicinal formularam sinteticamente análogos que resultaram na descoberta de dois fármacos. O citarabina, usado no tratamento da leucemia mielóide aguda e o vidarabina, um antiviral, prescrito para tratamento da herpes
Prossegue o mesmo estudo…
Uma contribuição ímpar de produto natural marinho, servindo como fonte de inspiração para o desenvolvimento de fármacos sintéticos, partiu da mesma substância encontrada na esponja marinha estudada por Bergman. A espongouridina serviu de molde molecular para a criação de um derivado sintético que originou o azidotimidina, o AZT, primeiro recurso terapêutico para a Síndrome da Imuno-deficiência Adquirida (AIDS).
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Serviços dos Oceanos para a saúde e as escamas de peixes
Mais uma descoberta recente, o colágeno presente na escama de peixes cura ferimentos leves na pele humana. Nada de band-aid ou remédios tradicionais. A escama de peixe pode ser o futuro da cura de feridas na pele humana. Mas tem muito mais que isso…
Organização Mundial da Saúde: antibióticos já conhecidos não têm mais efeitos
A polêmica declaração da Organização Mundial da Saúde revela que os antibióticos já conhecidos não têm mais efeitos sobre infecções e micróbios.
E aí, como ficamos? Bem, diante de tal cenário, cientistas russos propõem que a salvação esteja nos oceanos.
Andrei Adrianov, diretor do Instituto de Biologia do Mar em Vladivostok, considera que 80% dos antibióticos que já não funcionam possam ser substituídos por medicamentos elaborados a partir de substâncias marinhas.
Veneno de caracol marinho pode se tornar analgésico potente
Pesquisadores criaram cinco substâncias experimentais a partir de proteína produzida pelo caracol marinho. Composto pode aliviar a dor melhor que morfina e sem causar dependência. Para não falar nas propriedades antivirais de milhares de organismos marinhos.
Foto de abertura: Tua Saúde
Fontes: http://quimicanova.sbq.org.br/detalhe_artigo.asp?id=333; http://www.fapesp.br/6259; http://www.biota.org.br/biodiversidade-e-saude-humana-como-a-fragmentacao-da-paisagem-afeta-a-distribuicao-da-malaria/; http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100-40422009000300014; https://www.pharmamar.com/; http://www.portaldosfarmacos.ccs.ufrj.br/atualidades_farmacomar.html;
Finalmente uma coluna positiva e que contribui para o conhecimento. Seria excelente se aqui fosse um espaço sempre assim, positivo.
Sobre este tema e por ter trabalhado na área, faço as seguintes considerações: 1. a contínua exploração desses “possíveis medicamentos” levaria a prejuízos incalculáveis aos mares e seus organismos marinhos; 2. ainda bem que isso não aconteceu; depois de mais de 50 anos de busca de “medicamentos de origem marinha”, alguns serem “promessas” é nada ou quase isso. Há mais 40 anos ouço notícias sobre a “descoberta” de compostos marinhos com ação, principalmente anticâncer. Na Austrália até havia um Instituto para pesquisa nessa área e sem resultados foi fechado.