Indústria de salmão do Chile, perigosa e insustentável
A aquacultura é apresentada como uma das soluções para a alimentação mundial até 2050. O Mar Sem Fim tem dúvidas. A atividade aquícola em território chileno começou no início do século 20. Ela surgiu e cresceu no mundo em razão da depredação dos recursos marinhos explorados de forma insustentável como temos denunciado. E é por este motivo, o fim inexorável das espécies marinhas selvagens, que temos estudado o assunto há muito tempo. Este site tem dezenas de matérias sobre a indústria mundial da pesca e seus excessos, ao mesmo tempo em que há muitas sobre a criação de peixes. Hoje o assunto é a indústria de salmão do Chile, perigosa e insustentável.

Indústria de salmão do Chile, perigosa e insustentável
Recentemente publicamos o post Tilápias ou Saint Peter, criação é ideia de jerico, comentando o plano do governo Jair Bolsonaro de transformar as represas de 73 hidrelétricas do País em grandes criadouros artificiais.

A maioria deles para tilápia, uma espécie não oriunda do País mas da África, como se fosse apenas jogar os peixes nos tanques e esperar a colheita. Mas não é bem assim…tanto que a Argentina foi o primeiro país do mundo a proibir a criação de salmão nas águas prístinas da Terra do Fogo.
Hoje, já falamos sobre isso, a tilápia escapou de lagos de criação e adaptou-se à água do mar, em nova prova de sua capacidade destrutiva.
Mais lidos
Ilhabela em último lugar no ranking de turismo 2025Garopaba destrói vegetação de restinga na cara duraCores do Lagamar, um espectro de esperançaIsso nos estimulou a uma pesquisa sobre a criação de salmões pelo país vizinho. Não é a primeira vez que abordamos a criação de salmões no Chile. E também mostramos problemas na criação da espécie no Canadá quarto maior produtor mundial onde salmões em cativeiro nasciam com deformações.
Em nossa viagem à Antártica mais de dez anos atrás fizemos questão de parar em uma fazenda chilena nos canais da Patagônia, quando mais uma vez alertamos para os problemas.
PUBLICIDADE
De Puerto Natales para Ushuaia
Este é o título do post em que comentamos a visita a uma fazenda de criação de salmões, maio de 2011, na altura da ilha Capitão Aracena nos canais chilenos. O diário de bordo resgata a primeira impressão:

A maricultura ainda é um problema não resolvido no mundo. A razão é simples: as fazendas usam ração à base de farinha de peixes. Espécies antes sem valor econômico, ignoradas pelas frotas industriais, agora são capturadas e transformadas em alimento para as criações. Para cada quilo de farinha é preciso entre três e quatro quilos de peixes. Com isto o volume da carne produzida é sempre menor que o total consumido como alimento.
Leia também
Importância de descobertas sobre sexo entre tubarõesFrota de pesca de atum derruba economia de MoçambiqueRegaleco: o “peixe do apocalipse” que pode chegar a 11 metrosLembramos outros problemas da criação de peixes
No mesmo texto, lembramos outros problemas da criação de peixes em cativeiro: A maricultura ainda traz dois outros problemas: poluição da água, e conflitos sociais com os pescadores artesanais chilenos.
E ainda fizemos relação com a insustentável criação de camarões no Nordeste do Brasil. A história é interessante. Tudo faz lembrar a carcinicultura, criação de camarões em cativeiro, praticada no Nordeste brasileiro. Um escândalo ambiental que ajudei a denunciar, ao produzir a série Mar Sem Fim para a TV Cultura, desde 2005.
Vamos ver agora o que descobrimos ao estudarmos a questão chilena.
Indústria de salmão do Chile
Do ponto de vista econômico pode-se dizer que a criação de salmão é um sucesso. Hoje o Chile é o segundo maior produtor mundial perdendo apenas para a Noruega.

De acordo com o site www.eldesconcierto.cl ‘em 2018, foram embarcadas 829 mil toneladas, do sul do país para mais de 70 destinos, entre Estados Unidos, Japão e Brasil. Tudo no valor de US$ 5.157 bilhões, segundo informações do Banco Central do Chile’.
US$ 5 bilhões de dólares em vendas externas transformou a criação de salmões no segundo item de exportação do Chile, empregando 70 mil pessoas e só perdendo para o cobre a locomotiva econômica do país.
