Mais de 3 mil crianças de Fortaleza terão educação ambiental e letramento oceânico
O jornal O Povo nos surpreendeu positivamente ao informar que, a partir de agosto de 2024, mais de 3 mil crianças do 6º ao 9º ano, de seis escolas municipais da Capital, participarão de uma ação de letramento oceânico e educação ambiental. A iniciativa, chamada de ‘Projeto de Disseminação da Cultura Oceânica’, teve solenidade realizada no Paço Municipal, Centro de Fortaleza. O site da prefeitura acrescenta que Idealizado pela Agência de Desenvolvimento da Economia do Mar de Fortaleza (Ademfor), a ação visa disseminar nas escolas municipais o conhecimento sobre conscientização ambiental e economia azul, que busca o desenvolvimento sustentável dos recursos marinhos. Parabéns a Fortaleza, oxalá a moda pegue.
Uma excelente ideia que deveria prosperar em todo o País
As consequências que a nossa geração está passando agora devido à inação mundial frente ao aquecimento do planeta, é fichinha perto do que enfrentarão nossos filhos e netos.
Com apenas 1,4ºC acima da linha de base pré-industrial, o mundo passou por um massacre ambiental em 2023. Segundo o reliefweb, pelo menos 12 mil pessoas – 30% a mais do que em 2022 – perderam a vida devido a inundações, incêndios florestais, ciclones, tempestades e deslizamentos de terra em todo o mundo em 2023, de acordo com uma nova análise da Save the Children.
Em cerca de 240 desses eventos relacionados ao clima registrados em 2023, o banco de dados internacional de desastres EM-DAT registrou um aumento de 60% no número de mortes por deslizamentos de terra. Mas tem mais. As mortes por incêndio tiveram um incremento de 278%. Já as mortes por tempestades aumentaram 340% entre 2022 e 2023.
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A Organização Mundial da Saúde divulgou, no relatório State of Global Climate, que o número de pessoas gravemente inseguras em todo o mundo mais do que dobrou. Foi de 149 milhões de pessoas antes da pandemia de COVID-19, para 333 milhões de pessoas em 2023 (em 78 países monitorados pelo Programa Mundial de Alimentos). Os extremos climáticos podem não ser a causa raiz, mas são fatores agravantes, de acordo com o relatório.
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Perdas econômicas mundiais em razão do aquecimento do planeta
O Fórum Econômico Mundial publicou um artigo atualizado em novembro de 2023 onde foi curto e grosso: O pedágio econômico do clima extremo cresceu substancialmente, de acordo com um relatório da Organização Meteorológica Mundial.
Eventos climáticos extremos e desastres relacionados ao clima causaram perdas econômicas significativas, chegando a quase US $ 1,5 trilhão na década até 2019.
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Você quer aprender sobre oceanos? SP Ocean Week 2024A importância do som para a vida marinhaO Mar Adriático, de tão quente, está ficando tropical?O derradeiro fato que justifica os parabéns à prefeitura de Fortaleza, é que, segundo todas as fontes confiáveis, a que usamos é a The Royal Society, ‘mesmo que as emissões de gases de efeito estufa parassem repentinamente, a temperatura da superfície da Terra exigiria milhares de anos para esfriar e retornar ao nível da era pré-industrial’.
Por isso a decisão da prefeitura de Fortaleza merece aplauso e cópias. São pelos motivos acima expostos que defendemos que a Educação Ambiental seja incluída na Base Nacional Comum Curricular.
Não estamos sozinhos. Em 2021 a UNESCO alertou que a educação tradicional não estava preparando os jovens para atuarem em um mundo onde as mudanças climáticas e a perda de biodiversidade são as maiores ameaças à vida humana. O órgão sugere que a Educação Ambiental faça parte do currículo escolar até 2025.
Fortaleza é uma cidade litorânea
O Estado do Ceará tem um litoral imenso com 573 km. E a zona costeira do Estado já enfrenta severos danos ocasionados pela erosão costeira fortificada pelos eventos extremos. Simplesmente, o mar está levando embora o litoral cearense.
Em futuro breve é possível que milhares de cearenses que moram no litoral percam suas moradias, e tenham que ser realocados. Enquanto isso, fica claro que, até a tragédia que aconteceu no Rio Grande do Sul aconteceu por omissão do poder público brasileiro. Em outras palavras, prefeitos, vereadores, governadores, deputados e senadores, além de variados ex-presidentes, não deram pelota aos alertas dos cientistas. Eles anteciparam o que ocorreu no sul desde ao menos 30 anos atrás.
Desse modo, ou treinamos as gerações futuras para respeitarem o Meio Ambiente, e saberem como se portar durante as catástrofes do clima, ou elas sofrerão ainda mais em consequência dos abusos da nossa geração.
Para encerrar, é preciso que as crianças respeitem os oceanos, e conheçam suas possibilidades econômicas também. Pouca gente se dá conta, mas o PIB do mar brasileiro rivaliza com o gerado pelo agronegócio. Um estudo da Pontifícia Universidade Católica (PUC) do Rio Grande do Sul estimou que os setores da economia dos oceanos representaram 19% do PIB, incluindo segmentos como petróleo, transporte, pesca, cabos submarinos, lazer e turismo.
Como bem disse o vice-prefeito Élcio Batista, “a iniciativa de hoje é um primeiro passo, mas fundamental. Não vamos mudar a mentalidade das pessoas de uma hora para outra, então temos que começar com as crianças, marcando presença nas escolas e mostrando a importância da cultura oceânica. É importante que elas tenham consciência dos desafios da sustentabilidade”.