Superpetroleiros, monstros do mar da atualidade
Os oleodutos modernos existem desde 1860. Os primeiros petroleiros eram dois navios a vela construídos em 1863 no rio Tyne, Inglaterra. O primeiro navio a vapor com tanque de petróleo, o Vaderland, foi projetado e construído pela Palmers Shipbuilding and Iron Company do Reino Unido para a American-Belgian Red Star Line em 1873. Mas a combinação de fogo para produzir vapor, e combustível, foi logo restringida pelas autoridades preocupadas com segurança. Já o petroleiro moderno foi desenvolvido no período de 1877 a 1885. Em 1876, Ludvig e Robert Nobel, irmãos de Alfred Nobel (criador do Prêmio Nobel), fundaram a Branobel (abreviação de Irmãos Nobel) em Baku, Azerbaijão. No final do século XIX já era uma das maiores petroleiras do mundo. Ludvig foi um pioneiro no desenvolvimento dos primeiros navios petroleiros. Mas, e os superpetroleiros, os monstros do mar? Este é o tema de hoje.

Superpetroleiros, monstros do mar da atualidade
Os superpetroleiros são navios de transporte de petróleo que podem exceder 500.000 toneladas de porte bruto. Mas, como eles nasceram? A história é curiosa.
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Até 1956, os petroleiros eram projetados para navegar no Canal de Suez, portanto, sofriam restrições de tamanho. Mas, neste mesmo ano, houve a Crise de Suez, quando Israel, com apoio da França e Reino Unido, declarou guerra ao Egito. Uma das consequências foi o fechamento do canal.
Rota mais longa pelo cabo da Boa Esperança
Os armadores foram forçados a transportar petróleo pela rota mais longa, ao redor do Cabo da Boa Esperança. Então, perceberam que navios maiores seriam a chave para mais eficiência no transporte. Os monstros de ferro, portanto, tiveram sua origem em uma crise internacional.
Diferença de tamanho entre petroleiro e superpetroleiro
Até pouco antes da Crise de Suez, os petroleiros tinham em média 162 metros de comprimento, com capacidade para até 16.500 DWT, ou tonelagem de porte bruto.
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Os superpetroleiros podem ter até 400 metros de comprimento, e uma capacidade de carga de 500.000 DWT.
Os irmãos Nobel e os superpetroleiros
Em 1947, Ludvig Nobel começou a construir navios para transportar o óleo de sua empresa. Ele criou a Universe Tankship e passou a construir navios tanques maiores, com capacidade para até 30.000 toneladas, navios da classe Bulk. Mas havia problemas com a tecnologia de soldagem. Vários destes navios afundaram.

Ludvig decidiu tentar a sorte no Japão, onde introduziu o método de construção em bloco, no estaleiro naval Kure.
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O resultado foi visto em 1952, o navio Petrokure, de 38.000 toneladas. Mas a ousadia dos irmãos Nobel atiçou a cobiça de dois grandes armadores gregos, Onassis e Niarchos. O primeiro mandou construir um navio de 45.000 toneladas.
Corrida pelo maior petroleiro
A corrida pelo maior tamanho começou. Ludvig Nobel respondeu ao desafio construindo o Sinclair Petrolore, em 1955, com capacidade para 56.000 toneladas.
O maior cargueiro do mundo
O Sinclair Petrolore era revolucionário, não apenas o maior cargueiro do mundo, mas um navio autodescarregável que levava óleo e minério, o único desse tipo já construído.

Mas ele teve um triste fim que envolveu o litoral do Brasil.
O primeiro derrame de petróleo no litoral do Brasil
No dia 6 de dezembro de 1960 o Sinclair Petrolore explodiu nas proximidades da ilha de Trindade, a 600 milhas de Vitória, ES.
Foi o primeiro derrame de óleo no litoral brasileiro. Um tripulante desapareceu no acidente, e 66 mil m3 de petróleo foram parar no mar. Infelizmente, não existem registros dos danos ambientais.
1956 – 85.000 toneladas
Ludvig não desistiu e, em 1956, apresentou o Líder do Universo, com 85.000 toneladas. Dois anos depois, em 1958, quebrava a barreira das 100.000 toneladas com o navio Universo Apolo, de 104.000 T.
1962 – 106.000 toneladas
Em resposta à Ludvig, Niarchos mandou construir o SS Manhattan, com 106.000 T. Foi o maior mercante até então construído nos Estados Unidos.
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Em 1969 ele foi convertido para ter capacidade de um quebra-gelo, sendo o primeiro navio comercial a cruzar a Passagem Noroeste.