PUBLICIDADE
Como foram organizadas as fazendas chilenas
Elas nasceram no Chile com subsídios do governo para estimular o desenvolvimento do sul, região pobre, estratégica pelo acesso à Antártica e em disputa com a Argentina. Até meados dos anos 80, a indústria ainda engatinhava. Pescadores artesanais migravam para a capital diante da decadência da pesca e da falta de alternativas. Para conter o êxodo, o governo incentivou a criação de salmões desde o início do século 20, importando ovas de várias espécies. Após anos de tentativas, as criações decolaram. Mas o custo ambiental e a qualidade dos empregos gerados ainda pesam na balança.
Os tipos de salmões criados no Chile
Os chilenos criaram três espécies: salmão-do-Atlântico, salmão-do-Pacífico (coho) e truta arco-íris, principalmente em Puerto Montt, Punta Arenas e no arquipélago de Chiloé. A escolha do sul do Chile uniu fatores geopolíticos e naturais: a corrente de Humboldt, vinda da Antártica, enriquece as águas frias com nutrientes e garante abundância de peixes, essenciais para alimentar o salmão, espécie carnívora. As fazendas também precisavam de mão de obra barata, suprida por ex-pescadores artesanais que, sem alternativas, migraram para esse trabalho de exportação.
As matérias que deram base a este post
Pesquisando na internet chilena, encontramos três trabalhos relevantes. O primeiro é de Florencia Ortúzar, advogada formada pela Pontificia Universidad Católica de Chile e mestre em Política e Regulação Ambiental pela London School of Economics. O segundo, de Francisca Quiroga, publicado em 2019 no site Bienes Comunes. O terceiro é a tese de mestrado de Jonhathan Cunha Santos Wagner, da Universidade Federal de Santa Catarina, sobre a produção e exportação de salmão no Chile e sua importância para o comércio mundial.
Dois deles, assinados por especialistas chilenos, condenam com veemência e com farta documentação a continuidade das criações. O terceiro reconhece esses problemas, mas ainda defende o prosseguimento das fazendas.
Tese de mestrado do brasileiro Jonhathan Cunha Santos Wagner
A tese mais completa é a do brasileiro Jonhathan Cunha Santos Wagner, com 64 páginas sobre a história da pesca no Chile, a inserção do salmão, a produção e seus impactos ambientais e econômicos. Ele destaca que as regiões produtoras sofrem com efeitos socioeconômicos e ambientais, já que a atividade segue predatória e sem benefícios reais para os territórios pobres do sul do país. Ainda assim, defende a continuidade das criações, argumentando que os impactos não justificam a interrupção da indústria, embora reconheça a urgência de mudanças para garantir sustentabilidade, dado o peso econômico da aquicultura no Chile.
Os impactos ambientais e socioeconômicos
Muitos leigos pensam que criar peixes é como criar bois ou plantar: solta-se o animal ou a semente, espera-se o crescimento e depois vem a colheita ou o abate. Simples assim.

A domesticação de plantas e animais começou milhares de anos atrás, com cães e gatos há 135 mil anos, o gado na Ásia há 10.500, aves no Egito há 4.500 e o trigo no Oriente Médio há cerca de 11 mil. Desde então, ciência e tecnologia aprimoraram essas culturas para sustentar a população mundial. Já a aquicultura intensiva é recente. Fora práticas rudimentares, como na cultura marajoara há 3.500 anos, quando se fechavam lagos para manter peixes, sua história não se compara à longa evolução da agricultura e pecuária.
PUBLICIDADE
A aquicultura atual é intensiva, mas ainda carece de ciência e tecnologia para superar seus problemas. Essa atividade recente, voltada a peixes marinhos, mal saiu do papel e continua sem soluções em qualquer parte do mundo.
Breve comparação com a agricultura e pecuária modernas
No Brasil, a agricultura só atingiu a alta produtividade atual após décadas de pesquisa da Embrapa e de multinacionais como a Monsanto, que estudaram solos, modificaram sementes e desenvolveram insumos específicos. Em pouco mais de 40 anos, a produção de grãos cresceu quase seis vezes graças à tecnologia, e não à expansão de áreas. A pecuária ainda não acompanhou esse avanço, mesmo com o boi domesticado há mais de dez mil anos. Um dia talvez a criação de peixes chegue lá, mas até lá é preciso cautela: o santo ainda é de barro.
