Florestas tropicais: 2024 atingiu recorde de perdas mundiais
Segundo matéria do New York Times, em 2024 a perda de florestas tropicais atingiu um recorde mundial com 6,7 milhões de hectares. Ao contrário de anos anteriores, quando a perda foi gerada pela agricultura, em 2024 a causa foram incêndios. O Times revela que o mundo perdeu o equivalente a 18 campos de futebol por minuto em 2024. O jornal se baseou em um estudo da Universidade de Maryland e do Instituto de Recursos Mundiais. Ao mesmo tempo, esses incêndios emitiram 4,1 gigatoneladas de gases de efeito estufa, o que é mais de quatro vezes as emissões das viagens aéreas em 2023. Ainda assim, o desmatamento para agricultura, pecuária e outras causas aumentou 14%, o maior aumento em quase uma década.

Brasil foi responsável por 42% de toda a perda de floresta
O Brasil foi responsável por 42% de toda a perda de floresta primária tropical em 2024. Incêndios alimentados pela pior seca já registrada causaram 66% dessa perda, um aumento de mais de seis vezes em relação a 2023.

Na vizinha Bolívia, a perda quase triplicou. Os incêndios inicialmente destinados a limpar a terra para a agricultura se transformaram em enormes incêndios florestais por causa da forte seca.
A República Democrática do Congo e a República do Congo também viram seus maiores níveis de perda de floresta já registrados. Como a floresta amazônica, a Bacia do Congo desempenha um papel crucial na captura do carbono do mundo.
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Parêntesis. Para se ter uma ideia, menos de 17% da população de 89 milhões de pessoas dispõem de energia elétrica na República Democrática do Congo. Até mesmo em Kinshasa, a capital, poucos são os habitantes que têm o benefício. Em razão disso, resta cozinhar com lenha. Imagine a quantidade diária de madeira para cerca de 90 milhões de pessoas cozinharem.
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Declaração de Glasgow sobre Florestas e Uso da Terra, 2021
Em 2021, mais de 140 países concordaram em interromper e reverter a perda florestal global até 2030. Mas dos 20 países com a maior área de florestas primárias, 17 têm perdas mais altas hoje do que quando o acordo foi assinado, disseram os pesquisadores.
No entanto, algumas florestas apresentaram melhorias em relação aos anos anteriores. A perda florestal primária na Indonésia caiu 11%, revertendo um aumento constante entre 2021 e 2023. A perda de florestas também caiu 13% na Malásia.
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Aumento da temperatura global pode chegar a 3º C até o final do século
Em razão da falta de ação dos países signatários do Acordo de Paris, a temperatura global, que já subiu 1,3ºC, poderia atingir até mais 3ºC até o final do século, segundo o relatório Emissions Gap Report 2024, da ONU.
Se as temperaturas globais continuarem a subir, o mesmo acontecerá com a frequência e a intensidade dos desastres naturais. Isso significa colocar o mundo numa espécie de moto perpétuo, isto é, quanto mais subir a temperatura global, maiores serão os eventos já devastadores que conhecemos.
Este cenário impediria a população mundial de ter capacidade financeira para mitigar as alterações climáticas. Porque os custos e o tempo necessários para reparar os danos das catástrofes naturais causados às cidades, às comunidades e aos países em desenvolvimento reduzirão o tempo, o dinheiro e os recursos disponíveis para combater as alterações climáticas.
Assista à animação da Economist sobre um mundo com aumento de temperatura de mais 3ºC até o fim do século

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