Recifes de ostras, solução natural para nosso litoral?
Investir em sustentabilidade é fundamental para economizar recursos e colaborar com o futuro do planeta. Não é por acaso que diversos segmentos econômicos estão optando por práticas mais sustentáveis para garantirem o sucesso, o crescimento e a valorização de suas marcas. Um estudo lançado pelo World Resources Institute, junto à Comissão Global de Adaptação, desenha um caminho para aumentar a resiliência dos centros urbanos e, ao mesmo tempo, reduzir distâncias sociais. Entre as recomendações principais está o uso de soluções baseadas na natureza como resposta a alagamentos, calor extremo e outros desafios. Muitas cidades mundo afora investiram nesta modalidade criando mais áreas verdes para amenizar as ilhas de calor, ou telhados verdes que diminuem o calor no verão, são isolantes térmicos no inverno e diminuem alagamentos em grandes chuvas, e assim por diante. Agora, muitos países estão criando recifes de ostras para a proteção do litoral.
O que são os recifes de ostras?
Cidades em todo o mundo estão lidando com inundações mais frequentes e severas, tempestades e ventos fortes, levando a perdas significativas de vidas e danos à infraestrutura. Desse modo, muitas regiões costeiras estão se voltando para um antigo aliado natural no combate a essas ameaças crescentes: os recifes de ostras. Essas estruturas estão se mostrando eficazes no amortecimento do impacto das ondas, bem como na prevenção da erosão.
Assim como o replantio de manguezais em todo o mundo está contribuindo para amenizar a erosão costeira, e ainda por cima, aumentando os berçários marinhos, os recifes de ostras são importantes pelos mesmos motivos.
Primeiro, eles criam habitats e fontes de alimentos cruciais para centenas de espécies marinhas, contribuindo para a biodiversidade. Em segundo lugar, eles servem como poderosos filtros de água natural. Segundo Happy Eco News, ‘uma única ostra pode filtrar até 50 litros de água diariamente, removendo poluentes e promovendo água mais limpa’.
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Como criar os recifes protetores
Segundo a Happy Eco News, recriar recifes de ostras pode ser feito de duas maneiras principais. O primeiro método envolve coletar conchas de ostras e distribuí-las em planícies de maré, esperando que as ostras selvagens se apeguem e formem um recife ao longo do tempo. O segundo, mais controlado, envolve o crescimento de ostras juvenis em incubatórios, estabelecendo-as em substratos duros e colocando essas estruturas perto da costa. A partir daí, as ostras continuam a crescer e construir o recife por conta própria’.
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Em suma, o processo é muito parecido com a criação de recifes de corais naturais, já em uso também no Brasil por projetos como o Coral Vivo, e outros; bem como os projetos de recifes artificiais também já usados no País. Ambos protegem contra a erosão que já se alastrou por 60% da costa brasileira, e ainda contribuem para a biodiversidade marinha.
O Phys.Org informa que os recifes de ostras nativos criaram seus próprios ecossistemas, cheios de uma gama diversificada de vida subaquática – suportando um número maior de espécies do que as áreas circundantes. O Dr. Philine zu Ermgassen, pesquisador honorário da Universidade de Edimburgo, disse ao site que “os recifes de ostras demoram a se desenvolver, com camadas de novas ostras acumuladas nas conchas mortas de seus antecessores, mas sua destruição através da sobrepesca foi relativamente rápida’.
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Matéria do World Economic Forum aponta que as comunidades costeiras abrigam bilhões de pessoas em todo o mundo, mas estão entre as mais afetadas pelas mudanças climáticas. A erosão costeira e a poluição na água são os principais desafios – mas os recifes artificiais construídos com conchas de ostras recicladas podem ser uma solução.
No Brasil não é diferente, 54,8% do total da população vivem no litoral, segundo o Censo 2022. Isso significa 111 milhões de pessoas. Por litoral entenda-se domicílios localizados a uma distância máxima de 150 quilômetros da costa.
Infelizmente, no Brasil litoral é visto apenas como espaço de lazer, logo, não chama a atenção como os biomas terrestres. Esta falta de compreensão da importância do litoral, se estende à esfera federal. Assim, dois anos depois de assumir o ministério de Meio Ambiente, Marina Silva ainda não falou sobre este espaço. A agenda ambiental marinha continua parada. Mas, que há soluções para mitigar o aquecimento na zona costeira, há. Falta apenas colocá-las em discussão e adotar as que melhor papel fariam na costa brasileira.
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