Os problemas apontados pelos especialistas
Florencia Ortúzar abre seu texto denunciando a falta de regulamentação estatal e os danos ambientais e sociais da indústria do salmão, que ainda ameaça avançar sobre áreas intocadas, como o cabo Horn. Já Francisca Quiroga lembra que, embora a aquicultura seja apontada como solução alimentar global até 2050, no Chile o setor acumula desastres ambientais e de saúde que minam sua imagem. Em comum, as três fontes destacam logo de início os graves impactos causados pela criação de salmões no país vizinho.
Entenda os motivos do desastre ambiental
Francisca Quiroga lembra que, em 2007, a superpopulação de salmões em incubadoras causou o surto do vírus ISA, a pior crise sanitária da indústria, que deixou mais de 15 mil desempregados. Em 2016, o despejo de 9 mil toneladas de salmões mortos no mar de Chiloé gerou uma maré vermelha sem precedentes, matou peixes em massa e mergulhou a região em grave crise social e econômica.
Até hoje não foram resolvidos os problemas das criações intensivas
‘Pesticidas, corantes, fungicidas e outros produtos químicos que melhoram a produção’
Florencia Ortúzar explica que os salmões de cativeiro recebem pellets feitos de farinha de peixe e misturados a pesticidas, corantes, fungicidas e outros químicos. Muitas dessas pílulas afundam sem ser consumidas, enquanto cada peixe recebe doses altíssimas de antibióticos — até 5 mil vezes mais que na Noruega. Os resíduos se acumulam no fundo do mar e, após mais de 20 anos, já criaram zonas mortas sem vida.
Ao consumidor brasileiro, fica o alerta: o salmão que chega à mesa não é natural, mas uma “bomba química” chilena e sem sabor. Enquanto isso, os Salmões selvagens caminham para a extinção, vítimas do nosso estilo de vida insustentável. O jornal The Independentlembrou, em janeiro de 2021, que a última pescaria de salmão selvagem no rio Spey, na Escócia, foi encerrada em 2018 por falta de peixes. Desde então, todo o salmão escocês é cultivado.
PUBLICIDADE
Salmão criado na Escócia
O Independent alerta que a escassez de salmões nos rios escoceses se deve, em parte, à proliferação de piolhos-do-mar nas fazendas, que facilmente contaminam as populações selvagens. Mesmo na Escócia, berço da espécie, a criação intensiva contribuiu para o fim do salmão selvagem. A indústria enfrenta ainda surtos de mortalidade em massa provocados por algas em águas mais quentes. Mais uma prova de que as críticas feitas aqui à criação de tilápias não são políticas, mas ecoam a visão de especialistas.
‘Elementos químicos somados a uma elevada quantidade de antibióticos’
A tese de Jonhathan Cunha aponta os mesmos problemas, embora defenda a continuidade das fazendas. Ele cita o uso excessivo de antibióticos e químicos sem conhecimento pleno de seus impactos, além do despejo de dejetos: apenas 12% das indústrias tratam as águas, enquanto sólidos se acumulam no fundo das jaulas, reduzindo oxigênio e biodiversidade. Os três autores concordam que esses produtos vazam para o mar, provocando mortandade de peixes selvagens e até zonas mortas. Vale lembrar: a aquicultura surgiu como resposta à escassez de peixes, mas hoje parece matar ainda mais vida marinha com a poluição gerada por seus tanques.
Mas isso não é tudo.
A alimentação da indústria de salmão do Chile é feita com peixes selvagens
Este é o grande “X” da questão: a insustentabilidade das criações. Florencia Ortúzar afirma que o salmão nunca será sustentável, pois exige mais proteína do que gera — até 5 quilos de peixes selvagens para produzir 1 quilo de salmão. Jonhathan Cunha concorda, destacando que a aquicultura, em vez de reduzir a pressão sobre os recursos marinhos, a intensifica. Ele reforça que alimentar salmões virou um problema de segurança alimentar global, já que cada quilo produzido consome entre 2,5 e 5 quilos de peixes.
Sobre o escape de peixes de criação
A criação de espécies não nativas, como a tilápia no Brasil e o salmão no Chile, acelera a perda de biodiversidade, um dos maiores problemas da humanidade junto ao aquecimento global. Florencia Ortúzar lembra que, no Chile, os salmões escapam com frequência: os vazamentos somam 1,5% da produção, mais de 9 mil toneladas por ano, podendo chegar a 5%. Mesmo com planos de recaptura previstos em lei, o sucesso é raro. Ao escapar, o salmão — espécie agressiva — compete com os peixes locais por alimento e ainda transmite doenças.
