Você conhece a frota de petroleiros escura?
Segundo o Lloyd’s Register, em 2022 a frota de petroleiros mundial alcançava 87.000 navios. E a dark fleet, ou frota escura, você conhece? O site especializado splash247.com fez uma investigação e informou que ‘uma das questões mais discutidas e debatidas no transporte marítimo atualmente é o tamanho da chamada frota escura, a vasta gama de navios-tanque que viajam pelos oceanos do mundo tentando evitar sanções. Após semanas de trabalho ao lado de fontes da indústria, a Splash descobriu que a frota escura de navios-tanque totalizava 421 navios. O nome Dark Fleet vem pelo fato destes navios desligarem seus equipamentos de rastreamento. E por que o fazem? Porque são navios a serviço de países que sofrem sanções como o Irã, a Venezuela e, mais recentemente, a Rússia. São latas velhas, caindo aos pedaços que transportam petróleo de um lado para outro ameaçando ainda mais os oceanos.
Petroleiro gigante detido na China
Outro site especializado, o gcaptain, informou em maio de 2023 que ‘um petroleiro gigante detido na China falhou em sua inspeção de segurança em mais de 20 acusações, destacando os perigos representados por uma frota em rápida expansão de embarcações antigas navegando nos oceanos.’
‘O navio, de nome Titan, trocou de nome sete vezes e tem a administração a cargo uma empresa cujo endereço é uma caixa postal nas Seychelles.’
‘Documentação insuficiente, lapsos de segurança e antecedentes obscuros. Assim são os navios-tanque da frota escura que proliferaram desde a invasão da Ucrânia pela Rússia. As sanções do Grupo dos Sete sobre o petróleo russo, bem como as existentes sobre as cargas iranianas e venezuelanas, criaram um comércio em expansão para esses navios antigos que operam fora da supervisão ocidental.’
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As ameaças da frota mundial de navios
Por aí pode-se ver o montante das ameaças apenas de navios que circulam pelo planeta. Além do combustível podre que utilizam, ainda há a água de lastro, um dos motivos do aumento da bioinvasão; a água cinza, responsável pela poluição; e os acidentes por desleixo da indústria marítima mundial que, para economizar, contrata tripulações irresponsáveis e despreparadas.
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Esta é uma das causas de acidentes desastrosos para a vida marinha. Basta lembrar o Exxon Valdez, que poluiu as águas ainda prístinas do Alasca, ou, mais recentemente o caso do graneleiro japonês MV Wakashio, com bandeira do Panamá, que ‘escalou’ corais ainda prístinos nas Ilhas Maurício. E sabe por quê? Porque havia uma festinha a bordo e a tripulação queria sinal de celular!
Assim, saíram da rota recomendada, aproximaram-se demais sem perceber – seus oficiais estariam bêbados? – e atingiram os recifes. Em seguida o navio partiu-se provocando imensos prejuízos ambientais.
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Como se não bastasse, temos agora um aumento sensível da frota de latas velhas que se arrastam pelos mares, e sem seguro, obviamente. O gcaptain destacou o caso do navio Pablo: ‘A China e outros estados marítimos tiveram um vislumbre desses riscos no início deste mês. Cerca de 10 dias depois de deixar a costa do país, outro navio da frota escura, o Pablo, explodiu na costa da Malásia. Embora a causa do acidente não seja clara, acredita-se que os vapores dos restos da carga de petróleo possam ter contribuído.’
Ainda assim, uma destas latas velhas, o Titan, o tal que mudou de nome sete vezes, foi liberado como informou o gcaptain: ‘Entre as 23 deficiências do Titan estavam o acúmulo de óleo em sua sala de máquinas e problemas de segurança contra incêndio em seu sistema de gás inerte – o mesmo equipamento que ajuda a evitar a explosão de vapores. Após sua detenção em 29 de abril, o navio foi liberado em 2 de maio e visto pela última vez navegando perto de Taiwan.’
New York Times reporta outros casos
O New York Times também abordou o tema. O jornal conta que em fevereiro um petroleiro transmitiu sinal mostrando que navegava a oeste do Japão.
Contudo, o trajeto era altamente incomum. Ao longo de um dia, seus sinais mostraram um comportamento errático conforme mudava rapidamente de posição.
Uma imagem de satélite aprofundou o mistério, diz o Times. Não havia nenhum navio ali. O Cathay Phoenix estava enviando um sinal falso de localização. Isso é conhecido como “spoofing”.
Na verdade, ele estava 250 milhas ao norte carregando petróleo no porto russo de Kozmino, parte de uma viagem para a China que provavelmente causou uma violação das sanções dos EUA.
O Cathay Phoenix, diz o NYT, não é um navio desonesto solitário, mas um dos pelo menos três petroleiros identificados pelo The New York Times tomando medidas extraordinárias para esconder sua verdadeira atividade, uma prática que os ajuda a iludir a supervisão do governo dos EUA e coloca sua seguradora americana em risco, violando as recentes sanções ao petróleo bruto russo.
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Desligando transponders
Durante anos, os navios que desejam ocultar seu paradeiro recorreram ao desligamento dos transponders que todas as grandes embarcações usam para sinalizar sua localização. Mas os petroleiros rastreados pelo Times vão além disso, usando tecnologia de falsificação de ponta para fazer parecer que estão em um local quando na verdade estão em outro lugar.
“O tipo de falsificação que estamos vendo é incomum e sofisticado”, disse David Tannenbaum, ex-responsável pelo cumprimento de sanções do Tesouro dos EUA, referindo-se aos navios-tanque identificados pelo jornal. “Definitivamente parece evasão em todas as partes.”
Antes de mais nada, os petroleiros ainda têm um motivo para falsificar: manter sua cobertura de seguro, sem a qual não podem operar na maioria dos grandes portos. As únicas seguradoras financeiramente capazes de cobrir navios-tanque são baseadas principalmente no Ocidente e sujeitas às sanções.
De acordo com as listagens no site do American Club, as apólices dos seis petroleiros foram renovadas em fevereiro, depois que três deles já haviam começado a falsificar enquanto transportavam petróleo russo.
Definitivamente, o mar não está para peixes, ou está?
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Boa noite, essa situação nos deixa preocupados, tenho pesquisado por uma solução ambiental.
Não há dúvidas de que esta situação é absurda e deve acabar. Tenho uma sugestão, seguir a letra do Chico em “Apesar de Você”: “Você, que inventou esse estado/Ora tenha a fineza de desinventar”. Simples, não?
Dúvida João. Nos conhecemos através do Plininho na Barra do Una há 30 anos atrás. Talvez vc possa me sanar uma dúvida que carrego comigo desde tempos de Colégio S. Luís.
O Coletivo de navios não é Flotilha em vez de Frota?
Grato
P. Villares
Olá, Paulo, prazer em encontrá-lo novamente. Pedi ajuda ao dicionário. Segundo ele, “flotilha é uma esquadra constituída de pequenas embarcações de guerra ou de pesca e com características idênticas ou semelhantes.” Enquanto isso, a definição de frota é: “conjunto de navios de guerra ou de navios cujo fim específico se designa (frota mercante, frota pesqueira etc.).” É isso, abraços.