Recifes de corais do mundo valem US$ 36 bilhões para a indústria do turismo
Os recifes de corais são superlativos. Eles formam a maior estrutura viva, animal, do planeta. Além de serem o mais importante ecossistema marinho – cerca de 25% das espécies de peixes marinhos precisam de recifes de corais saudáveis – a indústria do turismo, por sua vez, contribui para três metas de alta prioridade dos países em desenvolvimento: a geração de renda, emprego e ganhos em moeda estrangeira.
A este respeito, o setor do turismo pode desempenhar um papel importante como força motriz do desenvolvimento econômico. Globalmente, o turismo é uma indústria de US$ 3 bilhões por dia. Segundo recente relatório das Nações Unidas, em mais de 150 países, o turismo é um dos cinco principais exportadores de renda.
Turismo e países em desenvolvimento
Os países em desenvolvimento são responsáveis por 40% das chegadas do turismo mundial e 30% das receitas do turismo. Infelizmente, por falta de estrutura e planejamento, o Brasil fica fora deste banquete.
Apenas 1% do fluxo mundial de turistas tem a ver conosco. Por isso é importante discutir o assunto, e pressionar o poder público a investir no setor. Este é um dos setores econômicos que mais crescem no mundo. Cerca de 9%, a 10% do PIB mundial vem do turismo.
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“Se é verdade que as pessoas revelam seus valores pela forma como gastam seu dinheiro, os recifes de corais são realmente muito valiosos. De acordo com um novo estudo publicado no Journal Marine Policy, o turismo em recifes de corais gera US$ 36 bilhões (U.S) em valor global a cada ano.”
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“O estudo, “Mapeando o Valor Global e a Distribuição do Turismo de Recifes de Coral”, diferencia o valor de muitas atividades na água – como mergulho e passeios de barco com fundo de vidro – do que os autores chamam de valores adjacentes ao recife.
Estes últimos são os benefícios muitas vezes negligenciados que os recifes de corais oferecem: águas calmas e transparentes, vistas deslumbrantes, belas praias e frutos do mar.”
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“A dependência do recife é muito, muito maior do que a maioria das pessoas imagina”, diz Mark Spalding, principal autor do relatório e cientista sênior do The Nature Conservancy, e bolsista honorário de pesquisa em Zoologia da Universidade de Cambridge.”
“Mais de 70 países e territórios têm “milhões de dólares em recifes” – recifes que geram US $ 1 milhão ou mais por quilômetro quadrado a cada ano. Esses recifes geram empregos e ganhos críticos em divisas para muitos pequenos estados insulares que têm poucas fontes alternativas de emprego e renda. Em todo o mundo, cerca de 70 milhões de viagens por ano podem ser atribuídas a recifes de corais.”
Como os cientistas chegaram a uma avaliação econômica tão específica e a mapearam para locais específicos?
Seguindo o dinheiro…
Eles seguiram o dinheiro que os turistas gastam pelo mundo. O trabalho, a metodologia inovadora e a análise de dados que o impulsionaram, ganharam recentemente o prestigiado Prêmio Tourism for Tomorrow Innovation do World Travel and Tourism Council.
A indústria de viagens e turismo tem uma participação na saúde dos recifes de coral. Viagens e turismo são indiscutivelmente a maior indústria do mundo.
Parêntesis para o Brasil
Por que será que o País está sempre entre parêntesis? Porque não está nem numa caixa, países desenvolvidos, muito menos noutra, em desenvolvimento.
Como disse Antonio Carlos Brasileiro Jobim, o nosso é um País particular, ‘não é para amadores’. Enquanto diversos países crescem alicerçados pelo turismo de observação, aqui o ‘ministro’ Ricardo Salles sela com uma pá de cal as nossas possibilidades.
Agora mesmo o ministro fechou esta possibilidade para Abrolhos, o único banco de corais do Atlântico Sul, área que será oferecida no próximo leilão da Agência Nacional de Petróleo!
Quase ao mesmo tempo, o México decidiu resguardar seus corais fazendo seguro! Será esta nossa sina, estar sempre na contramão?
Auto interesse esclarecido
A matéria do nature.org termina com a mesma conclusão que temos divulgado insistentemente, a inevitável interação entre turismo e conservação.
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“Se conseguirmos convencer a indústria a prestar atenção, nossa esperança é que eles aumentem e apoiem uma melhor gestão dos ecossistemas costeiros, como os recifes de corais. É uma espécie de auto interesse esclarecido ”, diz Lauretta Burke, co-autora do relatório, e Associada Sênior do World Resources Institute.
Até quando seguiremos no contra fluxo mundial?
Imagem de abertura – www.sciencenews.org/.
Fontes – http://www.oas.org/Dsd/Publications/Unit/Oea78e/Ch10.Htm; https://www.tutor2u.net/economics/reference/tourism-and-economic-development; https://blog.nature.org/science/2017/05/26/science-flickr-social-media-show-the-worlds-coral-reefs-36-billion-to-the-travel-industry-and-host-nations-every-year/.
O Brasil não tem menos de 1.200km2 de recifes de corais. E no dado da reportagem informando que os “recifes que geram US $ 1 milhão ou mais por quilômetro quadrado a cada ano”, então podemos concluir, a grosso modo, que deixamos de ter no turismo com os corais algo em torno de 1,2 bilhões de dólares por ano. Esse valor correspondente a 3,3 milhões de dólares por dia. Vivemos deitados em berço esplêndido, mas na pobreza e com enorme desigualdade sócioambiental.
Me parece que o nosso Ministro do Meio Ambiente é bastante interessado na exploração do turismo nacional ao contrário do que a reportagem sugere.