Santos, São Paulo, dá exemplo sobre mudança climática
Este site vive chamando a atenção para o pouco caso que as cidades costeiras, especialmente, dão ao aquecimento do planeta. A maioria não se mexe para se preparar para o que já está acontecendo: os eventos extremos que enfrentamos. Mas ao menos uma delas merece o nosso respeito. Santos, São Paulo, dá exemplo sobre mudança climática.
Santos, São Paulo, e os bons exemplos que deveriam ser copiados
De acordo com o site Trata Brasil, organização da Sociedade Civil de Interesse Público, formado por empresas com interesse nos avanços do saneamento básico e na proteção dos recursos hídricos do País, e referência nesta área, informa que “Santos foi um município destaque no evento do Instituto Trata Brasil, “Casos de Sucesso – Avanços em Saneamento Básico 2015”, pelo desempenho positivo na expansão de serviços de saneamento do município.”
Santos em primeiro lugar!
Ainda segundo o Trata Brasil, “Santos, situado no litoral sul de São Paulo, desde o início da elaboração do Ranking do Instituto Trata Brasil, em 2009, figura nas primeiras posições. Assim como na edição de 2020, o município de Santos ocupa a 1ª posição no Ranking do Saneamento de 2021.”
E mais: “Santos abastece 100% da população com água tratada, 99,93% têm acesso à coleta de esgoto e 97,63% do volume de esgoto é tratado.”
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Santos apresenta Planos de Enfrentamento à Mudança do Clima
De acordo com o site da prefeitura, no dia 13/01/2022, a Secretaria Municipal de Meio Ambiente de Santos (Semam), em parceria com a Cooperação Alemã para o Desenvolvimento Sustentável (GIZ), promoveu o evento on-line “Dia de Adaptação e Resiliência Urbana Santista”
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“Durante o encontro foram entregues o Plano de Ação Climática de Santos (Pacs), o Plano Municipal de Conservação e Recuperação da Mata Atlântica (PMMA), o projeto de Adaptação Baseada em Ecossistemas (ABE) do Monte Serrat e o projeto de Governança Climática Local para o Avanço da Adaptação.”
Ana Carolina Câmara, diretora do Apoio ao Brasil na Implantação da sua Agenda Nacional de Adaptação à Mudança do Clima (ProAdapta), destacou “Tudo isso é o resultado do pioneirismo de Santos, que se comprometeu tecnicamente, possibilitando a implementação desses projetos. Sem essa força de vontade não seria possível a execução destes planos. A parceria reflete os avanços municipais e culmina com o papel de liderança do Município na região”.
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Apenas cinco Estados têm metas de redução de emissões
Conforme post que publicamos em setembro de 2021, só cinco Estados brasileiros têm metas de redução de emissões, que diria medidas para mitigar a subida do nível do mar…
As prefeituras de Santos demonstram que sabem o que ainda vem pela frente. De acordo com estudo do Climate Central, ONG que analisa e informa sobre a ciência do clima, Santos é uma das seis cidades mais ameaçadas pela subida do nível do mar (Neste post interativo, você poderá saber o que elas enfrentarão muito em breve).
Por este motivo o litoral de Santos foi escolhido como piloto de um projeto do Ministério do Meio Ambiente (MMA) para a adaptação à mudança do clima. De acordo com o painel brasileiro de mudanças climáticas, pmbc, ‘O objetivo é estimular a resiliência climática em todo o país, por meio do projeto de Apoio ao Brasil na Implementação da Agenda Nacional de Adaptação à Mudança do Clima (ProAdapta), financiado pelo governo alemão’.
Segundo o pbmc, ‘A escolha de Santos para a primeira etapa do projeto decorre da vulnerabilidade da região. Quando chove forte, por exemplo, os canais que cortam a cidade transbordam e inundam as ruas. Associado às tempestades e aos ventos fortes, o aumento do nível do mar na região costeira pode, ainda, trazer danos para as infraestruturas urbanas e causar prejuízos econômicos na área onde está o principal porto do país’.
Plano de 2016 adaptado
O site umsoplaneta.globo.com explica: ‘A cidade, pioneira na iniciativa no país, atualizou o plano de 2016 com oito eixos prioritários de ação, 50 metas para serem cumpridas entre 2025 e 2050, mapeamento de áreas de risco e a criação de um índice de risco climático e vulnerabilidade socioambiental’.
Segundo Eduardo Kimoto Hosokawa, chefe da Seção de Mudanças Climáticas (Seclima) da Secretaria Municipal de Meio Ambiente de Santos, ‘A cidade de Santos lançou o primeiro plano de mudança do clima em dezembro de 2016 – o primeiro do país’.
“É uma cidade altamente adensada, vertical, não tem quase espaço verde. Sofre com o avanço do nível do mar, ressacas mais frequentes, drenagem inadequada, ilhas de calor. Cada vez chove mais e lidamos com todos os problemas sociais de populações que vivem no morro, em áreas de risco”.
