Erosão na barra do rio Una, Peruíbe, preocupa
Aos pouquinhos, a erosão vai comendo partes do litoral brasileiro. A erosão é natural na linha da costa, porém, com o aquecimento global, aumento do nível do mar, violência cada vez maior dos eventos extremos, e a falta de preparo dos municípios, ela está se acirrando dia a dia e hoje já atinge 40% da zona costeira. O Brasil está atrasado na preparação das cidades para enfrentar cataclismas como o que ocorreu no Rio Grande do Sul. De cada dez municípios, apenas dois se consideram preparados para enfrentarem o aquecimento do planeta, a informação é da Confederação Nacional dos Municípios (CNM). A nova vítima é a Barra do rio Una, em Peruíbe, sul de São Paulo.
Moradores e pescadores estão preocupados com o avanço do mar
O medo e a apreensão se espalham pela comunidade da Barra do Una, em Peruíbe. O processo erosivo, que começou cerca de 10 anos atrás, passou a se agravar a partir de 2021. Os moradores temem perder suas casas em razão da mudança do curso do rio, e da erosão.
O Coluna Financeira informou em julho de 2024 que, recentemente, o mar avançou até à Rua Beira Mar, muito próxima às residências locais, e tem provocado danos significativos à região. A alteração do curso do rio está destruindo dunas e restingas, vegetações essenciais para a proteção das praias contra a erosão.
Esta informação é a que mais preocupa, ou seja, que dunas e restingas estão na rota da destruição, afinal, elas são essenciais à manutenção da areia da praia. Uma as protege, a restinga; a outra, as dunas que funcionam como repositório da areia que é tragada pelas ressacas cada vez mais fortes.
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Segundo a Editoria Livre, em matéria de Márcio Ribeiro, ‘foi pelas mãos do homem que a transformação começou, quando modificou o curso original do rio, ainda na década de 1950. Desde então, o Una não é mais o mesmo’.
Aconteceu no Una o mesmo que no Ribeira de Iguape ainda no século 19. O ser humano criou o Canal do Furado, no Una, para encurtar o percurso das embarcações até o porto. O resultado é a erosão que hoje ameaça o local.
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Estive na região alguns anos atrás em 2016 mas, por um lapso, não visitei a Barra do Una. Contudo, não tenho dúvidas da ‘culpa’ pela qual hoje passam os moradores. A geografia de determinado local é daquele modo, porque foi assim que as forças naturais a criaram. E toda vez que o ser humano modifica o que a natureza criou, invariavelmente há um preço a pagar. Pode até demorar, mas o dia da desforra sempre chega.
Região de Iguape sofre o mesmo problema pela abertura do Canal do Valo Grande
Que o digam os moradores de Ilha Comprida e Iguape, perto de Peruíbe. Desde que o ser humano abriu o Canal do Valo Grande no rio Ribeira de Iguape em 1852, uma espécie de atalho para chegar mais rápido ao porto que então havia, a geografia local começou uma reação que não parou até hoje. O canal, que tinha originalmente 40 metros de largura, hoje tem 400. A cidade de Iguape teve parte significativa de sua área tragada pela água.
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E a Fundação Florestal?
Em nota a Fundação Florestal informou que desde 2020, a equipe da RDS Barra do Una utiliza drones para a captura de imagens aéreas detalhadas da área afetada. As imagens coletadas fornecem dados fundamentais para compreender o processo de erosão que auxiliam no planejamento de ações efetivas.
Depois de explicar o processo de erosão no litoral, agora acirrado pelas mudanças do clima, a nota diz que na RDS Barra do Una, a Fundação Florestal está implementando ações para monitorar e mitigar os efeitos da erosão, utilizando tecnologia e a colaboração de pesquisadores e da comunidade. A nota também revela quantos são os moradores da região: A Reserva de Desenvolvimento Sustentável Barra do Una tem 49 famílias – aproximadamente 150 moradores – e na área mais crítica em relação ao processo erosivo há quatro famílias. Informa ainda que, caso alguma moradia seja atingida, existe a possibilidade de realocação dessas famílias para áreas seguras dentro da própria unidade. Você pode ler a íntegra da nota neste link.
Boa ideia monitorar com drones
Apesar de ser uma boa ideia monitorar com drones, e sempre em contato com especialistas e moradores, há muito tempo consideramos a Fundação Florestal de São Paulo, que cuida de todas as unidades de conservação estaduais, um cabidão de empregos. Não se veem ações efetivas para a conservação ambiental marinha, salvo raras exceções como a acima descrita. O problema, ao nosso ver, não está nos chefes ou funcionários das UCs paulistas. Estes, lutam com os poucos recursos que recebem. O problema é interno, e situa-se na cúpula do governo.
Como exemplos desta omissão, citamos o caso da ilha das Couves, litoral norte do Estado. Ela quase foi destruída por hordas de turistas sem que a FF tomasse conhecimento. Só depois de muita reclamação, e clamor público, é que decidiram pôr ordem na casa.
A verticalização de ilha Comprida, que fica dentro da APA Ilha Comprida, também não mobilizou a FF, por mais escandaloso que fosse o processo. Para encerrar, basta dizer que o Parque Estadual de Ilhabela, criado em 1977 para proteger um arquipélago, portanto com 47 anos de idade, até hoje não tem um barco!
Assista ao vídeo para saber mais sobre a erosão em Barra do Una
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Voces enlouqueceram. E desinformaram ! Para defender o meio-ambiente é necessário conhecer geografia elementar. Barra do Una não fica em Peruibe ! A Barra do Una, que está no Litoral Norte, situa-se a 169,5 KM de Peruibe, localizado no Litoral Sul. Isso através da rodovia BR 101. Francamente, voltem para a escola, se é que algum dia estiveram numa.
Prezado, a foto da erosão mostra a foz do rio Una, em Peruíbe, litoral sul de São Paulo. Ao longo do litoral do País existem pelo menos meia dúzia de rios Una. Por exemplo, de Santa Catarina até o Rio de Janeiro, existem 4 praias da Armação, e assim por diante. Há diversos nomes repetidos ao longo do litoral. E, para finalizar, seja menos agressivo na próxima visita.