Os estudos apontam que até 5% da produção de salmão pode escapar das fazendas, apesar dos planos de recaptura previstos em lei raramente funcionarem. Como espécie agressiva e carnívora, o salmão compete com os peixes nativos por alimento e transmite doenças. Francisca Quiroga lembra que, em 2018, quase 700 mil salmões fugiram das gaiolas, criando um problema ambiental cujas consequências ainda são incertas. Jonhathan Cunha reforça que esses peixes, além de ameaçar espécies locais, carregam antibióticos e ovas importadas que podem transmitir doenças e provocar alterações genéticas nas populações nativas.
Os conflitos sociais
Florencia Ortúzar aponta que anos de más práticas empresariais e falta de controle estatal causaram danos ambientais graves e uma crise social em regiões como a Ilha de Chiloé, altamente dependente da indústria do salmão. Francisca Quiroga reforça que, apesar do crescimento econômico, a atividade enfrenta forte questionamento de cientistas, pescadores, ambientalistas e comunidades locais. Já Jonhathan Cunha destaca os impactos socioeconômicos: desemprego, migração, redução da pesca artesanal e a dependência de empregos mal remunerados nas fazendas de cultivo.
PUBLICIDADE
Francisca Quiroga ressalta que, apesar dos grandes números, a indústria do salmão enfrenta forte contestação de cientistas, pescadores, ambientalistas e comunidades locais. Jonhathan Cunha acrescenta que os impactos socioeconômicos incluem desemprego, migração, queda da pesca artesanal e a dependência de empregos mal pagos nas fazendas. Ele observa ainda que os postos criados são em geral precários e de baixa qualificação, enquanto as funções mais técnicas ficam nas mãos de profissionais de regiões mais desenvolvidas.
O depoimento de um pescador artesanal chileno
Na página 47 de sua tese, Jonhathan relata o encontro com um pescador de Chiloé que migrou para Pichilemu. Ele contou que a indústria do salmão aniquilou a pesca artesanal e industrial no sul do Chile, oferecendo apenas empregos insalubres e mal pagos, o que o levou a buscar sustento na pesca do bacalhau no litoral central. Situação semelhante ocorre no Brasil com a criação de camarões: poucos lucram, enquanto comunidades locais perdem os recursos do mangue e os trabalhadores enfrentam salários baixos, empregos temporários e até a falta de contrato.
Indústria de salmão do Chile, com quem fica o lucro?
No início, eram apenas empresas nacionais, mas o capital internacional logo assumiu o controle. Segundo Jonhathan Cunha, hoje grandes multinacionais dominam toda a cadeia — dos tanques à exportação — e retêm os ganhos em seus países de origem. Restam ao Chile os conflitos sociais, os danos ambientais e a depredação da vida marinha, enquanto o grosso do lucro vai para fora..
Faz sentido?
E, então, a indústria de salmão do Chile é sustentável?
Em resumo, a criação de peixes em cativeiro exige entre 2,5 e 5 quilos de peixes selvagens para produzir apenas 1 quilo de salmão, carregado de químicos. O resultado é poluição no mar territorial chileno, zonas mortas sem oxigênio, competição com espécies nativas e a degradação da vida marinha. O mesmo se repete em fazendas de espécies exóticas mundo afora, que poluem e destroem rios e mares. Esses problemas já apontamos ao tratar da tilápia no Brasil, prática incentivada por um presidente que nega a ciência, ignora questões estruturais e se perde em pautas menores, como armar a população ou defender espécies invasoras.
Afinal, qual o sentido da atual ‘criação’ de peixes? Responda quem for capaz.
Imagem de abertura: WWF Chile – Denisse Mardones.
Fontes: https://aida-americas.org/es/blog/la-industria-del-salm%C3%B3n-en-chile-sostenibilidad-imposible; http://seafoodbrasil.com.br/a-historia-e-o-presente-do-salmao-no-chile; https://www.eldesconcierto.cl/bienes-comunes/2019/04/05/salmones-en-chile-historias-de-una-industria-polemica-y-millonaria.html; https://repositorio.ufsc.br/bitstream/handle/123456789/181733/TCC%20JONATHAN%20SANTOS%20-%20BU.pdf?sequence=1&isAllowed=y; https://www.independent.co.uk/independentpremium/uk-news/fishing-diet-unsustainable-trawling-uk-b1783088.html?r=73874.