Very Large Crude Carrier ou VLCC
A partir de então, houve a mudança de classe. Surgiram os VLCC, ou Very Large Crude Carrier. O primeiro deles foi o Idemitsu Maru, com capacidade para 206.000 T. Em vinte anos o tamanho dos petroleiros havia aumentado dez vezes.

Depois surgiram os Ultra Large Crude Carrier, ou ULCC, com capacidades acima de 320.000 toneladas de porte bruto. O mundo começava a entrar na era dos superpetroleiros.
Na década de 70
Esta década foi pródiga no lançamento de superpetroleiros. Em 1975 foram lançados ao mar o Berge Emperor e seu irmão gêmeo, Berge Empress. Ambos construídos no Japão pela Mitsui.

O Berge Empress tinha tonelagem bruta de 198.783, enquanto o Berge Emperor, 203.112.
1977 – dois dos sete navios a ultrapassarem meio milhão de toneladas
O Esso Atlantic e o Esso Pacific foram dois dos sete navios a ultrapassarem meio milhão de toneladas de porte bruto.

Eles tinham um calado, quando totalmente carregados, de 25,3 metros, o que os impossibilitava de navegar no Canal de Suez ou no Canal do Panamá. Estes monstros de ferro tinham 406,57 m de comprimento!
Um acidente que mudou a regra da construção naval
Se os superpetroleiros são eficientes para os armadores, representam máximo perigo para o meio ambiente. Quando os acidentes acontecem, e acidentes sempre acontecem é só questão de tempo, arrasam o meio ambiente.
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Assim foi com o Exxon Valdez, em 1989 que, em razão de um capitão bêbado, provocou o maior derramamento de óleo até a fatídica data: 11 milhões de galões de petróleo bruto foram despejados no mar do Alasca.

Nos meses aseguintes, funcionários da empresa, autoridades federais e mais de 11.000 residentes do Alasca trabalharam para limpar o derramamento de óleo.
Difícil quantificar o prejuízo ambiental de um acidente destas proporções em local prístino como as águas do Alasca. O site history.com informa que ‘o derrame provocou a morte de cerca de 250.000 aves marinhas, 3.000 lontras, 300 focas, 250 águias e 22 orcas.
O history.com diz que ‘Um estudo de 2001 descobriu que a contaminação por óleo permanece em mais da metade dos 91 locais de praia testados em Prince William Sound’.
Depois do derramamento do Exxon Valdez, o Congresso dos EUA aprovou a Lei de Poluição de Petróleo de 1990, assinada pelo Presidente George H.W. Bush.
A Lei de Poluição de Petróleo aumentou as multas para as empresas responsáveis por derramamentos e exigiu que todos os petroleiros nas águas dos Estados Unidos tivessem casco duplo.
Quantos ‘monstros de ferro’ há no mundo
De acordo com o site https://www.statista.com/ ‘Em abril de 2020, havia 810 superpetroleiros, ou VLCCs em todo o mundo’.
Imagem de abertura:
Fontes: https://ferdinandodesousa.com/2019/11/08/um-breve-historico-dos-vazamentos-de-petroleo-na-costa-dobrasil/;https://en.wikipedia.org/wiki/History_of_the_oil_tanker#:~:text=oil%20in%20bulk.-,The%20Modern%20Oil%20Tanker,oil%20companies%20in%20the%20world https://www-ship–technology-com.translate.goog/projects/front/?_x_tr_sl=en&_x_tr_tl=pt&_x_tr_hl=pt-BR&_x_tr_pto=nui,sc; https://www.uh.edu/engines/epi2839.htm; https://nashbulk.steamcheng.net/petrolore.html; https://www.maritimeinfo.org/en/Blog/history-tankers-and-containerization; https://www.facebook.com/Crewtoo; https://zeymarine.com/largest-oil-tankers-ever-built/.