Ondas não servem apenas ao surfe: saiba o que a ciência acha delas
Atraindo desde atletas altamente qualificados, a praticantes de fim de semana, o surfe é um esporte amado ao redor do planeta. Tudo o que você precisa é mar, ondas, e entusiasmo. Mas, se manobras radicais encantam observadores, pouca atenção se presta à ciência que torna isso possível. Aqui é que entra o Mar Sem fim.

Uma onda poderia carregar a bateria de 30 milhões de smartphones
Quem já viu ondas batendo na areia percebeu a enorme energia que têm. E essa energia parece ser uma das mais promissoras fontes renováveis do futuro, potencialmente suprindo 10% da demanda global.

No Brasil há experiências sendo feitas.
Entenda como se formam as ondas
A NOAA explica que as ondas representam movimento de energia, não de água, no oceano aberto. Mas e na costa, onde vemos as ondas quebrando com força na praia? Este fenômeno é o resultado do movimento orbital da onda sendo perturbado pelo fundo do mar.
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Ilhabela em último lugar no ranking de turismo 2025Garopaba destrói vegetação de restinga na cara duraCores do Lagamar, um espectro de esperançaComo uma onda passa através da água, não só a água superficial segue um movimento orbital, mas uma coluna de água abaixo dela completa o mesmo movimento. A aproximação do fundo em áreas rasas faz com que a parte inferior da onda diminua e comprima, forçando a crista da onda mais alta no ar. O desequilíbrio cresce até chegar ao ponto de ruptura. Nesse momento, a crista cai e a energia da onda se dissipa para o surf.
Equações podem determinar de forma precisa a quantidade de energia de cada onda
Há complexas equações para determinar de forma precisa a quantidade de energia das ondas. Em termos simples: quanto maior a onda, maior a energia.
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E existem poucos lugares do mundo com ondas tão grandes como Nazaré, Portugal. Por falar em Nazaré e ondas gigantes, vamos lembrar que a maior onda registrada no hemisfério Sul tinha inacreditáveis 23,8 metros. Enquanto isso, a maior do Brasil é a ‘Avalanche’, com cinco a seis metros, na costa do Espírito Santo.
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As ondas monstruosas podem chegar a 30,5 m de altura, graças à combinação entre a posição geográfica e o relevo submarino. Geradas por tempestades no Atlântico Norte, em profundidades de até 4.900 m, a energia das ondas é amplificada ao se aproximar da costa.
Elas crescem enormemente. E, além de Nazaré, em Portugal, a costa dos Estados Unidos, no Oregon, tem ondas chamadas de aberrantes, de tão perigosas.
Imagine a energia contida em uma onda tão grande quanto um prédio de oito andares. Cientistas estimaram que algumas das ondas de Nazaré poderiam carregar, só uma delas, a bateria de 30 milhões de smartphones.
Segredos das ondas

O Taiti é uma ilha vulcânica e seus recifes de coral criam um obstáculo bem íngreme para frear as ondas, fazendo com que a parte superior ultrapasse a anterior (da onda). Isso deveria resultar em ondas grandes e assimétricas, mas a geologia de Teahupo’o dá origem a um efeito único: a água doce descendo das montanhas vizinhas cria canais no fundo do oceano que previnem a formação de corais. Esses canais criam ondas “limpas” e rápidas ao canalizar a água da beira para o fundo.
A jato sobre a prancha
No mar, porém, a história é outra. Durante uma etapa do Circuito Mundial de 2011, o surfista australiano Mick Fanning atingiu velocidade de quase 40km/h sobre sua prancha, o que ajudou a justificar seu apelido de Relâmpago Branco.
Inspiração da natureza
Quilhas, localizadas na parte inferior de uma prancha, são cruciais para dar estabilidade e controle. Tradicionalmente, eram feitas de madeira, hoje os avanços tecnológicos deram espaço para plástico e materiais compostos, que melhoraram o controle em manobras radicais.

Patrulha ecológica sobre pranchas
Cientistas sabem que nossos oceanos estão mudando: estão ficando mais quentes e mais ácidos. Seus níveis também estão subindo e isso está levando a alterações climáticas (como mais tempestades), além de alterações em ecossistemas e comportamentos animais.
Para medir essas mudanças, os pesquisadores usam barcos, sondas e até satélites para coletar dados em mar aberto. E agora os pesquisadores estão usando dados gerados pelos próprios surfistas através de um novo tipo de quilha.
Quilhas de surfe com sensores: novidade que está chegando
Smartfin é uma quilha de prancha de surf equipada com sensores que medem vários parâmetros oceânicos, incluindo temperatura, localização GPS e movimento. O objetivo é o de coletar dados para pesquisas oceânicas e mudanças climáticas. Ela funciona como uma ferramenta de ciência cidadã, com os surfistas atuando como coletores de dados ao fixarem a quilha em suas pranchas.
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O acadêmico Andrew Stern, fundador do projeto Smartfin e neurologista da Universidade de Rochester, nos EUA, explica que a tecnologia pode ajudar a monitorar cenários como a degradação de corais e populações de crustáceo, que sofrem com o aumento da acidez dos oceanos. Stern explicou:
Essa tecnologia tem como fatores únicos o fato de ser pequena e de baixo custo em comparação com os sensores existentes
Sendo assim, oferecemos uma nova geração de sensores que podem ser posicionados em enormes números e em locações previamente inacessíveis.
Em resumo, os dados coletados por essas quilhas ajudam os cientistas a compreender e prever o comportamento e a física do oceano.
Assista ao vídeo e se encante com a onda
Fonte: http://www.bbc.com/portuguese/vert-earth-41908741.
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Nossa, não sei como alguém – em cima de uma prancha precária – ousa desafiar o poder dessas ondas monumentais. Tenho pesadelos só de pensar nisso antes de dormir. Temo muito o mar.
As ondas servem para “democratizarem” os lixos lançados aos mares pelas inteligências.