Declínio da biodiversidade, um perigo que nos ronda

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Declínio da biodiversidade, um perigo que nos ronda

A queda da biodiversidade em escala global, e com a rapidez atual, já levou muitos pesquisadores a se perguntarem se já não vivemos a sexta extinção em massa. Mas, se esta possibilidade ainda não é um consenso, ninguém duvida que estamos vivendo uma nova era geológica, o Antropoceno. Ou seja, a influência humana sobre o planeta é da tal forma violenta que justificaria uma nova era geológica. Declínio da biodiversidade, um perigo que nos ronda.

Infográfico mostra declínio da biodiversidade
Ilustração, https://www.dreamstime.com/.

Declínio da biodiversidade, um perigo que nos ronda

Embora este assunto seja pouco abordado pela mídia brasileira, é muito comum no exterior. Em 2016, por exemplo, o jornal Washington Post publicou a reportagem  What the ‘sixth extinction’ will look like in the oceans: The largest species die off first, em tradução livre, A sexta extinção nos Oceanos: as maiores espécies desaparecem primeiro.

No parágrafo de abertura dizia o jornal: “nós não podemos vê-la ao nosso redor. E poucos parecem se importar. No entanto, os cientistas estão cada vez mais convencidos que o mundo está indo de roldão para o que tem sido chamado de um evento da sexta extinção em massa.”

“Simplificando: as espécies estão se extinguindo a uma taxa que excede em muito o que se poderia esperar naturalmente. Isso é o resultado de uma perturbação no sistema. E neste caso a perturbação somos nós.

Mas não é apenas no mar que está o problema, ao contrário.

Taxa de declínio em ecossistemas de água doce supera a da extinção do fim do Cretáceo

Apenas para situar o leitor, a extinção do fim do Cretáceo foi provocada pela queda de um asteroide na Terra, que deu cabo, entre outros, dos dinossauros. Aconteceu há 66 milhões de anos erradicando cerca de 76% de todas as espécies do planeta.

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imagem de floresta desmatada
Imagem, https://ugandabiodiversityfund.org/.

Agora um estudo publicado na revista Communications Earth & Environment  concentrando-se na biota de água doce traz revelações alarmantes. Em média, a taxa de perdas prevista no estudo foi de três vezes maior ao tempo em que os dinossauros foram extintos.

O que mais impressiona é o ritmo atual. O principal autor do estudo, Dr. Thomas A. Neubauer, declarou:  “A perda de espécies acarreta mudanças nas comunidades de espécies e, a longo prazo, isso afeta ecossistemas inteiros. Contamos com ambientes de água doce em funcionamento para sustentar a saúde humana, nutrição e abastecimento de água doce.”

As ameaças aos seres humanos

O rápido declínio da biodiversidade coloca os seres humanos em xeque. A mortal pandemia da Covid-19, uma zoonose, é apenas mais uma prova.

Para muitos pesquisadores o surgimento de outra pandemia com as mesmas características é apenas questão de tempo.

Segundo matéria de O Estado de S. Paulo, de autoria de Emilio Sant’Anna, ‘estatísticas da Plataforma Intergovernamental sobre Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos (IPBES), ligada à ONU, mostram que quase 1 milhão de espécies animais e vegetais estão ameaçadas de extinção no planeta’.

Infográfico mostra espécies amaçadas nos biomas brasileiros
Ilustração, O Estado de S. Paulo.

O jornal também cita um estudo liderado pela University College London, publicado na revista Nature, em 2020.

‘A pesquisa avaliou 6.800 comunidades ecológicas em seis continentes e concluiu que a ação humana em áreas nativas, seja pela agricultura, extrativismo ou avanço das cidades, resulta na óbvia extinção de algumas espécies e na permanência e aumento de outras mais propensas a hospedar patógenos potencialmente perigosos que podem “pular” para os humanos’.

‘Os resultados apontaram para o aumento de espécies conhecidas por hospedar doenças transmissíveis aos humanos, de acordo com a diminuição da biodiversidade em geral’.

Febre amarela, originária da Amazônia, provoca epidemia no Sudeste

Emilio Sant’Anna lembra em seu texto que ‘no Brasil, o aumento da incidência e a migração de doenças como a febre amarela também são claras evidências’.

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‘Originária da Região Amazônica, se espalhou até atingir a Mata Atlântica, no litoral brasileiro. Entre 2016 e 2018, a Região Sudeste foi atingida por uma epidemia de febre amarela, mais de 2.500 casos foram registrados em seres humanos e mais de 1.500 em macacos, de acordo com o Ministério da Saúde’.

O biólogo e pesquisador do Centro Universitário Saúde ABC, da Faculdade de Medicina do ABC Gabriel Laporta foi entrevistado por Emilio e não deixou dúvidas:

“As doenças vetoriais são bons exemplos dessa interação”, afirma Laporta. Para o biólogo, a pandemia do coronavírus coloca em xeque a manutenção da existência humana no planeta com os atuais níveis de consumo. “É um fator limitante. Há a possibilidade de termos atingido essa situação.”

Imagem de abertura:

Fontes: https://sustentabilidade.estadao.com.br/noticias/geral,biodiversidade-em-queda-ja-ameaca-os-seres-humanos,70003722771; http://www.ihu.unisinos.br/609484-declinio-antropogenico-da-biodiversidade-requer-milhoes-de-anos-de-recuperacao?fbclid=IwAR0f4PWsid9pnM0LRR6Z0-3uBjDZ3pHs_y9eIsM2Resu5eP4Y7JGZG7LmPU.

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