A matéria é muito esclarecedora, mostra um pouco de que acontece mundo afora, esse ritmo de como acontece as transformações e degradação em detrimento da ganância de obter lucros sabemos que caminhamos para degradação e por consequência a escassez, então onde iremos parar?, as discursões políticos introduzidas nos comentários são muito produtivas, mostra que todos tem o seu lado políticos que mais lhe convier, abraços
Joao,
Obrigado por trazer mais um assunto relacionado aos mares para reflexao dos leitores. Sugiro que voce sempre traga dados e informacoes dos dois lados (o negativo e o positivo) sobre o assunto.
Abcs, Diego
Excelente artigo. Muito instrutivo e esclarecedor.
Foi bom comentar pela primeira vez e saber que o blog não costuma publicar a integra do que se comenta.
Excelente matéria…
Há como aprofundar a proposta do Sr. presidente com outras alternativas para o aproveitamento das aguas de barragem?
Cuidar do meio ambiente não e apenas atacar sacolas plásticas, petróleo, transgênicos ….. Devemos rever o uso de recursos. Se para produzir 1kg de proteína precisa “gastar” 5kg, claro que a conta não fecha.
Estamos falando de alimentos (um problema mundial). Mas esta aumentando produtividade não para alimentar o mundo. Salmao e direcionado a um publico seleto e lucrativo. E quando assunto vira moda, o consumo exagerado fica insustentável. A questão não e proibir o consumo mas fazermos escolhas conscientes. A informação (qualificada) deve sustentar nossas escolhas
PARABENS PELA MATERIA
Assim como contemos a ANVISA para garantir a segurança bioquímica para a medicina, deveríamos ter um organismo similar para alimentos importados que avaliasse, cientificamente, o grau de contaminantes presentes em cada tipo de alimento importado em quantidade significativa, como o peixe, o trigo… Há presença de elementos químicos que ultrapassem limites aceitáveis ao consumo, rejeita-se a importação e os comerciantes do produto pressionariam os produtores a regularem suas produções para padrões legais.
Joao,
Excelente materia! Vale investigar a solução encontrada pelo Alaska, onde as especies são nativas e que se nao estou errado proibiu a criação de salmão em cativeiro pelas razões que voce menciona e incentiva a reprodução assistida como forma de aumentar o estoque disponível .
Trabalham também com cotas de pesca e um bom controle e gerenciamento da relação de captura e estoque disponível.
Estive duas vezes por la (em Kodiak) e fiquei impressionado com o que vi por la.
Vale pesquisar, pois pode ser um exemplo positivo e uma alternativa ,mas nao tenho muitos elementos e nem estudos científicos sobre isso, se conseguir, te passo.
Abraço
Julio Cardoso
Caro João, respondendo sua questão, o sentido das atuais criações de peixes – do Chile e outras – é atender a necessidade do mundo por alimentos. Essa e outras indústrias de alimentos nasceram e se mantém em função disse. Isso não deve mudar no curto prazo, conforme mostram as projeções. Assim, o que precisamos é melhorar as práticas, de forma que se tornem sustentáveis, mais justas, inclusivas, etc. Senti falta de proposta sua nesse sentido no artigo.
Sobre os capitais investidos, são bem vindos, quaisquer que sejam as nacionalidades, pois geram empregos e renda. O desafio é distribuir melhor a renda. Isso pode ser obtido com um esforço conjunto entre governo, investidores e trabalhadores. Pelo que me consta, isso já ocorre nas atividades da Noruega que você cita. Sugiro que faça um artigo com propostas nesse sentido.
Caro João, essencial nos trazer reflexões dessa natureza. Você não apenas lança luz sobre uma realidade pouco conhecida e necessária de ser pensada como nos provoca para debates importantes que não podem ser levados adiante de maneira rasa. Sua vontade de pesquisar, conhecer, informar e nos alimentar dá vida ao Mar Sem Fim. Obrigado
A coisa é séria. Parabéns pela matéria.
