Viagem da Kika, Groenlândia – Kap Farvel até o Círculo Polar Ártico
No último relato, de número 22, Kika esta em rumo ao Ártico. Agora, ela conta o que viu em Groenlândia parte I nesta viagem que mais parece uma saga que começou em 2016. De lá para cá ela esteve no Polo Sul sempre a bordo Antartic e, agora, no polo oposto. A foto abaixo mostra a navegação entre neblina e icebergs. Como sempre, todos as fotos são da autora deste texto.
Depois de uma longa travessia desde a Irlanda nossa primeira ancoragem na Groenlândia foi numa pequena baía abrigada de vento, icebergs e pack ice. Em momentos como este coisas simples como uma boa refeição, um banho quente e uma noite bem dormida fazem a felicidade.
Despertamos com olhos para descobrir um novo mundo, colocamos o dinghy (bote de apoio) na água e fomos para terra esticar as pernas que, acostumadas ao balanço do mar, ficam bambas no chão firme. Caminhamos sobre terreno rochoso e nos deparamos com um monte de pedras formando um fogão protegido, estávamos num acampamento de caça inuit.
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Os inuits são povos tradicionais que vivem no Ártico há milhares de anos e adquiriram grande experiência de sobrevivência no gelo, sua distribuição geográfica abarca desde a Sibéria até a Groenlândia.
Desde 2.400 a.C várias culturas nômades (Independence I e II, Saqquaq e Dorset) passaram por Kalaallit Nunaat (Groenlândia) e depois desapareceram. O povo da cultura Thule chegou em 1.100 d.C e hoje se adapta aos desafios da vida sedentária num território dinamarquês autônomo.
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Segundo as sagas nórdicas, os vikings partiram da Islândia para se estabelecer no sudoeste da Groenlândia em 985 d.C. Era uma colônia importante que chegou a alcançar entre 3.000 e 5.000 habitantes em dois assentamentos. Possivelmente uma mudança climática ocasionou a desaparição dos Norsemen no século XV.
Groenlândia hoje
A Groenlândia hoje tem 56.000 habitantes e é a maior ilha do mundo, 80% de sua área está coberta permanentemente por gelo. Até hoje nunca foi circunvagada, nem mesmo por uma embarcação quebra-gelo. Na costa leste a navegação é muito difícil devido à presença de denso pack ice com origem na Bacia Polar. Carregados pela correnteza stories (polar pack ice) chegam até Kap Farvel no extremo sul.
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Veleiro da família Schurmann sofre sério revés durante tempestadeViagem da Kika, arquipélago Ártico CanadenseViagem da Kika, GROENLÂNDIA parte IINossa viagem foi ao longo da costa oeste, onde se encontram os principais centros de atividade. Superado o Kap Farvel (Cabo Farvel) a navegação está livre de gelo até o círculo polar ártico desde cedo na temporada de verão.
Rota interna para Nanortalik
Navegamos entre ilhas por uma rota interna para Nanortalik, um porto pesqueiro com 1.400 habitantes. Ancoramos em frente ao porto principal onde uma embarcação da Royal Arctic estava atracada para abastecer a cidade. Ao lado havia um galpão da indústria pesqueira Royal Greenland.
Pequenos barcos de fibra com potentes motores de popa estavam amarrados ao píer. Próximo, o mercado de peixe vendia carne e gordura de foca, peixinhos pequenos e algas secas. Havia dois supermercados com grande variedade de produtos, inclusive espingardas e aparelhos de comunicação via satélite, a maior parte da mercadoria de origem dinamarquesa.
Edificações modernas com sistema construtivo dinamarquês seguem um critério de cor para identificar os serviços públicos como hospital, escola, polícia e centro comunitário. A igreja ocupa um lugar de destaque na paisagem e está impecável. As casas são bem coloridas.
Parte antiga da cidade
Na parte antiga da cidade as construções são de madeira, alguns galpões de pedra e madeira que serviam de base para antigos baleeiros foram transformados em museu.
O tourist office era simples mas bem equipado, com atendimento primoroso e internet. Com exceção do tourist office o esquema urbano se repete nas cidades em geral. Os insumos para a pesca, como motor de popa e combustível, são subvencionados pelo governo dinamarquês, o litro de diesel custa um terço do preço da França.
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Uma pequena ilha com piscinas de águas termais
De lá seguimos para Uunartoq, uma pequena ilha com piscinas de águas termais mencionada nas Sagas dos Norsemen. Rodeados de icebergs ficamos imersos na água quente em companhia de duas famílias inuits, felizmente pudemos nos comunicar com uma mãe que falava inglês.
Chegamos em Nuuk dia 20/6 e atracamos no porto comercial onde fizemos a entrada no país. A atmosfera de início de verão era bastante cosmopolita, com turistas e prestadores de serviços de várias nacionalidades.
Com 19.000 habitantes a capital da Groenlândia é a maior cidade do país e está em processo de transformação urbana, com obras de expansão da rede viária e vários edifícios residenciais em construção.
A tripulação pegou um avião de volta para a França e duas passageiras embarcaram, uma artista francesa e uma médica australiana.
Navegamos para o interior de Nuuk ao longo de fiordes entre montanhas que lembram a costa norueguesa. Nos deparamos com muitos icebergs que se desprendiam dos glaciares e inúmeras cascatas de degelo onde pudemos abastecer os reservatórios de água doce.
Pesca de bacalhau
A pesca de bacalhau é abundante, a técnica local recomenda jogar a linha com várias iscas artificiais tipo minhoca vermelha e chumbo na extremidade até tocar o chão numa profundidade de 50 m, balançar um pouco e recolher a linha com um ou mais peixes fisgados de uma só vez.
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No centro-oeste, o Município de Qeqqata tem uma forte tradição de caça e pesca. Conhecida por baleeiros holandeses, alemães e ingleses nos séculos XVII e XVIII a região já era habitada por 4.500 anos pela cultura Saqqaq (Saiba mais sobre a caça às baleias).
Maniitsoq é um atraente e movimentado assentamento pesqueiro localizado numa ilha, com um deck desde onde é possível avistar baleias no final da tarde.
Visitamos Napasoq onde 85 pessoas formam uma comunidade historicamente conectada com o mar e seus recursos.
Kangaamiut, porta de entrada do Eternity Fiord
Kangaamiut é a porta de entrada do Eternity Fiord, onde se encontram os mais altos picos da costa oeste, uma das mais belas paisagens de nossa viagem. Ladeados por picos rochosos pontiagudos e glaciares pendurados nas paredes verticais navegamos pelas ramificações do fiorde até o final, onde haviam glaciares muito ativos.
Avistamos extensas colônias de pássaros e ninhos com filhotes. Caminhando ao longo de um rio vimos pegadas de renas e nos deparamos com um enorme boi-almiscarado, que graças à sua pelagem felpuda aguenta temperaturas tão baixas como -40°C.
Logo após cruzar o circulo polar ártico chegamos em Sisimiut, com uma mistura de inuits e dinamarqueses é a segunda cidade mais populosa do país. Lá vimos os primeiros trenós e cachorros.
Lakshya PC Exam Through Science & Technology MCQs | Sanjay Kumar HP
TUDO MARAVILHOSO, GOSTO MUITO DISSO
PARABENS POR NOS MOSTRAR TODAS ESSAS IMAGENS