Ilha da Queimada Grande, ou Ilha das Cobras, e a ameaçada Jararaca-ilhoa
No passado geológico, a Ilha da Queimada Grande ou Ilha das Cobras no sul de São Paulo era parte do continente. Contudo, depois da última era glacial, as águas do mar subiram a ponto de isolá-la do continente. A Terra teve cinco eras glaciais, e a que deixou a ilha isolada é um produto da última destas eras, que começou cerca de 115 mil anos atrás, e terminou há mais ou menos 11.000 anos. Começava, assim, a saga de uma cobra conhecida mundialmente e criticamente ameaçada de extinção devido, sobretudo, à caça ilegal. Com a subida do nível do mar, o pedaço de terra que se tornou uma ilha continha algumas jararacas como as do continente. As da ilha passaram, então, por um longo período de adaptação.
A adaptação da jararaca
Segundo o site do Instituto Butantã, a jararaca-ilhoa (Bothrops insularis) é menor e mais leve que a jararaca continental, com uma cauda longa, adaptada para agarrar e escura na ponta, possivelmente usada para imitar larvas de inseto e atrair presas. Sua cabeça é maior e as presas menores comparadas às suas parentes.
Com poucos animais terrestres para caçar, as cobras tornaram-se especialistas na captura de aves que visitam a ilha durante as suas migrações anuais.
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Tráfico de animais silvestres pode levar à extinção da jararaca-ilhoa
Infelizmente, a saga da transformação, melhor dizendo, adaptação da jararaca-ilhoa, tornou-a conhecida mundialmente. Foi o que bastou para que o trafico internacional de animais silvestres a descobrisse. Todos os anos 35 milhões de animais silvestres de nossos ecossistemas são traficados. Só 10% sobrevivem!
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O Facebook no tráfico internacional
Apesar da ilha da Queimada Grande ser uma unidade de conservação federal do bioma marinho, uma Rebio, Reserva Biológica, que não permite visitação pública, os traficantes pouco se importam. Como inexiste fiscalização, eles vivem desembarcando para capturar estes animais, e os venderem no exterior. Saiba que o Facebook virou a maior feira ilegal de animais no país, segundo fiscalização do Ibama, mas o instituto diz não conseguir apoio efetivo da rede social para prevenir a prática.
Os venenos derivados de animais são misturas complexas de toxinas que provocam importantes efeitos biológicos durante os envenenamentos. Embora as toxinas derivadas do veneno sejam conhecidas por seu potencial de causar danos às vítimas, elas também podem atuar como agentes farmacológicos.
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Um milhão de cobras ameaçadas anualmente
Para você ter uma ideia do tamanho do tráfico, o Revelator informa que o mercado internacional vende legalmente cerca de quase um milhão de cobras ameaçadas de extinção anualmente.
Não se impressione já. A continuação da matéria revela que isso é apenas a ponta do iceberg em comparação com o número total de cobras vivas e mortas transportadas em todo o mundo, de acordo com investigadores e outros especialistas.
As espécies de cobras contadas vêm do CITES Apêndice II, que restringe o comércio de “espécies não necessariamente ameaçadas de extinção, mas cujo comércio deve ser controlado para evitar uma utilização incompatível com sua sobrevivência”.
O pior é que as cobras não são traficadas apenas em razão de seu veneno. Há inconsequentes em toda a parte, assim, muitos relógios de grife têm a cara de pau de usarem couro de cobra na pulseira.
China e Estados Unidos, os ‘maiores consumidores’
Segundo o Revelator, as cobras são enviadas ao redor do mundo, com a China e os Estados Unidos recebendo a maioria das importações de espécies listadas na CITES. Além dos artigos de couro, os EUA importaram mais de 3 milhões de cobras vivas.