João li a matéria de cabo à rabo e achei preocupante, mas em nada inovadora porque se não for em relação ao Mar Sem Fim você parece ter uma visão mais complacente e concedeu elogios no trecho “desenvolvidos pela Embrapa, e por empresas multinacionais como a Monsanto”, sendo que esta última foi a criadora dos transgênicos e se nada foi escrito de forma negativa é porque o CAPITAL consegue convencer as mídias a deixarem de publicar os factos como fizeram em relação a COVID-19 nas semanas que antecederam as eleições promovendo subnotificações. Se publicou que a atual ministra da agricultura teria autorizada o uso de 350 pesticidas que já foram banidas na EUROPA, mas o silêncio das nossa mídias são sepulcrais.
Em relação aos pescados, assim que passei a viver em BH eu perguntei a uma senhora japonesa que possuía um comércio de artigos orientais se eu poderia/deveria consumir os peixes da peixaria existente no mercado central quando ela me respondeu sem titubear “se preparar através de cocção”. Ainda, as vésperas do NATAL seguindo a um ranking do Google sobre peixarias, paguei táxi para ir a uma suposta casa tida como FIVE STAR e na cara dura o funcionário me empurrou um “bacalhau dessalgado” que eu reclamei pois o sal ajuda manter a sanidade dos perecíveis, mas comprei e ao preparar percebi que era QUALQUER peixe menos bacalhau ou seja comprei gambá por lebre. Então, dito isto e vivido tantas outras experiências “brasileiras dignificantes”, por que eu deveria me manifestar sobre os salmões no planeta Terra quando nada se escrevem e ou combatem sobre as nobres falcatruas nacionais. Finalizando posso dizer que pelo menos já cheguei ao outono de minha vida e não serei eu que combaterei os erros que ocorrem ABROAD BRAZIL uma vez que vivo diariamente os horrores OUVINDO “TOMEM CLOROQUINA”
Tetsuo, se não fosse a Embrapa e Monsanto, entre outras, nossa agricultura jamais seria a mais pujante do mundo como é. Graças à elas temos sementes transgênicas, entre outras novidades que nos deram absurda produtividade. Sobre pesticidas já escrevi dezenas de posts. A ideia do post sobre a indústria de salmão do Chile foi mostrar pela enésima vez que a criação de peixes ainda engatinha e traz em seu bojo tremendos problemas ambientais e sociais conforme o texto deixa claro. Pior ainda se for com espécies exóticas, o nova e ‘grande’ preocupação do presidente que se apega a minúcias que desconhece sempre demonizando a ciência. Será que agora ficou claro?
Excelente matéria.
Mas por que teve que terminar com velho e odioso discurso ideológico anti-Bolsonaro?
Acaso Bolsonaro é responsável pelos problemas da criação de salmões no Chile??
Acaso estávamos melhor em mãos dos corruptos do PT, PMDB e PSDB?
Eu pretendia reenviar o artigo para meus amigos, mas defesa intransigente de políticos corruptos e o combate às medidas moralizantes que esperamos que Bolsonaro implante no Brasil desmereceu completamente a matéria.
Marcos, a matéria que vc diz ser excelente nasceu para contestar a criação de tilápias promovida por um ignorante que nada conhece sobre o meio ambiente, e não faz se não maltratá-lo. Foi assim na Amazônia e no Pantanal que, em apenas dois anos de governo, foram depredados numa velocidade jamais vista. Agora o homem quer detonar tb nossos cursos d’água com a criação de tilápias contestada pela ciência que ele despreza. No mar, nosso pescador de plantão, fez o mesmo malefício. Ignorante até a exaustão, criticou o Rio Grande do Sul por ter conseguido se livrar da maldita pesca de arrasto a menos de 12 milhas da costa (Veja o post Pesca de arrasto no litoral gaúcho e liminar do STF). Prestigia um secretário da pesca cuja família é dona de uma frota pesqueira das mais multadas por desrespeitar as leis da pesca como a matéria mostra em detalhes. E mesmo assim vc crítica ‘ odioso discurso ideológico anti-Bolsonaro?’e tenta uma comparação com partidos anteriores. O que tem uma coisa a ver com a outra? Do ponto de vista ambiental, que é o foco deste site, critiquei severamente os governos Lula e Dilma. E tb o governo do Estado de São Paulo, do PSDB quando achei que merecia. E também elogiei pelo mesmo motivo: boas ações ambientais. Neste post, Governo Doria ameaça Fundação Florestal confirmando descaso, vc encontra críticas ao PSDB; e neste, Monumento Natural Mantiqueira, nova UC de São Paulo, elogios. E ninguém reclamou do ‘discurso odioso’ ao Dória ou Lula e Dilma. Só os fanáticos pelo mito e seus filhos enrolados na Justiça. Tenha dó.