Ainda segundo o umsoplaneta.globo.com, ‘O plano traça estratégias para três horizontes de planejamento – de curto (2025), médio (2030) e longo prazo (2050), explicou o engenheiro civil Ivan Maglio, coordenador do time de consultores da GIZ, a agência de cooperação alemã, que apoiou toda a elaboração da iniciativa’.
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‘Os princípios do plano vão desde a proteção e recuperação da Mata Atlântica e ecossistemas terrestres, estuarinos e costeiros ao uso de Soluções Baseadas na Natureza (SBN).’
Se Santos pode, e dá o exemplo, por que a maioria das outras ficam paradas no tempo? Arriscamos responder: porque parte significativa dos prefeitos de cidades costeiras brasileiras se preocupam mesmo é em comandar a especulação imobiliária que devasta e corrompe o litoral. Simples assim.
Imagem de abertura: Divulgação / PMS
Fontes: https://umsoplaneta.globo.com/clima/noticia/2022/02/02/pioneira-cidade-de-santos-atualiza-adaptacao-a-mudanca-climatica.ghtml; https://tratabrasil.org.br/pt/saneamento/casos-de-sucesso/santos-atinge-quase-100-de-coleta-de-esgoto-em-cinco-anos; https://www.santos.sp.gov.br/?q=noticia/santos-apresenta-planos-de-enfrentamento-a-mudanca-do-clima-nesta-quinta.
Morei em Santos muitos anos, perto do emissário submarino, voltei essa semana para visitar minha mãe e estranhei ao passar por trás da estação de tratamento de esgoto o descaso da SABESP, que deixou de tratar a emissão de cheiro desse esgoto que ela ali trata, o que penaliza e prejudica a qualidade de vida de quem mora no entorno desse equipamento tão perto da praia. Gestão Dória fica devendo mais esta.
Perfeito. Santos realmente se sobressai nessas ações que visam o futuro da cidade. Tenho imóvel na Praia Grande e é exatamente oq expôs o texto. Especulação imobiliária. Prédios na orla chegam a 40 andares, cobrindo a faixa de areia com sombra. Rede de esgoto longe de ser atualizada, não se vê uma ação da prefeitura visando diminuir o lixo de turistas e moradores mal educados. Quem quiser comprovar, dê um passeio do Canto do Forte até o Caiçara.
Caros
Como, apesar de tudo isso, a praia continua poluída, sem condições de se tomar um banho de mar ou sequer sentar na areia ?
Discordo. A água na orla de Santos está muito mais limpa do que há 36 anos, quando vim morar aqui (e nunca quis sair).
Luiz, a poluição que chega nas praias de Santos vem de outros lugares.
A coleta de esgotos em Santos chega a praticamente 100%, mas você pode conferir até em fotos de satélites, que circulam na internet, que o mesmo não acontece do outro lado do canal do porto, como Vicente de Carvalho, e outras localidades, fora de Santos, que continuam lançando esgoto não tratado diretamente no mar.
Dependendo das marés, ventos, correntes, etc. esse esgoto acaba nas praias de Santos, infelizmente. Apesar de todo trabalho feito em Santos, não depende só dessa cidade os problemas de saneamento da região.
“Pátriam charitatem et libertatem docui” e agora, também, prevenção para o futuro próximo, seja, Santos não vai sucumbir !
De fato Santos, não é o “paraíso na terra”. Tem problemas como todos os municípios, mas nos quesitos de saneamento, e planejamento para mudanças climáticas está muito à frente de outros municípios.
E não precisa ir longe para ver a diferença. Basta ver como os municípios vizinhos, São Vicente, Cubatão e Guarujá, lidam com as mesmas questões.
Faltou avaliar o impacto das edificações erguidas nos últimos 15 anos com a especulação imobiliária atraída pelas empresas do pre-sal na cidade de Santos. A cidade não comporta mais concreto armado, numa base sedimentar que afunda a cada dia. O plano de impacto ambiental pode ser bonito no Monte Serrat, mas não funciona na orla. Houve obras polemicas para alargamento do canal do porto, com impactos negativos em Santos e cidades vizinhas. Me parece parcial demais a analise, algo estranho para um espeço tão ativo na denuncia de erros ambientais. Sou santista, mas não bairrista. Infelizmente, Santos não é um bom exemplo para a gestão de impactos ambientais no Brasil. Os canais de Santos são parte de uma infraestrutura antiga e obsoleta. O urbanismo da cidade parou nisso. O resto é pura especulação imobiliária, que atinge toda a orla brasileira.
Mathias: de fato os canais são antigos, e merecem troca. Quando à especulação, pode acontecer como em quase todas as cidades costeiras, mas num nível bem menor que em outras. Enfim, pesquisei bastante antes de escrever e percebi um esforço para a adaptação à crise do clima, sem falar no exemplo de saneamento. Problemas sempre existem. Mas acredito que Santos mereceu o destaque pelos motivos expostos no post.Abs
Concordo tanto com Mathias como com o João (permitam-me), e aproveito para sugerir uma matéria mostrando o trabalho do o engenheiro sanitarista carioca Francisco Saturnino Rodrigues de Brito responsável pelo projeto urbanístico da orla de Santos no início do século XX.