Os oceanos já foram verdes, depois, azuis, e podem ficar roxos

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Os oceanos já foram verdes, depois, azuis, e podem ficar roxos

Em 1961, a bordo da nave Vostok 1, Yuri Gagarin observou a superfície do planeta. Ao ver os oceanos refletindo o azul da luz solar, exclamou: “A Terra é azul!”. Desde então, nos acostumamos com essa imagem. Mas nem sempre foi assim. No passado, os oceanos já foram verdes. Hoje, são azuis. No futuro, podem ficar roxos — ou até vermelhos. Um estudo publicado na Nature Geology & Evolution sugere essa possibilidade. A equipe liderada por Taro Matsuo, da Universidade de Nagoya, encontrou indícios de que as cianobactérias — fundamentais para a evolução da vida — prosperaram em mares verdes. Os cientistas também acreditam que os oceanos ainda podem mudar de cor com o tempo.

Os oceanos verdes
Há evidências de que as cianobactérias floresceram nos mares verdes. Universidade de Nagoya.

O Grande Evento de Oxidação

Segundo a Popular Science, este evento crucial aconteceu há cerca de 2,4 bilhões de anos. Aquele foi um período em que as cianobactérias (hoje conhecidas como algas) começaram a realizar fotossíntese. Ao aproveitar a luz solar para produzir oxigênio, esses microrganismos iniciaram uma mudança dramática na atmosfera da Terra. Assim, a mudança permitiu o desenvolvimento de formas de vida dependentes de oxigênio.

Embora a Terra tenha se formado como planeta há cerca de 4,5 mil milhões de anos, a maioria das estimativas sugere que foram necessários pelo menos mais 800 milhões de anos para que as primeiras formas de vida se desenvolvessem. Contudo, apesar de estar sem vida durante esse período o planeta já estava coberto por vastos oceanos pontilhados por sistemas de fontes hidrotermais que liberavam grandes quantidades de ferro na água.

Simulações químicas computacionais avançadas

O grupo liderado por Taro Matsuo explorou uma explicação possível, usando simulações químicas computacionais avançadas. Neste sentido, a equipe conseguiu aproximar-se de como o espectro de luz se difundia debaixo de água durante a era Arqueana, entre 4 a 2,5 bilhões de anos. Eles determinaram que as quantidades crescentes de oxigênio produzidas por organismos como as cianobactérias acabaram por interagir com o teor de ferro do oceano, transformando-o de ferro ferroso em ferro férrico.

Praia do Cassino e mar marrom
As praias do Rio Grande do Sul por vezes fica marrom. Mas, neste caso, é um processo natural que envolve algas, sedimentos e o regime de ventos que atinge especificamente o Estado que dá esta coloração. Acervo MSF.

Segundo o New Atlas, como o ferro férrico é insolúvel, precipita-se sob a forma de partículas semelhantes a ferrugem. Este ferro pesado absorvia a luz azul, enquanto o comprimento de onda vermelho era absorvido pela água, deixando a luz verde dominar a visão subaquática.

A prova dos nove

Um momento importante ocorreu em 2023, durante um estudo de campo na ilha de Iwo, arquipélago de Satsunan. A água do oceano da região é conhecida pela sua coloração única.

“Do barco, podíamos ver que as águas circundantes tinham um brilho verde distinto devido aos hidróxidos de ferro, exatamente como eu imaginava que a Terra era antigamente”, disse Matsuo.

Matsuo está convencido de que a hipótese do oceano verde reúne descobertas sobre a Terra nas suas fases iniciais. “Quando tive a ideia de que os oceanos costumavam ser verdes, em 2021, estava mais cético do que qualquer outra coisa. Mas agora, após anos de investigação, à medida que os conhecimentos geológicos e biológicos foram se juntando gradualmente como peças de um quebra-cabeça, meu ceticismo transformou-se em convicção.”

Roxo ou vermelho, como assim?

À primeira vista, as observações sugerem que os oceanos futuros podem assumir tonalidades totalmente diferentes sob condições ambientais variadas.

Por exemplo, se os níveis de enxofre aumentarem, os oceanos podem parecer roxos devido à intensa atividade vulcânica e ao baixo nível de oxigénio na atmosfera. De maneira idêntica, os oceanos podem brilhar em vermelho sob climas tropicais intensos, quando óxidos de ferro vermelhos se formam a partir da decomposição das rochas e os rios os despejam nos oceanos.

Assista para saber mais

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