Ocupação da praia de Itamambuca gera polêmica em Ubatuba

Ocupação da praia de Itamambuca gera polêmica em Ubatuba

Das 70 praias de Ubatuba, oito estão entre as dez mais bonitas de São Paulo, segundo um ranking turístico baseado na avaliação de dois mil destinos. O município, com quase 93 mil habitantes, é o segundo mais populoso do Litoral Norte e ganhou o título de Capital do Surf por seus atrativos naturais. Mas o crescimento desordenado, somado à pressão da especulação imobiliária, do turismo e da construção civil, escancara os problemas de infraestrutura. No feriado da Semana Santa, turistas levaram 14 horas para percorrer os 227 km até São Paulo. Ubatuba não tem hospital de referência. O saneamento é precário. Os rios viraram esgotos a céu aberto e a balneabilidade das praias só piora. Mesmo assim, seguem os projetos de expansão. A nova polêmica gira em torno da construção de prédios de 3 a 5 andares na Praia de Itamambuca.

O evidente superadensamento

Segundo a CETESB, entre as 98 praias monitoradas no Litoral Norte Paulista, a mais poluída em 2024 foi a do Itaguá, em Ubatuba. Localizada na região central do município, ficou imprópria para uso em 51 das 52 semanas do ano.

O trecho da Praia de Itamambuca, próximo ao rio, apareceu em segundo lugar no ranking da poluição. Em 2024, esteve impróprio para uso em 27 das 52 semanas.

Quando a praia recebeu bandeira vermelha uma das líderes civis, a advogada Jaqueline Tupinambá, revelou em suas redes sociais que ’11 anos atrás entrei na Justiça exigindo que a Sabesp fizesse as obras de saneamento para o bairro…nenhum bairro do entorno da Bacia Hidrográfica do Rio Itamambuca tem saneamento básico!’

Em outras palavras, a falta de saneamento básico já é um problema crônico do balneário. De acordo com o site In21, ‘o Plano Municipal de Saneamento Básico, criado em 2015, ainda não saiu do papel na sua totalidade’.

Entretanto, não falta dinheiro. Segundo dados da prefeitura só a Taxa de Preservação Ambiental, implantada em 2023, gerou R$ 65 milhões.

O crescimento da periferia em Ubatuba

Não é apenas o turismo que cresce no município. Como não houve plano de construção de casas populares nos últimos 30 anos, a periferia cresce sem parar.

As ocupações em áreas de risco aumentaram. Os menos favorecidos acabam desrespeitando a lei construindo nas margens dos rios, nas encostas da Serra do Mar ou em áreas proibidas, como os manguezais. A ausência de alternativas oferecidas pelo governo municipal força essas pessoas a buscarem soluções precárias e arriscadas. Dados da prefeitura de 2021 mostravam 27 áreas de risco com cerca de 1.500 moradias.

Grande parte dos moradores da periferia é formada por trabalhadores que foram seduzidos pelo boom da construção civil e não encontram moradia. Assim, cresce também a criminalidade. A Secretaria da Segurança Pública do Estado de São Paulo divulgou as estatísticas criminais referentes a 2024. Ubatuba foi a segunda cidade mais violenta do litoral norte no primeiro trimestre de 2024.

Já o portal Rota 55 revelou, em janeiro de 2025, que Caraguatatuba e Ubatuba lideram a lista de cidades mais violentas do Estado de São Paulo. Contudo, o problema não é novo. Ainda em 2023 o Estadão publicou matéria baseada no Índice de Exposição aos Crimes Violentos (IECV), elaborado pelo Instituto Sou da Paz para cidades com mais de 50 mil habitantes. Ubatuba aparecia em 5º lugar entre 136 municípios.

Para nós, isso tudo reflete o baixíssimo nível dos prefeitos dos últimos 30 anos. Pelo menos cinco deles foram apeados do cargo por corrupção e, durante estas três décadas, nenhum prefeito se destacou por investimentos para superar as mazelas do município.

Abaixo-assinado por saneamento em Ubatuba

Em janeiro de 2025 houve a primeira polêmica do ano quando moradores colocaram nas redes socais um abaixo-assinado com o ‘objetivo de movimentar o Ministério Público Federal para que exerça sua atribuição com intuito de cessar a contaminação dos rios mencionados, cuja poluição é resultante, dentre outras, do lançamento de esgotos in natura’.

Praia de Itamambuca: você é a favor, ou contra, prédios de 3 a 5 andares?

Foi nesse ambiente que surgiu a nova polêmica. Mesmo com a cidade já superlotada, incorporadores agora querem construir prédios na praia onde deságua o poluído rio Itamambuca. Segundo a líder civil, advogada Jaqueline Tupinambá, nenhum bairro da Bacia Hidrográfica do Rio Itamambuca conta com saneamento básico.

As redes sociais logo se encheram de abaixo-assinados para tentar barrar a obra. Essa é a polêmica da vez — e certamente outras virão ao longo do ano.
O maior problema de Ubatuba continua sendo a falta de um governo que trabalhe pela cidade e sua população, e não por interesses particulares e escusos, como vem ocorrendo.

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Para saber mais assista ao vídeo de um morador de Ubatuba

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