Ilhas desapareceram engolidas pelos oceanos em razão do aquecimento global
Mais de uma dezena de ilhas desapareceram do mapa neste início de século. Foram, literalmente, engolidas pelos oceanos. Estão submersas por causa do aumento dos níveis dos mares e da exploração humana desenfreada. Além de catástrofes naturais. O aquecimento global (Nada o supera nos últimos 2 mil anos), entretanto, desponta como o maior causador do desaparecimento da maioria das ilhas. Ele é o principal responsável pela elevação drástica dos níveis dos oceanos. O último relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas mostra que o derretimento de geleiras no Ártico, Groenlândia e Antártica tem se acelerado. O que tem levado a uma taxa também cada vez mais veloz de aumento do nível do mares.
Nesta década, o nível está subindo até 2,5 vezes mais rápido. A comparação é com a média do século passado. Ao longo dos últimos 100 anos, os oceanos já subiram em torno de 20 centímetros. O que, comprovadamente, foi decisivo para o desaparecimento de ilhas – especialmente as localizadas no oceano Pacífico.
Ilhas Salomão ameaçadas pelo aquecimento global
Pesquisadores da Universidade de Queensland, na Austrália, descobriram que ao menos cinco ilhas Ilhas desapareceram no oceano Pacífico. Eles estudavam o impacto do aumento dos níveis dos oceanos nas Ilhas Salomão. O país localizado na região conhecida como Melanésia é formado por centenas de ilhas predominantemente vulcânicas. Tem em torno de 600.000 habitantes em uma área de 28.000 quilômetros quadrados. As cinco ilhas que sumiram eram parte da nação. E as Ilhas Salomão devem perder ainda muitas outras, estimam os pesquisadores. É uma das áreas do Pacífico mais ameaçadas pelo aumento dos níveis dos oceanos.
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A pesquisa foi realizada a partir de imagens aéreas e de satélites tiradas entre 1947 e 2014. E também por meio de entrevistas feitas com moradores locais. A finalidade era estudar o impacto da elevação dos níveis dos mares em mais de 30 ilhas. Assim, os pesquisadores perceberam que cinco delas simplesmente desapareceram por causa do aumento do nível do oceano. E que outras seis ilhas ainda sofrem com severa perda de território. Em três delas, a perda é superior a 50%. As ilhas que desapareceram foram Kale, Rapita, Rehana, Kakatina e Zollies. Eram desabitadas e tinham áreas que variavam de 10.000 a 50.000 metros quadrados.
Nível de alta do oceano está acima da média
A descoberta é recente, mas quatro delas já não apareciam nos mapas desde 2002, eles disseram. Kale ainda mostrava algum vestígio de terra, em 2011. “As taxas de aumento do nível do mar nas Ilhas Salomão nas últimas duas décadas estão entre as mais altas do mundo, com média de 3 mm (milímetros) ano, desde 1950, e 7-10 mm ano, desde 1994”, disseram os pesquisadores do estudo Interactions between sea-level rise and wave exposure on reef island dynamics in the Solomon Islands. Ele foi publicado na revista científica Environmental Research Letters.
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Ilhas não eram habitadas
“Pesquisamos vinte ilhas nos recifes de barreira ao longo da costa noroeste de Isabel, doze ilhas de recife nas comunidades da Lagoa Roviana e Nuatambu e Mararo nas ilhas vulcânicas adjacentes de Choiseul e Malaita, respectivamente. Apenas dois dos locais (Nuatambu e Mararo) são habitados, enquanto os locais em Isabel e Roviana não têm histórico conhecido de habitação humana contínua. As ilhas de Roviana são usadas diariamente pelas comunidades próximas para a pesca, enquanto as ilhas de Isabel são visitadas com pouca frequência semanalmente por pescadores, sem perturbação significativa da vegetação costeira observada pelos pescadores.”
