Islândia volta com a caça às baleias

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Islândia volta com a caça às baleias

Era bom demais para ser verdade. Em julho de 2023 este site comemorou a interrupção temporária da caça às baleias pela Islândia. A imprensa dizia que ‘provavelmente não retomarão a temporada depois de agosto’. O país é o quarto a praticar a selvageria, ao lado de Japão, Noruega, e Ilhas Faroé, um departamento da Dinamarca. O motivo foi dos mais nobres, o bem-estar dos animais. A Autoridade Alimentar e Veterinária disse que o tempo que leva para matar uma baleia viola a lei do país. Vídeos divulgados recentemente provavelmente a pressionaram ao revelar que uma caçada em 2022 durou cinco horas. Entretanto, agora a Islândia volta com a caça às baleias.

Arpoadas, explodidas ou feridas, algumas levam quatro horas para morrer

Em julho, um relatório independente divulgado pela Autoridade Alimentar e Veterinária – encomendado pelo ministro da Alimentação, Svandis Svavarsdottir, – revelou que algumas baleias mortas em caçadas ‘levaram até duas horas para morrer’. E ‘que 41% das quais sofrem imensamente antes de morrer’.

A pressão mundial, e o fato de uma pesquisa recente sugerir que 51% da população se opunha à caça, em comparação com 42% há apenas quatro anos; talvez tenham sido os motivos para que, num primeiro momento, acontecesse o anúncio da  proibição. Contudo, menos de três meses depois o país volta atrás.

Como nós, o site da IFAW (International Fund for Animal Welfare) também repercutiu a boa nova. “Esta pode ser a chamada final para a caça comercial de baleias na Islândia”, disse Sharon Livermore, Diretora de Conservação Marinha da IFAW. “Uma morte instantânea nunca é uma garantida para essas baleias, e o sofrimento é inimaginável. Claramente, o governo islandês não vê futuro nessa prática ultrapassada”.

De maneira idêntica, lembrou que ‘a Islândia já matou mais de 1.900 baleias fin e minke desde que a moratória  entrou em vigor em 1986. As baleias-fin são os segundos maiores mamíferos da Terra, crescendo em média até 20 metros de comprimento e pesando cerca de 38 a 50 toneladas. Elas nadam rapidamente e só são superadas em tamanho pelas azuis. Globalmente, a espécie está na Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas da IUCN como Vulnerável.

Baleia fin
Baleia fin. Imagem, www.uk.whales.org.

A volta atrás

Segundo a Deutsche Welle, O governo da Islândia anunciou em 31/08 que a caça comercial às baleias voltará no litoral do país, ainda que em condições mais rígidas.

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“A caça pode ser retomada amanhã […] com exigências mais rígidas e detalhadas para os equipamentos e métodos, assim como o aumento da supervisão”, afirmou em nota o Ministério islandês de Alimentos, Agricultura e Pesca.

O país mata os animais com arpões explosivos. Contudo, nem sempre o animal morre na hora. A Deutsche Welle cita os dados: ‘No relatório divulgado em maio consta que 67% das 58 baleias capturadas morreram ou perderam a consciência imediatamente. No entanto, outras 14 foram arpoadas mais de uma vez, sendo que outras duas foram atingidas quatro vezes antes de morrer.’

Apesar desta brutalidade contra um animal dócil, e considerado globalmente vulnerável ​​à extinção, a DW diz que para um grupo de especialistas “é possível melhorar os métodos utilizados na caça de baleias de grande porte.”

Contudo, o governo não especificou o que exatamente pretende fazer para a caça ser menos dolorosa. Foram apenas generalidades como registrou a Deutsche Welle: “Existem os fundamentos para fazermos mudanças nos métodos de caça que podem levar à redução de irregularidades. Desta forma, melhorando as condições do bem-estar dos animais”, disse o Ministério.

Mas como, fica pra depois?

Repercussão na mídia do exterior

A repercussão foi imediata. O Guardian manchetou, Islândia permite a retomada da caça às baleias em “grande retrocesso”;  The Independent, A caça às baleias regressa à Islândia apesar das esperanças de que a proibição duraria para sempre; o tradutor Google foi certeiro ao definir o título da Reuters, Islândia retoma a caça às baleias-comuns, mas a matança precisa ser mais rápida.

Entretanto, ninguém explicou como a ‘matança’ seria mais rápida. Se as granadas dos arpões terão calibre maior, ou se colocarão alguma espécie de veneno mortal, etc. Muito provavelmente, é porque este método não existe e o governo sabe, então, enrola.

Desse modo, e segundo as cotas anuais, 209 baleias-fin – o segundo maior mamífero marinho depois da baleia azul – e 217 baleias minke serão explodidas em 2023 por caçadores islandeses. Ao mesmo tempo começou uma campanha na internet para exigir que o governo cesse a caça imediatamente.

Não se apresse julgando apenas a falta de sensibilidade dos islandeses. O site do International Marine Mammal Project, em sua campanha para salvar os cetáceos da Islândia, aponta outros contribuintes: ‘A observação de baleias é uma atividade turística popular na Islândia – infelizmente, comê-las também o é.’

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Em seguida, mostra que o país infringe um tratado internacional: ‘A Islândia continua a matar baleias minke e a ameaçada baleia-fin. Exportam carne, óleo e gordura em quantidades crescentes para o Japão e a Noruega, violando uma proibição internacional do comércio de produtos de baleia pela Convenção sobre o Comércio Internacional de Espécies Ameaçadas de Extinção (CITES).’

Finalmente, o site chama a atenção para turistas desavisados: ‘Mas um dos maiores apoiadores desta indústria desumana é o turismo: turistas da Europa, América do Norte e do resto do mundo acabam por comer cerca de 40% da carne de baleia. Assim, o turismo está apoiando esta indústria que já deveria estar morta há muito tempo.’

E depois nos dizemos civilizados, será?

Assista ao vídeo da IFAW comemorando a suspensão da caça

A win for whales | Iceland suspends its cruel whale hunt

Espécies introduzidas custam mais de US$ 400 bi em prejuízos

Comentários

4 COMENTÁRIOS

  1. Crime inominável de uma nação de pouco mais de 350 mil pessoas sempre cantada como paraíso civilizatório, como campeã dos novos costumes e rainha da inclusão. Assassinos, é o que são. Estou horrorizado, mortificado com tanta estupidez e boçalidade. Povo cruel, vikings malditos!

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