Estação Espacial Internacional Subaquática, um projeto com a filiação Cousteau
Se existe uma no espaço sideral, a ISS, por que não outra no fundo dos oceanos? A estação do espaço sideral teve sua construção entre 1998 e 2011. O objetivo, manter a permanência humana no espaço para que cientistas e pesquisadores prossigam os seus estudos. Da mesma forma, um dos netos do mitológico Jacques Cousteau, Fabien, se inspirou nos estudos ainda incipientes dos oceanos para criar a sua ‘Estação Espacial Internacional Subaquática’. Apesar de já planejarmos a primeira viagem para Marte até hoje o ser humano explorou apenas cerca de 5% dos oceanos, e mapeou menos de 20% dos mares do mundo (atualmente o projeto Seabed pretende mapear todo o fundo dos oceanos até 2030)
Estação Espacial Internacional Subaquática
De acordo com o site de Fabien, que apresenta seu projeto como A State-of-the-Art Marine Research Project, An International Space Station, Underwater; a ideia é redefinir as fronteiras da pesquisa marinha estabelecendo uma instalação de pesquisa subaquática tecnologicamente avançada, a 15 metros abaixo da superfície do Mar do Caribe, com o objetivo de estudar a maneira como avançamos no mergulho por saturação, expandindo nossa compreensão dos processos oceânicos e como eles impactam nossas vidas e nosso clima.
Fabien segue as pegadas do avô. Em 1960, já consagrado, Jacques Cousteau foi capa da revista Times, para quem deu ampla entrevista. Entre outras, previu que um dia as pessoas teriam brânquias cirurgicamente adicionadas para que pudessem viver debaixo d’água.
Além de ser um incansável pesquisador dos oceanos, Cousteau foi também um brilhante inventor criando equipamentos capazes de ajudá-lo em suas explorações. Em 1956 retirou-se oficialmente da marinha francesa com o posto de capitão.
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O filme “World Without Sun” baseou-se neste projeto. Esta ideia aparentemente maluca gerou frutos. Surgiram muitos laboratórios submarinos. Hoje resta apenas um ainda em atividade, o Aquarius Reef Base no litoral da Flórida.
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E esta, a trilha de seu neto Fabien Cousteau que já passou um bom tempo debaixo d’água.
Cidades submarinas nos anos 60
Jacques Cousteau tinha entre suas preocupações a superpopulação mundial (afirmou ser a favor do controle populacional humano e diminuição da população), e a capacidade dos oceanos em nos ajudar.
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Projeto Ocean of Things, o futuro da exploração marinhaInteligência Artificial tem alto custo ambientalDocumentários Mar Sem Fim estão de volta à TVNos anos 60, Cousteau estava envolvido com um conjunto de três projetos para construir “cidades” submarinas. Os projetos foram denominados Precontinent I,II e III. Elas foram uma tentativa de criar um ambiente em que os homens pudessem viver e trabalhar no fundo do mar. Mas ele não teve tempo, nem tecnologia, para fazer vingar seus projetos. Até que o neto levou a tarefa adiante.
Fabien Cousteau e a Estação Espacial Internacional Subaquática
Objetivo? Oferecer aos cientistas e acadêmicos um laboratório de pesquisa essencial de última geração e uma plataforma para gerar descobertas científicas disruptivas em áreas como medicina, genética, energia sustentável e cultivo de alimentos. A visão é que ela seja um catalisador para melhorar a saúde da humanidade e os oceanos nos quais toda a vida depende.
Design e desenvolvimento da estação Proteus
Para Fabien, a Proteus redefinirá a maneira como avançamos na exploração e pesquisa em alto mar. E o foco para 2020 é o design e desenvolvimento inicial da estação subaquática. Para o neto de Cousteau, os cientistas nos dizem que precisam de ferramentas avançadas, como uma estação subaquática e um habitat tecnologicamente avançados.
Se esperamos avanços, é preciso qualquer coisa que lhes dê mais tempo em profundidades maiores, o que seria um enorme benefício para a pesquisa oceânica, dados os desafios e dificuldade de tempo em águas mais profundas.