Ilha habitada perde mais de 50% do território
Os cientistas concentraram os estudos nessas duas áreas com alta densidade de ilhas de recife, Isabel e Roviana. As ilhas de Hetaheta (62%), Sogomou (55%) e Nuatambu (51%) já perderam mais da metade de seus territórios. Enquanto outras três (Sogomou Ite, Sasahura Ite e Sasahura Fa) perderam entre 20% e 23%. A mais populosa delas, com 25 famílias, é a Nuatambu. Em 2011, onze casas dessa ilha foram engolidas pelas águas. Segundo os pesquisadores, “embora exista variabilidade interanual significativa”, os dados indicam um rápido aumento do nível do mar nas Ilhas Salomão entre 1994 e 2014 em cerca de 15 centímetros, com média de 7 mm ao ano.
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No início desta década, pesquisadores também identificaram o sumiço da Sandy Island, na mesma região da Melanésia. Antes, apontada por cartógrafos em atlas, mapas e até no Google Maps e Google Earth, ela desapareceu como num passe de mágica. Não pode mais ser encontrada. Em atlas, como o Times Atlas of the World, ela aparece com o nome Sable Island. É o que diz reportagem da BBC realizada com pesquisadores que tentaram encontrar a Sandy. O grupo de cientistas decidiu navegar até a ilha, mapeada entre a Austrália e a Nova Caledônia, no Pacífico Sul, mas só encontrou um vasto oceano onde ela deveria estar.
Ilha Sandy constava em atlas e no Google Earth
“Nós queríamos checar, porque as cartas de navegação a bordo do navio mostravam uma profundidade de 1.400 metros naquela área, algo muito profundo”, disse a cientista Maria Seton, da Universidade de Sydney, Austrália. “Ela está no Google Earth e em outros mapas e por isso fomos checar, mas não havia ilha alguma. Estamos realmente intrigados. É bem bizarro. Como ela apareceu nos mapas? Nós simplesmente não sabemos, mas estamos planejando ir a fundo e descobrir.” Um navio de pesquisa marítima da Austrália, o Southern Surveyor, também tentou localizar a Sandy Island, mas sem sucesso. O que comprovou ainda mais que ela sumiu.
Ilhas desapareceram no Japão e na Índia
Mas o sumiço de ilhas não está restrito apenas à região da Melanésia. O Japão, país formado por ilhas, tem registrado alterações em seu mapa. Nos mares próximos da Índia também há registros de ilhas engolidas pelos oceanos. Neste último caso, entretanto, é a ação predatória humana a grande responsável pelo desaparecimento de ao menos duas ilhas. É o caso de Poomarichan e de Villanguchalli, ilhas de recife. Faziam parte do grupo de ilhas que formam o Parque Nacional Marinho do Golfo de Mannar, com quase 560 quilômetros quadrados.
Golfo de Mannar: duas ilhas desapareceram
Entre a Índia e o Sri Lanka, a região é considerada reserva da biosfera marinha no Sul da Ásia. O que quer dizer que lá existe rica biodiversidade. São cerca de 3.600 espécies da flora e fauna marinhas. Mesmo assim perdeu as duas ilhas por causa da mineração ilegal dos recifes de corais no seu entorno. Segundo a BBC, o prejuízo poderia ter sido maior, se não tivessem sido elaboradas leis de proteção ambiental. Elas vigoram desde 2002, mas já era tarde para as ilhas perdidas. A submersão das ilhotas, com no máximo cinco metros de altura, serviu como alarme para a sobrevivência do Parque do Golfo de Mannar, com 21 ilhas.
Rica biodiversidade no Golfo de Mannar
“Mais de 300.000 pescadores dependem do Golfo de Mannar para subsistência. É também o local de moradia de muitas espécies endêmicas, principalmente o dugongo e a ‘vaca-marinha’, já extinta. Estudos comprovaram que este golfo abriga 117 espécies de corais pertencentes a 37 gêneros e 13 das 14 espécies de ervas marinhas nos mares indianos. A área também é famosa pela colheita de pérolas há mais de 2.000 anos. De acordo com biólogos marinhos, um quarto das mais de 2.000 espécies de peixes de barbatana nas águas indianas está neste golfo, tornando-o um dos habitats de peixe mais diversos da região”, explica a BBC.
