Morte do ícone do ambientalismo brasileiro, Almirante Ibsen de Gusmão Câmara
Morre Ibsen de Gusmão Câmara: o almirante Ibsen de Gusmão Câmara, de 90 anos, que teve sua história de vida voltada às causas ambientais, morreu na madrugada desta quarta-feira no Hospital da Unimed, na Barra da Tijuca. Segundo informações da família, ele morreu em consequência a uma hematoma cerebral que sofreu após duas quedas. O almirante deixou duas filhas e dois netos.

Fundação Brasileira para a Conservação da Natureza
O almirante presidiu a Fundação Brasileira para a Conservação da Natureza. Participou do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) e foi conselheiro de inúmeras organizações ambientais. Ele também é considerado um dos fundadores do conservacionismo no Brasil, ao lado de Paulo Nogueira Neto e outros titãs.
Leia também
Ilha Comprida SP, verticalização e insistência do prefeitoA Espanha é feia, e uma mancada da imprensa omissaProteção de 30% do alto-mar fracassa na ONUAmbientalistas lamentam morde de Ibsen de Gusmão Câmara
André Ilha, ambientalista, lamentou a morte do almirante:
Ele era um dos dinossauros da conservação da natureza no país, junto com outros nomes como Alceo Magnanini, Adelmar Coimbra Filho, Vanderbilt Duarte de Barros e Maria Tereza Jorge Pádua, uma geração que foi muito justamente celebrada no livro “Saudades do Matão” por seu trabalho em prol da biodiversidade e dos ecossistemas brasileiros. A melhor forma de reconhecermos a sua importância é levar adiante as suas bandeiras com o máximo empenho.
A jornalista e ambientalista Paula Saldanha também acredita que o legado do almirante não deve ser esquecido.
PUBLICIDADE
“É triste a perda do almirante Ibsen, grande batalhador das causas ambientais em nosso país, durante décadas. Seu exemplo de ambientalista ficará, com certeza, para todos nós” – comentou Paula.
Texto- homenagem de Maria Tereza Jorge Pádua
A seguir um texto- homenagem de Maria Tereza Jorge Pádua, outra figura emblemática do ambientalismo brasileiro que, ao lado do Almirante Ibsen, criou as primeiras áreas marinhas protegidas como o Atol da Rocas, Fernando de Noronha e Abrolhos, entre outras.
ALMIRANTE IBSEN
Maria Tereza Jorge Pádua
Mais lidos
Conferência dos oceanos da ONU 2022, apenas mais uma?Tubarão Port Jackson, um tipo muito estranhoManchas de óleo, primeiro mapa global da poluição“As baleias, as tartarugas, as toninhas devem estar chorando. Perderam um antigo e ferrenho defensor e protetor. O Ibsen se foi. Nós também estamos chorando. Estamos seguros que ninguém lutou como ele no Brasil para conservar a natureza e os recursos naturais renováveis. Um Almirante, um conservacionista de alta linhagem, um paleontólogo, um grande pintor e um ser humano reto. Altruísta, profundamente honesto em todos os aspectos da vida. Difícil outro ser humano como ele. Difícil outro conservacionista como ele.”
Primeira área marinha protegida
“Ele demarcou a primeira área marinha protegida do Brasil: a Reserva Biológica de Atol das Rocas. Se existe a Reserva Biológica do Rio Trombetas é graças a ele. Se existe, como Parque Estadual, o de Carlos Botelho em São Paulo, foi pela sua luta. Se as baleias franca e jubarte recuperaram suas populações, foi pela sua aliança com José Truda Palazzo Jr. Deu seu nome e seus esforços na presidência de duas das mais importantes ONGs brasileiras: a FBCN e a Fundação Biodiversitas.”
Fundação Boticário
“Morreu sendo membro do conselho por 23 anos da mais importante Fundação de proteção da natureza no país: a Fundação Boticário. Seus trabalhos foram pouco reconhecidos em termos de homenagens. Mas cá estamos nós querido e eterno amigo para testemunhar quem foi você e para dizer aos nossos descendentes que homens como você de fato existiram. E fizeram pela nossa nação muito mais que políticos e heróis homenageados.”
Um adeus choroso, pois eu inocentemente queria que você vivesse para sempre.
Fonte : Globo.com. Por Paulo Roberto Araújo / Waleska Borges.