A Estação Proteus
Trata-se de laboratório modular de 370 metros quadrados projetado como estrutura circular de dois andares. E ancorado em um palanque sobre palafitas. Os casulos da Proteus terão laboratórios, quartos, salas médicas e uma abertura no piso para os mergulhadores acessarem o fundo do oceano.
Ela será alimentada por energia eólica e solar e pela conversão de energia térmica do oceano. A estrutura também apresentará a primeira estufa subaquática para o cultivo de alimentos (atualmente existe uma fazenda subaquática no litoral da Itália), além de um estúdio para produção de vídeo. Ela deve estar pronta em três anos.
Para o neto de Cousteau, “A exploração oceânica é mil vezes mais importante do que a exploração espacial para a nossa sobrevivência, nossa trajetória no futuro, falando de forma egoísta”. “É o nosso sistema de suporte à vida. É a própria razão pela qual existimos em primeiro lugar.”
O Mar Sem Fim já comentou a disparidade de investimentos para a exploração do espaço vis-a-vis a exploração do fundo dos oceanos.
“Não existe o impossível!”
Fabien vive segundo o princípio de que “não existe o impossível!” Durante anos sonhava em construir um habitat subaquático moderno; uma ‘estação espacial internacional’ debaixo d’água.
Seu sonho e determinação em transformar a realidade foram reforçados depois que Fabien e sua equipe passaram 31 dias vivendo e trabalhando na última instalação subaquática habitável, Aquarius Reef Base em 2014, agora com mais de 30 anos.
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Para tanto, em 2016 ele fundou a Fabien Cousteau Ocean Learning Center com objetivo de criar um veículo para mudanças positivas no mundo, capacitar as comunidades locais a defenderem a conservação dos oceanos das maneiras mais significativas para elas.
Para Fabien, ao envolver as comunidades locais em todo o mundo em atividades de restauração, conservação e pesquisa, podemos plantar as sementes do crescimento em direção a um relacionamento mais saudável entre nós e nosso sistema de suporte à vida proveniente de nossos oceanos.
Oxalá alcance os objetivos.
Assista ao vídeo de Fabien no Aquarius, que acabou por seduzi-lo na construção do Proteus
Assista a este vídeo no YouTube
Imagem de abertura: https://www.fabiencousteauolc.org,
Fontes: https://www.fabiencousteauolc.org/; https://edition.cnn.com/style/article/proteus-designs-underwater-space-station-research-center-scn/index.html.
Projeto interessante. Realmente uma vivência mais prolongada e aproximada do fundo dos oceanos poderia permitir descobertas importantes.
Lembrei o nome dele! Deveria ser inesquecível: era o Clayton Ferreira Lino, um dos pioneiros da ONG Mata Atlântica.
Nunca mais tive contato com ele, mas pelo seu espírito empreendedor, certamente, seria uma boa referência numa eventual iniciativa brasileira.
Quando se percebe que o espaço é utopia. #wakeupdeadman
Nem tanto ao mar, nem tanto à terra, Steang, existe até hoje a Aquarius Reef Base, único habitat subaquático permanente, de posse da Universidade Internacional da Flórida, que já foi discutido por este site:https://marsemfim.com.br/habitat-subaquatico-permanente-aquariu-reef-base/.
Muito bom! Em 1980 estudei a possibilidade de desenvolver esse tema como trabalho de conclusão do meu curso de Arquitetura.
À época, pesquisando referências bibliográficas encontrei um projeto muito interessante realizado por um colega da faculdade, curiosamente especializado na exploração de cavernas, cujo nome, infelizmente, não consigo me lembrar…
Com 8.500km de litoral, todo o conhecimento acumulado pela Petrobrás na exploração de petróleo em águas profundas e os desafios ambientais do nosso tempo, este projeto tem tudo para ser replicado em nosso país.
Pena que não foi em frente, Nardelli, poderíamos estar lá agora mesmo. abraços
Com certeza, João! Mas ainda há tempo…
Abs
Oras, se é subaquática nao é ESPACIAL….pobre do português….
Fale sobre isso com Fabien, foi ele que batizou sua criação como “A State-of-the-Art Marine Research Project, An International Space Station, Underwater.”Como aliás consta do texto e do link que leva ao site de Fabien.