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New Moore desaparece na Baía de Bengala
Uma ilha na Baía de Bengala, entre Índia e Bangladesh, também desapareceu recentemente. Disputada pelos dois países, a ilha New Moore havia sido descoberta apenas há pouco mais de 40 anos, em 1974, por satélites norte-americanos. Não passava de dois metros de altura acima do nível do mar, mas tinha aproximadamente quatro quilômetros de extensão. No entanto, foi engolida pelo oceano graças às mudanças climáticas. Isto é, ao aumento dos níveis dos oceanos causado pelo aquecimento global. Que, por sua vez se deve ao lançamento na atmosfera de gases de efeito estufa.
Habitada, ilha Lohachara some do mapa
Mas não são apenas ilhas desabitadas que desaparecem sob as águas. Um caso clássico é Lohachara, também na Baía de Bengala. Ela chegou a abrigar quase 10.000 pessoas, mas sumiu por causa do aumento dos níveis dos mares. O sumiço total da ilha mereceu estudos de cientistas da Universidade de Jadavpur, de Calcutá, capital de Bengala, Índia. Eles pesquisaram a região de mangue do delta do Ganges, quando confirmaram outras perdas: a vizinha desabitada Suparibhanga também havia sumido. Bem como dois terços da povoada Ghoramara.
Sugata Hazra, coordenador do estudo, disse à época que Ghoramara deverá desaparecer em breve, pelos mesmos motivos: aumento dos níveis dos mares. Outras dez ilhas na região indiana do delta se encontravam em risco de submersão, quando os estudos foram elaborados. Os habitantes de Lohachara e Ghoramara foram abrigados inicialmente na ilha Sagar, que também corre risco de ser engolida pelas águas.
Ilhas Carteret, primeiros refugiados do clima
Antes do desaparecimento de Lohachara, os moradores do atol de Carteret já estavam deixando o conjunto de pequenas ilhas que formam o lugar. O atol faz parte da Papua Nova Guiné, um dos países no oceano Pacífico que mais devem sofrer com a alta do nível dos oceanos. As ilhas Carteret começaram a ver as águas subirem a partir de 1993. Desde então foram mais de 40 centímetros para uma região que estava a pouco menos de um metro acima do nível do mar.
As cerca de 3.600 pessoas que viviam nas Carteret foram removidas em meados da década passada para Bougainville, a 80 quilômetros de distância e perto da costa da Papua Nova Guiné. Elas são consideradas como os “primeiros refugiados das alterações climáticas” (Bougainville pode se tornar o 194º país).
Ilha no Japão some misteriosamente
Quem noticiou o sumiço de uma das mais de 150 ilhas japonesas foi o jornal Asahi Shimbun. A publicação diz que não existem mais vestígios da ilha Esanbe Hanakita kojima ou Esanbehanakitakojima (tudo junto). A grafia da ilha difere de acordo com a fonte. No entanto, ela desapareceu do mapa do Japão, segundo Hiroshi Shimizu. Ele é autor de um livro sobre as ilhas japonesas. O escritor tentou visitar a que desapareceu para um novo projeto. Mas não a localizou e avisou as autoridades.
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A última vez que a ilha desabitada havia sido avistada foi em 1987. Estava a quatro metros e meio acima do mar. Essa é mais uma da lista das ilhas que desapareceram, e o motivo também é creditado ao aquecimento global. Entretanto, não se sabe as causas reais.
