Avanço do mar no Brasil: as cidades mais ameaçadas pelo oceano
Das capitais do Sul ao Norte do país, seis cidades brasileiras estão entre as mais ameaçadas pela elevação do nível do mar. Segundo estudo da ONG Climate Central, especializada em ciência do clima, Porto Alegre, Santos, Salvador, Recife, Fortaleza e São Luís lideram o ranking nacional de vulnerabilidade costeira. A análise se baseia em artigo publicado na revista Environmental Research Letters , em outubro de 2021, que identificou as áreas mais propensas a sofrer inundações sem precedentes caso não sejam adotadas políticas eficazes de mitigação. Este é um post interativo do Mar Sem Fim: Cidades brasileiras mais ameaçadas pelo avanço do mar.

Cidades brasileiras mais ameaçadas
O Brasil ocupa o 17º lugar entre os países mais vulneráveis à subida do nível do mar, segundo levantamento da Climate Central. A pesquisa projeta diversos cenários, começando por um aquecimento de 1,1 °C — patamar já ultrapassado, já que o planeta aqueceu 1,2 °C desde os níveis pré-industriais — até um cenário extremo, com aumento de 4 °C na temperatura média global.

O cenário mais provável, de acordo com os compromissos assumidos na COP26, prevê um aumento entre 2 °C e 3 °C. Mas mesmo esse intervalo já representa riscos catastróficos para o Brasil.
A situação é crítica: dos 17 municípios brasileiros com mais de 1 milhão de habitantes, oito estão à beira-mar ou dentro de baías. Isso significa que milhões de pessoas vivem em áreas diretamente expostas à elevação do nível do oceano.
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Fraude no seguro defeso pago a pescadoresCem anos depois navio de Amundsen volta pra casaDesastre ecológico no Ribeira de Iguape pressiona o LagamarEntre as consequências esperadas estão:
êxodo populacional de áreas costeiras,
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perda de infraestrutura urbana, como vias, portos e redes de saneamento,
erosão — que já atinge grande parte do litoral brasileiro —, e
prejuízos econômicos e sociais imensos.
O Mar Sem Fim analisou os impactos de um possível aumento de aumento de 4ºC média global. Os resultados são assustadores.
Breve resumo do estudo e as cidades brasileiras mais ameaçadas
Um estudo publicado na revista científica Environmental Research Letters traz um alerta preocupante:
“Parte das emissões de dióxido de carbono causadas pelo homem permanecerá na atmosfera por centenas de anos, elevando as temperaturas e o nível do mar em todo o planeta.”
Mesmo que o mundo pare de emitir carbono hoje, os impactos já contratados continuarão avançando por séculos, provocando mudanças irreversíveis nas zonas costeiras.

Nações não parecem acreditar nos alertas
Apesar da gravidade das projeções, as políticas públicas e os compromissos assumidos pela maioria dos países não refletem a dimensão da ameaça.
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“As políticas e ações de redução de emissões da maioria das nações não parecem refletir essa ameaça de longo prazo, pois coletivamente apontam para a inundação permanente e generalizada de muitas áreas desenvolvidas.”
A frase do estudo revela o paradoxo central da crise climática: sabemos o que está por vir, mas seguimos como se não soubéssemos.
O Brasil
No caso brasileiro, o estudo não errou o alvo. Como mostramos em post publicado em setembro de 2021, apenas cinco Estados do país têm metas de redução de emissões — e ainda menos apresentam políticas concretas para lidar com a elevação do nível do mar.
Ou seja, em um dos países mais vulneráveis do planeta, a maioria dos governos estaduais sequer começou a se preparar. Pior que isso, um estudo recente da Universidade Federal do Rio de Janeiro mostra que praias como Copacabana e Ipanema, entre outras, podem desaparecer totalmente.
Ásia, o continente mais afetado
Embora o Brasil esteja entre os países em risco, a Ásia concentra os cenários mais dramáticos. Segundo o estudo:
“Pelo menos 50 grandes cidades, principalmente na Ásia, precisariam se defender contra níveis de exposição sem precedentes no mundo, se possível — ou enfrentar perdas parciais ou quase totais de suas áreas urbanas atuais.”
Os países mais vulneráveis são também grandes emissores de carbono. A lista é liderada por China, Índia, Indonésia e Vietnã, todos com forte expansão recente de usinas a carvão, ao lado de Bangladesh, um dos mais baixos e populosos do planeta.
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Essas nações concentram as maiores populações vivendo em áreas abaixo da linha de maré alta projetada — uma combinação explosiva entre risco climático e densidade populacional.
Nações insulares terão perda quase total
O estudo também alerta para um destino ainda mais severo para muitas pequenas nações insulares: a perda quase total de seus territórios.
“A linha da maré alta pode invadir terras atualmente ocupadas por até 15% da população global” — o equivalente a cerca de 1 bilhão de pessoas em risco de deslocamento forçado.
Acordo de Paris: ainda há tempo para evitar o pior
Apesar dos alertas sombrios, o estudo também traz uma mensagem de esperança: cumprir as metas mais ambiciosas do Acordo de Paris ainda pode fazer uma enorme diferença.
“Cumprir essas metas provavelmente reduzirá a exposição pela metade e pode evitar exigências globais de defesa sem precedentes para qualquer megacidade costeira com mais de 10 milhões de habitantes.”
Em outras palavras, ainda dá tempo de evitar o colapso urbano em escala global — mas isso exige ação imediata, coordenação internacional e cortes radicais nas emissões de carbono.
Veja agora o que aconteceria com Porto Alegre, RS
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Para cada simulação o Climate Central pergunta: Qual futuro vamos escolher? E alerta que tudo depende das decisões da COP 26.
Santos, SP
Rio de Janeiro
Salvador, Bahia
Recife, Pernambuco
São Luís, Maranhão
Imagem de abertura: Climate Central/Nickolay Lamm
Fontes: https://picturing.climatecentral.org/; https://iopscience.iop.org/article/10.1088/1748-9326/ac2e6b.
Vemos aí uma amostra preocupante do que pode acontecer com o planeta, sem dúvida com a já mudança em curso é quase certa esta verdadeira catástrofe venha a se confirmar se não houver um esforço dos mandantes do mundo. O que parece a falta de sensibilidade durante todo esse tempo transformou o que já alertado ora possa se transformar e verdade, a destruição sistemática só mostra que a preocupação está acima do bem do planeta em detrimento a ganancia que, sem dúvida é o que vale. O mundo na UTI não parece que se salvará com esta geração que mostra a falta de compreensão do verdadeiro problema.
Interessante matéria. Apenas ressaltar que Porto Alegre não tem mar,me banhada pelo Lago, Guaíba.