Projeto Seabed 2030 mapeia o fundo do mar

0
4195
views

Projeto Seabed 2030 mapeia o fundo do mar

Já se tornou chavão dizer que conhecemos mais o espaço sideral que o fundo dos oceanos. Mas esta é uma triste realidade. Felizmente o projeto seabed 2030,  lançado em 2017, pretende mudar a situação apresentando um mapa completo. A meta é terminar o trabalho em 2030. A inspiração foi capacitar o mundo a tomar decisões políticas, usar a sustentabilidade do oceano e realizar pesquisas científicas baseadas em informações batimétricas detalhadas do fundo do mar da Terra.

O mapa fornecerá uma melhor compreensão dos processos fundamentais no oceano, incluindo circulação, transporte de sedimentos, distribuição de habitat bentônico, sistemas climáticos, elevação do nível do mar, mudanças climáticas, propagação de ondas de tsunami e marés.

O que é o Projeto Seabed 2030

É um projeto colaborativo entre a Fundação Nippon do Japão e a Carta Batimétrica Geral dos Oceanos (GEBCO). O objetivo é reunir todos os dados batimétricos disponíveis para produzir o mapa definitivo do fundo do oceano até 2030 e disponibilizá-lo.

Foi lançado na Conferência do Oceano das Nações Unidas (ONU) em junho de 2017 e está alinhado com o Objetivo de Desenvolvimento Sustentável # 14 da ONU para conservar e usar de forma sustentável os oceanos, mares e recursos marinhos.

Até agora menos de 20% do fundo do oceano do mundo foi mapeado

E parte destes 20% são os primeiros resultados deste projeto. Antes, conhecíamos algo em torno de 6% do assoalho marinho.

Conheça a Fundação Nippon e o GEBCO

A Fundação Nippon do Japão é uma organização filantrópica sem fins lucrativos, ativa em todo o mundo. E GEBCO é o acrônimo de General Bathymetric Chart of the Oceans, que opera sob os auspícios conjuntos da Comissão Oceanográfica Intergovernamental (COI) (da UNESCO) e da Organização Hidrográfica Internacional (OI).

PUBLICIDADE

Trata-se de um grupo internacional de especialistas em mapeamento que desenvolve uma gama de conjuntos de dados batimétricos e produtos de dados. O príncipe Albert I de Mônaco iniciou a primeira série de gráficos da GEBCO no início do século XX.

Por que o Projeto Seabed é importante

Bem, porque eles cobrem cerca de dois terços da superfície da Terra, e têm fundamental influência sobre o clima e a vida cotidiana. O fundo dos oceanos são formados por terrenos variados, de fossas profundas, a cadeias de montanhas, formados pelo processo geológico do planeta.

Terrenos variados como os do fundo do mar, direcionam as correntes e influenciam os padrões de circulação que afetam o clima e apontam os ricos para as comunidades costeiras onde vive cerca de 50% da população mundial.

O mapa completo vai contribuir para a navegação mundial, por onde circula 90% do comércio mundial. O mapa também vai ajudar a exploração dos recursos, entre eles a pesca e o petróleo e, possivelmente e infelizmente, os recursos minerais. Para além disso, não se preserva o que não se conhece.

Como são feitos os mapas submarinos

Até as primeiras décadas do século passado, quase do mesmo modo que os navegadores antigos. Eles soltavam prumos amarrados a cabos em determinado lugar até que tocassem o solo, medindo em seguida a profundidade.  Mas, a partir de 1930,  começou o processo com dados acústicos que proporcionou enorme aumento no volume de dados coletados.

ilustração de navio mentindo profundidade dos oceanos
Ilustração, https://www.usni.org/.

Tal sistema mede amplas faixas do fundo do mar (com até 10 quilômetros de profundidade em águas muito profundas) com precisão superior a um metro ou dois. Isso é feito enviando um pulso sonoro de um navio e ouvindo até que o eco do fundo do mar seja registrado. A profundidade é então encontrada. Assim ocorreu durante todo o século 20. Mas era preciso mais.

A medição do fundo do mar a partir do espaço

Como os oceanos ocupam 70% da superfície do planeta, o sistema acima descrito levaria mais de 200 anos de pesquisas, a um custo astronômico. Veio então o século da tecnologia. E o processo acelerou. Agora é feito do espaço, com o uso de satélites.

Ilustração de satélite medindo fundo dos oceanos
Ilustração, NASA.

Embora os satélites não possam ‘ver’ o fundo do oceano, eles podem observar anomalias gravitacionais que podem ser correlacionadas com a topografia do assoalho marinho.

A superfície do oceano imita a topografia do fundo, com quedas e saliências. E isso influi na atração da gravidade.Assim, estas saliências podem ser mapeadas usando-se um altímetro de radar, extremamente preciso, instalados em radares. É desta forma, e usando os dados já acumulados, que até 2030 teremos um mapa completo do fundo os oceanos.

PUBLICIDADE

Antes tarde, que nunca.

Jamie McMichael-Phillips, diretor de projetos do Seabed 2030, declarou: “O aumento sustentado dos dados disponíveis para mapear o fundo do oceano permitirá à Seabed 2030 desempenhar um papel de liderança no fornecimento de um conjunto abrangente de dados oficiais disponíveis gratuitamente para uso de todos”.

Assista ao vídeo e saiba mais

Seabed 2030 film launched on World Hydrography Day

Imagem de abertura: GEBCO

Fontes: https://seabed2030.gebco.net/about_us/; https://seabed2030.gebco.net/news/gebco_2020_release.html; https://www.euronews.com/living/2020/06/22/what-s-at-the-bottom-of-the-sea-a-fifth-of-the-world-s-ocean-floor-has-now-been-mapped.

Casa pé na areia, um equívoco dos tristes trópicos

Comentários

DEIXE UMA RESPOSTA

Please enter your comment!
Please enter your name here