Ilha havaiana desapareceu após furação
Desta vez foi a ação da natureza que fez uma ilha havaiana desaparecer no oceano. Em 2018, a East Island foi tragada pelas fortes tempestades que se seguiram após a passagem do furacão Walaca pelo Havaí, em outubro. Um dos mais fortes do Pacífico, o furacão também danificou bastante a vizinha Tern Island. As informações foram divulgadas pelo Serviço de Pesca e Vida Selvagem dos Estados Unidos. Ele constatou os estragos por meio de imagens de satélite. Elas mostram que apenas uma pequena e estreita faixa de terra restou do que era antes um habitat importante e ponto de reprodução de várias espécies marinhas.
Enquanto isso, outras ilhas são criadas artificialmente
Enquanto muitas ilhas desaparecem em razão da subida do nível do mar, há uma lista de locais que também podem ser tragados em razão do aquecimento. O problema é tão grave que o presidente da pequena nação insular de Kiribati, ameaçada de submergir, avançou conversações com autoridades de Fíji que aceitaram um plano de migração em massa caso não haja outra solução. Para facilitar, Kiribati comprou terras na ilha de Vanua Levu, parte de Fiji, para alojar sua população. Ocorre que as Ilhas Fiji também passam pelo mesmo risco…
Enquanto muitas ilhas desaparecem em razão do aquecimento do planeta, outras são criadas artificialmente. É o que vem acontecendo no Mar do Sul da China. Uma aberração já que recifes de corais são aterrados para nele serem construídos aeroportos.
O mundo anda muito descompensado. A pergunta que fica, infelizmente para ser respondida pelas futuras gerações, é como estará o planeta dentro de 100 anos?
Imagem de abertura: parte das cinco ilhas das Soloman que desapareceram, publicado em http://www.catchnews.com/
Fontes: https://brasil.elpais.com/brasil/2019/09/24/internacional/1569334103_514886.html; https://brasil.elpais.com/brasil/2019/10/29/ciencia/1572346437_352787.html; http://www.observatoriodoclima.eco.br/nivel-mar-esta-acelerando-ha-60-anos/; https://iopscience.iop.org/article/10.1088/1748-9326/11/5/054011; https://www.bbc.com/portuguese/noticias/2012/11/121122_ilha_desaparecida_jp; https://www.bbc.com/news/science-environment-13383182; https://pib.socioambiental.org/pt/Not%C3%ADcias?id=43876; http://app.regiaocentro.net/sartigo/index.php?x=5445; https://revistagalileu.globo.com/Ciencia/noticia/2015/05/uma-ilha-desapareceu-gracas-mudancas-climaticas.html; https://www.terra.com.br/noticias/ciencia/pesquisa/desaparecimento-de-ilha-no-pacifico-intriga-cientistas,c818310e0145b310VgnCLD200000bbcceb0aRCRD.html; https://oglobo.globo.com/sociedade/sustentabilidade/cinco-ilhas-do-pacifico-ja-desapareceram-por-causa-da-elevacao-do-nivel-do-mar-19263259; http://app.regiaocentro.net/sartigo/index.php?x=5445; https://www.dn.pt/mundo/uma-ilha-japonesa-desapareceu-e-ninguem-deu-por-ela-10129631.html; https://www.hypeness.com.br/2018/11/uma-ilha-japonesa-acaba-de-desaparecer-no-oceano-pacifico-vitima-do-aquecimento-global/; https://www1.folha.uol.com.br/fsp/ciencia/fe2712200603.htm; https://www.publico.pt/2009/05/16/mundo/noticia/primeira-evacuacao-de-uma-ilha-devido-ao-aquecimento-global-138103; https://zap.aeiou.pt/ilha-havaiana-desapareceu-furacao-223661.
Maior navio do mundo, no século 17, foi construído no Brasil
Impressionante como ainda existem negacionistas do aquecimento global! Tem que perder suas casas e famílias para acreditarem?
Históricamente o planeta já teve várias mudanças, que ocorreram mesmo antes do surgimento do homem!
O aquecimento global tem parte de sua culpa, mas as mudanças naturais são as maiores responsáveis!
Territórios emergiram, e territórios afloraram! Este é nosso intrincado planeta!