Manguezais do Rio: dez anos sem perdas de vegetação!
Uma cidade do tamanho do Rio de Janeiro, e com a quantidade de manguezais que tem, ficar dez anos sem perdas deste tipo essencial de vegetação é uma excelente notícia neste período de trevas em que vivemos. E a fonte desta informação não poderia ser mais crível. Nada menos que a mais emblemática ONG do Brasil, a SOS Mata Atlântica, atendendo a um pedido do jornal O Globo: Manguezais do Rio, dez anos sem perdas de vegetação, é o assunto de hoje.
Manguezais do Rio, dez anos sem perdas de vegetação!
Esta notícia é um tremendo alívio (agradecemos por ter sido divulgada depois da demissão do algoz ambiental, Ricardo Salles). Ainda bem que só veio à tona depois que o neófito foi pra casa com o rabo, e a Justiça, entre as pernas.
Sua arrogância era tamanha que ele seria capaz de decepar alguns hectares apenas para não deixar os manguezais com ‘inveja’ do que ele logrou transformar a Amazônia, em especial, mas também o Pantanal e o Cerrado.
A boa nova chega quase no Dia Mundial de Proteção aos Manguezais, 26 de julho. E convenhamos, este importante ecossistema, o manguezal, merece sim um dia só para ele.
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Sugestão de replantio de mangues no Rio de Janeiro
Vamos nos lembrar que o Rio de Janeiro já tem problemas demais com o meio ambiente terrestre e marinho. A Baía de Guanabara, antigo cartão postal da Cidade Maravilhosa, hoje é uma chaga, podre, extremamente poluída.
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E todo o fundo da baía é formado por manguezal. Grande parte dele poluído e maltratado, à exceção da porção de 13 mil hectares que ficam resguardados na que chamamos de mais importante unidade de conservação do Rio de Janeiro: a APA Guapi-mirim / ESEC da Guanabara.
Replantio de mangue será na Baía de Guanabara
Apenas um dos serviços sistêmicos prestados pelo manguezal é a limpeza/filtragem da água de seu entorno. De acordo com O Globo, ‘o biólogo Mario Moscatelli apresentou ao governo uma proposta de plantar uma área equivalente a 75 campos de futebol na Baía de Guanabara, num trecho de Duque de Caxias’.
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O Mar Sem Fim concorda plenamente. Temos perdido áreas de mangue desde que a malfadada carcinicultura se instalou no Nordeste no final do século passado e início deste século 21.
Quando este site voltou a denunciar o descalabro com o manguezal nordestino, o então ‘ministro’ do Meio Ambiente correu para tirar a proteção legal de mangues e restingas em mais uma desnecessária, e burra polêmica.
Felizmente, o Judiciário estava atento. Não permitiu que a ignorância, para não dizer má fé, de Ricardo Salles fosse adiante.
Mangues no Brasil, saiba quanto temos
De acordo com o Atlas dos Manguezais, do ICMBio, de 2008, o Brasil tem 1,3 milhão de hectares de mangue. O Rio fica com 13,7 mil hectares ou cerca de 138 quilômetros quadrados. A Baía de Guanabara concentra a maior parte, 74 quilômetros quadrados, ou metade do total.
Segundo estimativas citadas por O Globo, ‘60% da área de mangue da Baía de Guanabara tinham se perdido desde a colonização. A missão dos últimos tempos passou a ser recuperar parte do estrago’.
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O Rio já teve replantio de manguezal em Duque de Caxias
O Globo: ‘em 1995 Mario Moscatelli começou o replantio de mangue em Gramacho, em Duque de Caxias, no entorno do aterro sanitário da região. ‘Hoje’, diz o Globo, ‘a área de mangue já foi expandida em 130 hectares. Trabalho bem sucedido também houve no canal do Fundão e na Lagoa Rodrigo de Freitas’.
Foi o sucesso desta ação que levou Mario a propor o replantio na Baía de Guanabara. Segundo o jornal, ‘os planos não são modestos e incluem o que seria o maior horto de manguezal do Brasil com produção de mais de um milhão de mudas’.
Manguezais do Rio e o apoio da iniciativa privada
O Globo informa que Mario Moscatelli vai entregar seu plano justamente no Dia Mundial de Proteção aos Manguezais, 26 de julho, à Secretaria estadual de Meio Ambiente e espera ter apoio da iniciativa privada principalmente com a perspectiva de que o trabalho ajudará a despoluir a Baía’.
