Desmatamento 2020: quase o dobro de 2019 na Amazônia
Quando acordarmos do pesadelo da pandemia, teremos mais problemas com a comunidade internacional. O mundo, às avessas, procura a cura para a Covid-19. Nunca tantos cientistas trabalharam juntos na mesma pesquisa. As atenções, em uníssono, estão voltadas a elas. Enquanto os não cientistas torcem por eles, e choram as mortes aos milhares, o desmatamento 2020 explode na Amazônia. Mais uma obra de Ricardo Salles para a posteridade.
Amazônia e desmatamento 2020: quase o dobro que em 2019
Ainda em fevereiro de 2020 o G1 publicava: ‘Áreas sob alerta de desmatamento na Amazônia batem recorde em janeiro, aponta Inpe’. E no corpo do texto, “O total de áreas sob alerta de desmatamento na Amazônia bateu recorde em janeiro de 2020. De acordo com os dados do Sistema de Detecção em Tempo Real (Deter-B), do Instituto de Pesquisas Espaciais (Inpe), foram emitidos alertas para 284,27 km² de floresta – maior índice para o mês desde que começou a série histórica, em 2016.”
E, assim como aconteceu em 2019, os cientistas alertaram o público. Segundo o G1, “O climatologista Carlos Nobre, cientista e pesquisador sênior do Instituto de Estudos Avançados da USP, alerta para o risco concreto de o desmatamento atingir patamares ainda mais altos neste ano do que os verificados em 2019.”
Felizmente, Nobre não ocupa cargo público, portanto não pode ser enxotado como aconteceu a Ricardo Galvão, então diretor do Inpe.
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‘Desmatamento explode na Amazônia e já é quase o dobro do ano anterior’
Foi o título de matéria do Estadão em 8 de abril de 2020. No texto, explicava o jornal, “A extração ilegal de madeira corre em ritmo acelerado na Amazônia, fazendo com que o volume do desmatamento acumulado de agosto de 2019 a março deste ano já chegue ao dobro do verificado no mesmo intervalo anterior, quando a derrubada recorde da floresta virou alerta global. Uma área superior a três vezes a cidade de São Paulo já foi abaixo neste período.”
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Dados de desmatamento de 2020 são do próprio governo
Ainda não chegou o período das secas na Amazônia, e mesmo assim os dados são surpreendentes. Imagine-se o quanto acumularão entre Maio e Setembro, período da seca na região.
“Os números são do próprio governo federal. O Estado fez um levantamento dos dados captados na região amazônica pelo Sistema de Detecção do Desmatamento na Amazônia Legal em Tempo Real (Deter), ferramenta do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), órgão ligado ao Ministério da Ciência e Tecnologia, que serve para orientar ações de fiscalização contra o desmate. Foram checados os cortes feitos de agosto (mês que começa a medição oficial) até o dia 26 de março deste ano, data mais atual disponível pelo sistema.”
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“Os dados mostram que o desmatamento nesses últimos oito meses atingiu uma área de nada menos que 5.076 quilômetros quadrados da Amazônia, mais de três vezes o tamanho da capital paulista, com seus 1.521 km². Esse volume de corte na floresta é quase o dobro do que foi verificado no mesmo intervalo anterior, de agosto de 2018 a março de 2019, quando 2.649 km² de floresta foram devastados. Se observado o intervalo de agosto de 2017 a março de 2018, o número era ainda menor, de 2.433 km².”
Amazônia e desmatamento 2020: a palavra do ministro do MMA
Segundo O Estado, “O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, sustenta que os alertas do desmatamento são apenas uma referência da situação e que têm inconsistências, devido à incidência de nuvens no período chuvoso.”
