Peixes-serra morrem de forma bizarra na Flórida
Por esta ninguém esperava. Nunca alguém tinha visto algo assim. Um estranho ‘ritual’ está antecedendo a morte de várias espécies de peixes na Flórida, entre elas os criticamente ameaçados peixes-serra. Os indivíduos giram sobre si mesmos, rodopiam de forma inédita, para então morrerem. Pelo menos 40 espécies diferentes foram vistas “girando e rodopiando” na água perto de Lower Florida Keys. Alguns dos peixes morreram, de acordo com um comunicado da Administração Nacional Oceânica e Atmosférica (NOAA). Até agora, os cientistas não conseguem explicar o que está causando esta tendência anormal.
Investigação colaborativa entre várias universidades para descobrir o motivo
Segundo a National Geographic, em março de 2024, moradores e cientistas identificaram ações bizarras em pelo menos 44 espécies, incluindo o peixe-serra, criticamente ameaçado de extinção. A Comissão de Conservação de Peixes e Vida Selvagem da Flórida encontrou muitos peixes mortos, mesmo sem uma contagem formal.
A causa da doença é desconhecida, o que levou a uma investigação colaborativa entre várias universidades, institutos e agências estatais numa corrida para identificar o culpado.
“Todo mundo quer saber o que é agora”, diz Alison Robertson, uma cientista marinha que estuda a proliferação de algas nocivas na Escola Stokes de Ciências Marinhas e Ambientais da Universidade do Sul do Alabama e no Dauphin Island Sea Lab.
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Possíveis causas da doença
A National Geographic informa que as possíveis causas incluem a proliferação de algas nocivas, que podem produzir neurotoxinas que afetam o comportamento dos peixes; poluentes; fatores ambientais, tais como baixo nível de oxigénio ou alta temperatura; doenças; e parasitas.
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Assim, decidiram analisar a água. As amostras apresentaram níveis mais altos do que o normal de um tipo de algas que habita o fundo do mar: Gambierdiscus. Normalmente, um litro de água de Keys contém 30 a 40 células Gambierdiscus; amostras recentes de áreas afetadas continham cerca de mil.
Ciguatera (a fonte mais comum de ciguatoxina é a espécie alga Gambierdiscus toxicus) é mais comum em áreas de recifes que estão estressados ambientalmente, e os Keys enfrentam uma miríade de problemas, incluindo o aquecimento das águas que causam branqueamento de corais, poluição da água e desenvolvimento costeiro.
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Contudo, segundo o USA Today, a Comissão de Conservação de Peixes e Vida Selvagem da Flórida, divulgou um boletim que vai de encontro a esta possiblidade. “Com base nos dados da necropsia de peixes até o momento, não há sinais de um patógeno transmissível, e os espécimes foram negativos para a infecção bacteriana.”
A mesma fonte diz que a comissão está pedindo às pessoas que relatem avistamentos de peixes-serra saudáveis, doentes, feridos ou mortos, e avisem os especialistas. Enquanto isso, o mistério continua.
O presidente e CEO do Mote Marine Laboratory, em entrevista à CBS News, disse que as agências de saúde ambiental que monitoram as águas regularmente não identificaram nenhum parâmetro anormal de qualidade da água. Ele sugeriu que algum agente presente nela está afetando negativamente apenas as espécies de peixes.
Segundo a CBS, pelo menos 109 peixes-serra foram afetados com 28 mortes documentadas, de acordo com a NOAA.
“Suspeitamos que as mortalidades totais sejam maiores, já que os peixes-serra são negativamente flutuantes e, portanto, é improvável que flutuem após a morte”, disse Adam Brame, coordenador de recuperação de peixes da NOAA Fisheries. “Dado o tamanho limitado da população de peixes-serra de dentes pequenos, a mortalidade de pelo menos duas dúzias de peixes-serra poderia ter um impacto na recuperação desta espécie.”
O peixe-serra de dentes pequenos foi o primeiro peixe marinho a receber proteção federal como uma espécie ameaçada de extinção, sob a Lei de Espécies Ameaçadas, em 2003. Eles foram historicamente encontrados em águas costeiras do Texas à Carolina do Norte, mas agora geralmente só são vistos na Flórida.