Boa!
Boa João. Tipo um “cala boca” com luva de pelica!
O veganismo responde a essas questões. Se fôssemos veganos sequer estaríamos tendo q lidar com o Covid. O consumo animal além de não fazer bem à saúde, destroi o meio ambiente. Triste.
Renata, concordo mas, se todo o mundo se tornasse vegano, não teríamos alimentos para todos. Com a tecnologia que temos atualmente, precisaríamos de imensas áreas plantadas, com o impacto ambiental derivado. O mundo caminha para isso, temos um imenso desafio, portanto: aumento brutal da produção de alimentos, de forma sustentável.
E qual seria a solução para manter viva a industria do salmão?
A pergunta que me parece correta, Marcos, seria porquê manter viva a indústria do salmão. Responda quem for capaz…
Acredito que você já respondeu quando comparou à agricultura e pecuária ,ou seja, é uma atividade em evolução mais recente e evoluir com erros e acertos faz parte da natureza humana .
O grande problema da criação de animais em grande escala, seja no ambiente terrestre, marinho, ou se água doce, é que requer condições artificiais muito agressivas ao ambiente. Enquanto esse problema (de condições agressivas) não for resolvido, continuaremos causando sérios danos ambientais.
É impressionante a capacidade do ser humano em intervir na natureza! O salmão chileno é um problema para os chilenos resolverem mas devemos aprender com os erros dos outros. Devemos salvaguardar as espécies nativas do Brasil e seu habitat. Sem “mágicas” e sem fazendas de Saint Peter!
Excelente matéria!!! É um belo exemplo de estudo principalmente para o Brasil que tem uma vasta área costeira e se posiciona de forma indiferente a mesma, tendo pleiteado e obtendo êxito na formação da chamada ” Amazônia Azul “, o governo federal insiste em nomear pessoas que desconhecem o que é Meio Ambiente e sua preservação sustentável, e isso vem acontecendo por vários anos. No caso brasileiro temos o agravante dos navios industrias chineses que pescam cardumes inteiros no Atlântico e comprometem dessa maneira todo o ecossistema nacional.
Matéria muito completa, esclarecedora. Parabéns!
João,
Excepcional matéria. Me remeteu a ignorante política do governo Lula dirigida a fortalecer via BNDS os campeões nacionais. JBS, Sadia, Perdigão e etc etc. A parte das questões negativas ou positivas no meio ambiente a questão social é tão grave ou pior que a cultura do salmão. Os grandes campeões compram toda a produção de pequenos produtores a preços ínfimos. Claro o pequeno produtor para melhorar sua receita e os resultados financeiros só vê como saída o aumento da escala em sua produção. Processo que na grande maioria das vezes passa pelo uso de recursos como o uso de antibióticos e hormônios. O campeão nacional industrializa, embala e distribui. Um caminhão refrigerado parte do oeste de Santa Catarina e entrega a mercadoria em Recife, São Paulo e outras praças. O impacto ambiental ( petróleo poluição / pneus borracha / gases de refrigeração dos caminhões e assim por diante ) e um impacto significativo. Certamente o mais brutal impacto e a destruição do pequeno produtor e sua importância na economia de pequenas e médias cidades
A questão é polêmica e certamente demanda uma reflexão mais aprofundada na definição de políticas em linha com um futuro de melhor qualidade de vida sob todos os aspectos.
João, imagino que música ainda seja uma das suas paixões.
Acho pertinente sua exposição como outras, só não concordo quando entra na área política expondo sua opinião sobre isto como parte de sua tese. Todos temos opinião politica que expomos nos foros apropriados.
Política faz parte indissociável das nossas vidas pois são atos políticos que criam e sustentam a realidade. A matéria acima explicita isso. Ao nos passar seu pensamento, o autor não tenta ser planfletário — falar bem ou mal de um político A ou B — mas sim nos chamar a atenção para os rumos que este nosso governo está escolhendo para nós.
Wladimir, sua premissa está errada, pois são governos formados por políticos que tomam as decisões de promover iniciativas como criação de tilápias em grande escala, sem conhecer as consequências do que isso causa. O problema de Bolsonaro (e não só dele, mas atualmente ele é o presidente), é que ele não só é ignorante sobre muitas coisas, como também faz questão de permanecer ignorante.