A notar, a coincidência do discurso de agora para o de 2019…
O Estado: “Ocorre que os dados consolidados e usados pelo governo como a informação mais precisa sobre o desmatamento – o sistema Prodes, que também é do Inpe e tem seus dados divulgados anualmente – sempre resulta em um volume muito maior de área devastada. Em média, o volume confirmado fica 33% acima do verificado pelo sistema de alertas do Deter. No ano passado, o presidente Jair Bolsonaro foi alvo de críticas de cientistas do Brasil e do exterior ao questionar a veracidade dos dados produzidos pelo Inpe, o que culminou na saída do diretor do instituto, Ricardo Galvão.”
Governador do Pará: ‘é um volume assustador, não haverá mais tempo’
“Ao Estado, o governador do Pará, Helder Barbalho (MDB), disse que pediu apoio ao federal imediato. “É um volume assustador de desmatamento. Se não houver uma medida drástica e imediata de fiscalização, não haverá mais tempo. Vamos ter um ano de 2020 pior que o ano passado”, disse o governador. “É preciso lembrar que estamos no período chuvoso e que, portanto, é retirada de madeira, não é queimada. Na hora em que o período chuvoso acabar, poder ter um crescimento absurdo.”
9 de abril de 2020: ‘analista contrário à exportação da madeira sem autorização é demitido’
Um dia depois da matéria do Estado, a Folha de S. Paulo publicou a demissão do analista. “O ministro do meio Ambiente demitiu um analista do governo que se opôs ao relaxamento da revisão ambiental da exportação de madeira…Em março a Reuters mostrou que o Brasil exportou milhares de carregamentos de madeira da Amazônia durante o último ano sem autorização do Ibama.”
‘Presidente do Ibama anula a regra’
Folha: “Depois que os carregamentos foram descobertos, o presidente do Ibama anulou uma regra que exigia autorização da agência para todos os carregamentos de madeira.” O que significa isso, se não o relaxamento total das regras do MMA, ao mesmo tempo em que dá ‘carta branca’ aos desmatamentos ilegais?
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É assustadora a irresponsabilidade do governo Federal em relação às questões que assustam o mundo, como a degradação ambiental em ano de Covid-19, mesmo depois do barulho provocado pelo aumento das queimadas ilegais no primeiro ano de governo. A repercussão negativa assustou até as cabeças não radicais do agronegócio. E levou a imagem do Brasil no exterior ao fundo da fossa.
Entretanto, os erros e omissões do primeiro ano de mandato parece não preocuparem o governo perdido em devaneios persecutórios, apesar do ministro Paulo Guedes ter pedido a cabeça de Salles depois do Fórum Econômico Mundial de 2019, quando ouviu dos maiores fundos de investimentos: ‘ou o Brasil muda a política de meio ambiente, ou não haverá investimento no Brasil’.
Ao término da pandemia, teremos outro pesadelo pra resolver: trazer investimentos ao Brasil. O mundo será outro. Com a economia em recessão, a fartura de capitais, antes à procura de investimentos, terá minguado. O mal do protecionismo se alastrará como o vírus que hoje nos desafia. E nossos parceiros comerciais, como a China, a França, ou a Noruega, entre outros, haverão de se lembrar…Quem viver, verá.
Assista ao vídeo ‘ecoterrorista’ da ONU (para aqueles que estampam o mal da ignorância como virtude nas redes sociais), e veja o que diz sobre degradação ambiental e pandemias como a covid-19.
Assista a este vídeo no YouTube
Imagem de abertura: O Estado de S. Paulo
Fontes: https://g1.globo.com/natureza/noticia/2020/02/07/alertas-de-desmatamento-na-amazonia-batem-recorde-para-janeiro-em-2020-aponta-inpe.ghtml; https://sustentabilidade.estadao.com.br/noticias/geral,desmatamento-explode-na-amazonia-e-ja-e-quase-dobro-do-ano-anterior,70003265328; https://www1.folha.uol.com.br/ambiente/2020/04/ricardo-salles-demite-analista-que-foi-contra-exportacao-de-madeira-sem-autorizacao.shtml?fbclid=IwAR1idq4HlGcOr1n4eEExkcYlCkUgG0UVozE-MWqMM4RKA1MDr–2RIh_LHA.