Passagens marítimas: entenda sua importância geopolítica

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Passagens marítimas: entenda sua importância geopolítica

Antes de mais nada, o mundo tem cerca de 200 passagens marítimas, canais de navegação ou estreitos. Esses gargalos são pontos estratégicos, geralmente rasos e estreitos, que ligam dois corpos d’água ao longo das principais rotas marítimas. Por isso, podem provocar congestionamentos ou até interromper o tráfego, segundo informa o site futuribles.

Navio no Estreito de Ormuz
Imagem, www.aa.com.tr.

As interrupções das passagens marítimas

Segundo a mesma fonte, as interrupções podem ser pontuais e breves. Foi o que ocorreu com o Ever Given, superpetroleiro de 400 metros que entalou no Canal de Suez em 2019. Mas também podem durar mais tempo e ter impacto global, como no caso de sanções internacionais.

Estreitos estratégicos podem afetar a economia mundial. Um exemplo é o Estreito de Ormuz, por onde passa entre 20% e 30% do petróleo bruto do planeta todos os anos. Um bloqueio ali causaria efeitos sistêmicos.

Gráfico do estreito de Ormuz
A importâncias das passagens marítimas.

Quase 90% do petróleo produzido no Golfo Pérsico sai da região em navios-tanque. Todos precisam passar pelo Estreito de Ormuz, um gargalo com apenas 55 quilômetros de largura. Nenhuma rota terrestre oferece solução viável em caso de bloqueio. Oleodutos e caminhões não dariam conta do volume transportado por mar.

O Estreito de Ormuz

Para o site Geopolitical Monitor o Estreito de Ormuz  é indiscutivelmente o corredor marítimo mais sensível do mundo em termos geopolíticos.

Em uma ordem global em mudança, marcada por crescentes riscos geopolíticos, é hora de as principais potências asiáticas — China, Índia, Japão e Coreia do Sul — assumirem papéis diplomáticos e militares mais ativos na segurança do Estreito de Ormuz. Não fazer isso aumenta cada vez mais o risco de grandes choques econômicos no futuro.

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Quem sabe o farão, depois da ameaça do Irã, já que agora, além do mau tempo, os sequestros de navios mercantes não cessam na região, ao contrário, tornam-se mais sofisticados com uso de helicópteros.

Ormuz expõe as vulnerabilidades marítimas da Ásia

A mesma fonte diz ainda que, os fluxos de energia do Golfo Pérsico são de importância crítica para as economias da Ásia. Assim, os dados dos EUA e da Bloomberg para 2023 mostram que o fluxo de petróleo bruto através de Ormuz segue um padrão:

  • China: 33% de remessas de energia
  • India: 13%
  • Japan: 11%
  • South Korea: 11%
  • Other Asian states: 15%

De antemão esses números sugerem que mais de quatro quintos do petróleo que passa por Ormuz é importante para as economias asiáticas. Uma interrupção, mesmo que por uma semana, não só aumentaria os custos de energia em todo o mundo mas, de maneira idêntica, interromperia as cadeias de abastecimento, enfraqueceria as bases industriais e agravaria as tensões geopolíticas em toda a região.

O Irã e o Estreito de Ormuz

Segundo o jornal inglês  The Guardian, a decisão inédita de Donald Trump de bombardear três instalações nucleares iranianas aumentou o temor de um conflito maior no Oriente Médio.

Trump se juntou a Israel na maior ofensiva militar ocidental contra o Irã desde a revolução islâmica de 1979. Agora, o mundo espera a resposta iraniana. No passado, Teerã ameaçou fechar o estreito, mas nunca cumpriu.

O Guardian também aponta que, se tentar fechar o Estreito de Ormuz, o Irã deve usar minas navais. A estratégia incluiria espalhá-las pelas duas rotas de 3 km de largura, com munições programadas para explodir ao detectar tráfego.

Teme-se as minas marinhas. Acredita-se que o Irã tenha vários milhares, incluindo uma chinesa que lança um foguete do fundo do mar caso detecte um alvo, bem como outras minas que podem ficar ancoradas na água.

O Brasil e o conflito no Oriente Médio

O Estadão foi feliz em seu editorial de 24 de junho, ao demonstrar como ‘a posição do governo repete o padrão de críticas seletivas e condescendência com autocracias que conspurca a credibilidade diplomática do País’.

É importante observar a posição brasileira ainda mais por tratar-se de um sério conflito geopolítico ao mesmo tempo em que o governo Lula pretende ser importante na área, apesar das bobagens que diz e faz. E prossegue o editorial:

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‘A nota do Itamaraty sobre a ofensiva dos EUA ao Irã, longe de defender princípios democráticos ou a estabilidade internacional, é mais uma demonstração de alinhamento do governo Lula da Silva ao bloco autocrático global. Essa posição, marcada por um duplo padrão diplomático, põe o Brasil em rota de colisão com a tradição histórica de equilíbrio e prudência que sempre orientou sua política externa’.

O “eixo da hipocrisia”

‘No conflito entre Israel e Irã, o governo brasileiro formou com a Rússia o que se pode chamar de “eixo da hipocrisia”. A Rússia, que viola a soberania da Ucrânia numa guerra de agressão, condenou “com veemência” os ataques a alvos militares e instalações nucleares iranianas, reprovando-os como violações da soberania e do Direito Internacional. O Brasil, que jamais condenou “com veemência” a agressão russa na Ucrânia nem repudiou o bombardeio russo a uma das usinas nucleares ucranianas, também condenou o ataque americano ao Irã “com veemência”, salientando que “qualquer ataque armado a instalações nucleares representa flagrante transgressão da Carta das Nações Unidas”’.

E ficamos por aqui. Antes de encerrar, chamamos a sua atenção para a imensa importância dos oceanos, não necessariamente em questões ligadas ao clima e à biodiversidade.

Depois que Steven Spielberg lançou um dos maiores sucessos de bilheteria de todos os tempos, Jaws, as pessoas passaram a ter pavor dos tubarões e não mais se incomodam com sua matança generalizada. Qual o motivo?

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