A hora é agora! No início deste ano o Rio teve uma ótima notícia com o novo marco do saneamento básico. Ao privatizar a Cedae – Companhia Estadual de Águas e Esgotos do Rio de Janeiro, entraram nos cofres do Estado nada menos que R$ 22 bilhões de reais.
A Cedae era uma espécie de desastre sistêmico. Com ela a Baía de Guanabara, que recebe 15 mil litros de esgoto não tratado por segundo, jamais seria despoluída. Com a privatização, pouco comemorada entre ambientalista, e atitudes como a de Moscatelli, heis uma chance afinal.
Projeto afinado com a ONU e a UNESCO
Que a iniciativa privada do Rio de Janeiro se toque sobre o momento, e a importância desta conjunção de fatores, e ajude o replantio. Temos, enfim, motivos para comemorar.
Mario Moscatelli se mostra atento ao momento ao propor replantio de mangue no momento em que a comunidade mundial discute seriamente como combater o aquecimento do planeta.
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Não há nenhuma saída que não conte com a indispensável ajuda dos oceanos, o maior sumidouro de gases de efeito estufa, e das plantas marinhas como o mangue, consideradas patrimônio marinho mundial da UNESCO.
É o chamado Carbono Azul, ou Blue Carbon, definidos pela UNESCO como ‘ecossistemas de carbono azul incluem prados de ervas marinhas, pântanos de maré e manguezais. Eles estão entre os sumidouros de carbono mais intensivos da biosfera e desempenham um papel central na mitigação do clima’.
Em sintonia também com a Organização das Nações Unidas (ONU) que declarou 2021 até 2030 a Década da Ciência Oceânica para o Desenvolvimento Sustentável, ou popularmente denominada “Década dos Oceanos”.
Parabéns aos envolvidos.
Serviços sistêmicos do manguezal em tempos de combate ao aquecimento global
Tudo é aproveitado no mangue. Suas copas são habitat de aves marinhas, residentes ou migratórias. Suas raízes aéreas formam uma espécie de gaiola debaixo d’água, protegendo um sem-número de animais marinhos que as usam para proteger suas crias.
De cavalos-marinhos a tubarões, passando por várias espécies de peixes, moluscos, crustáceos, répteis, anfíbios, e mamíferos como os peixes-boi, entre outros.
Eles protegem a linha da costa contra a erosão e fenômenos como as ressacas e até mesmo tsunamis. O manguezal filtra a água do mar melhorando sua condição. Suas raízes aéreas retêm nutrientes, o que os tornam um berçário importantíssimo.
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Mas, o mais importante em tempos de aquecimento global acelerada é a sua capacidade de sequestrar dióxido de carbono da atmosfera. É conhecido como…
Carbono Azul ou Blue Carbon
A expressão foi criada para fazer justiça ao papel do mangue como sumidouro de carbono. Nada se compara a ele. Segundo a revista Fapesp, ‘um estudo realizado em 2018 por pesquisadores do Brasil e Estados Unidos verificou que na Amazônia cada hectare de manguezal contém uma quantidade de carbono duas vezes maior que a mesma área de floresta.
No Nordeste, 1 hectare de mangue armazena ao menos oito vezes mais carbono que 1 hectare de vegetação da Caatinga’.
Mangues e gramas marinhas estão em menos de 2% da área total do oceano, mas respondem por 50% do carbono armazenado nos oceanos
Manguezais, ao lado das gramas marinhas e de pântanos salgados ao longo do litoral, sequestram e armazenam carbono “azul” da atmosfera durante o processo de fotossíntese. Por isso são peça essencial da solução para a mudança climática global.
Embora atualmente estes ecossistemas cubram menos de 2% da área total do oceano, eles respondem por quase 50% do carbono total armazenado nos sedimentos oceânicos.
Imagem de abertura: arquivo MSF
Fonte: https://oglobo.globo.com/sociedade/um-so-planeta/rio-completa-dez-anos-sem-perda-de-vegetacao-em-manguezais-gracas-trabalho-de-conservacao-25115483?fbclid=IwAR3EnA1CBl_MUqGQvg8oSdDUfYepZR0gfUEDc2-s_sMtNs4wn8npMMC0Kng.
Até acredito que não tenha sido desmatada, mas os lixos e poluições acabam de qualquer maneira com a flora e fauna. Nós brasileiros odiamos limpezas e adoramos lixos fedorentos juntamente com insetos e roedores.