Navio-escola Cuauhtémoc do México bate na Brooklyn Bridge, dois morrem
O navio-escola Cuauhtémoc, Marinha do México, navegava pelo East River na noite de sábado. Depois de aberto à visitação pública durante cinco dias no South Street Seaport Museum, em Nova York, era hora de seguir rumo ao mar aberto. Contudo, de repente, uma pane mecânica cortou a propulsão. A bordo, os 277 grumetes correram para conter o problema, mas não houve tempo. Sem controle, o deslocamento natural foi cedendo à maré enchente, que naquele ponto se intensifica pelo afunilamento das margens. O avanço diminuiu até parar de vez, deixando os oficiais atônitos. Ninguém entendeu por que o Cuauhtémoc perdeu segmento. Depois, empurrado de ré pela corrente, ele deslizou desgovernado, impotente, até colidir com a ponte.

O impacto destruiu os três mastros. Duas pessoas morreram e cerca de 20 ficaram feridas. Entretanto, mesmo com o terço superior do mastro arrancado, marinheiros ainda se mantinham pendurados na estrutura — uma cena que chocou os nova-iorquinos.

Investigação: ‘estágio inicial’
Imediatamente depois, vídeos invadiram as redes sociais. O Cuauhtémoc, iluminado e com uma enorme bandeira mexicana na popa, seguia desgovernado, inerte, rumo à colisão.
Zach Iscol, comissário de emergências de Nova York, disse à CNN que “o Conselho Nacional de Segurança nos Transportes, a Guarda Costeira e o governo mexicano trabalham para encontrar um caminho a seguir com a investigação que ainda está no estágio inicial”. A polícia acredita que “problemas mecânicos” e uma queda de energia causou a colisão.
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Qual motivo do acidente?
Até a hora em que este post foi publicado, domingo 23h55, a única informação era sobre “problemas mecânicos” e “queda de potência causa a colisão”. Em outras palavras, uma pane mecânica no exato momento em que não poderia ocorrer, uma vez que o Cuauhtémoc enfrentava forte correnteza contrária, além de vento contra, e pouco depois de desatracar.
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Por incrível que pareça, o acidente não é tão incomum. Em 2021 o navio-escola da Marinha do Brasil, Cisne Branco, passou pelo mesmo sufoco em Guayquil, no Peru. À época, a força naval se manifestou: ‘A Marinha do Brasil informa que hoje (18), às 15h, durante manobra no Rio Guayas, em Guayaquil-Equador, o Navio-Veleiro Cisne Branco colidiu com uma ponte, possivelmente devido ao efeito da correnteza. Um rebocador local, que apoiava o navio, emborcou durante esse movimento. Não houve acidente de pessoal’.
A linguagem da MB tenta, mas não minimiza o vexame internacional. Navios-escolas são ‘embaixadas flutuantes’. Por sua beleza e imponência, chamam a atenção e representam o país no exterior. Assim, uma colisão destrambelhada como a destes navios equivale a um tombo do presidente da República escorregando de bunda no chão ao correr para fazer a foto oficial de uma cúpula mundial.
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Segundo a BBC, a Ponte do Brooklyn, uma das atrações turísticas de Nova York, e inaugurada em 1883, por onde passam mais de 100 mil veículos e aproximadamente 32 mil pedestres todos os dias, não sofreu danos.

Enquanto isso, o Huffingtonpost revelou que ‘o Departamento de Polícia de Nova York confirmou que a colisão está sob investigação e pediu que se evite a área, uma vez que está previsto “tráfego intenso e um grande número de veículos de emergência”.
A mesma fonte revela ainda que as imagens da colisão mostram o navio a toda velocidade em marcha à ré contra a ponte, desgovernado. Também há dúvidas se um rebocador que o escoltava se afastou muito cedo ou se deveria ter permanecido com ele até o mar aberto.
Ficha técnica do navio-escola Cuauhtémoc
O navio-escola Cuauhtémoc, concebido para fins de formação e diplomacia, e não para velocidade e eficiência, tem três mastros, casco de aço e um comprimento de 90,5 metros. Tem um deslocamento de 1800 toneladas e uma velocidade máxima de 10 nós, mas é impulsionado principalmente por enormes velas, que têm uma superfície total de 2368 metros quadrados. A altura do mastro é de 48,2 metros.
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