Ministra da Amazônia, ou do Meio Ambiente e Mudança do Clima?
Boas e más notícias da agenda marinha a partir de 2023
Apesar da apatia do governo federal, tivemos algumas boas notícias, frutos de ações isoladas de alguns pesquisadores. Por exemplo, pesquisadores do IO – USP, Instituto Oceanográfico da USP, do Centro de Biologia Marinha (CEBIMar), além da UFRPE, descobriram que o tubarão-limão, cuja espécie é uma das dezenas que aparece na lista da IUCN como ‘vulnerável’, está finalmente se reproduzindo e aumentando a população no Atol das Rocas, uma das poucas unidades de conservação federais do bioma marinho, de proteção integral, as mais eficazes, a Reserva Biológica no Atol das Rocas.
As unidades de conservação de proteção integral são as mais restritivas, aquelas em que não se pode extrair nenhuma espécie de vida marinha. Foram criadas em áreas que são berçários naturais. E, quando tem equipes e equipamentos, mesmo que mínimos, fato raro entre as UCs federais, elas dão resultados. O fato do tubarão-limão estar se recuperando numa época em que a sobrepesca de tubarões é um fenômeno mundial, é uma das provas, mas não a única.
Mais recentemente, informamos que uma pesquisa da Unifesp feita no Refúgio de Vida Silvestre dos Alcatrazes, outra UC federal de proteção integral, mostrou resultados positivos para a recuperação de tubarões ameaçados de extinção. Foram encontradas sete espécies na região, seis das quais estão classificadas como ameaçadas de extinção pela União Internacional para Conservação da Natureza (IUCN). É uma dupla vitória da conservação marinha, mais uma vez provando que as UCs de proteção integral realmente cumprem seu papel.
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Já comentamos que os predadores do topo da cadeia são importantíssimos para a vida marinha. São animais como os tubarões que mantêm a saúde dos cardumes. Ao mesmo tempo, a espécie que chegou na Terra ainda antes das árvores, há 450 milhões de anos, nunca sofreu tantas ameaças como agora.
Estas ameaças incluem o aquecimento global, que prejudica toda a cadeia de vida marinha e, especialmente, a sobrepesca. Todos os anos, entre 70 e 100 milhões de tubarões são mortos pela pesca industrial. Essa caçada maciça e indecente, colocou em risco dezenas de espécies de tubarões.
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Falta inspiração ao ministério de Meio Ambiente e Mudança do Clima?
Talvez o sucesso em Alcatrazes inspire o ministério de Meio Ambiente e Mudança do Clima a acelerar mudanças já consensuais entre técnicos, especialistas e ambientalistas. Por exemplo, estão prontos para implementação o Parque Nacional do Albardão e a reclassificação da UC de Florianópolis, de Rebio dos Arvoredos, para Parque Nacional. Parques Nacionais permitem acesso do público e geram empregos e renda com atividades como mergulho de observação, além de promover educação ambiental.
A Rebio dos Arvoredos foi criada em 1990. Desde então, por este tipo de UC não permitir a entrada do público, nova batalha começou. É um consenso que o ICMBio errou ao classificar a unidade. Em primeiro lugar, porque o arquipélago dos Arvoredos fica no ‘quintal’ da população de Florianópolis que, de uma hora para outra, ficou impedida de aproveitar a proximidade das lindas ilhas que ficam a poucos minutos da orla. Se fosse um Parque Nacional, geraria os mesmos bons resultados para a fauna marinha, e ainda poderia gerar empregos e renda com os mergulhos de observação, uma tendência de turismo que cresce no mundo.
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