Novas espécies de corais de águas profundas descobertos

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Corais de águas profundas, recém descobertos, já estão ameaçados pelo aquecimento dos oceanos

Pesquisadores anunciaram (7/04/19) que encontraram duas novas espécies de corais de águas profundas em desfiladeiros submarinos ao largo da Nova Inglaterra. A novidade acabou por demonstrar as preocupações dos cientistas sobre os efeitos do aquecimento global nos oceanos (veja aqui alguns exemplos dos problemas). Os corais foram encontrados a cerca de 240 km a sudeste de Boston. Foi no Northeast Canyons e Seamounts Marine National Monument. Esta é uma vasta área de montanhas submarinas e vales que foi designada como monumento pelo presidente Barack Obama em 2016.

Timothy Shank, biólogo no Woods Hole, que liderou expedição:

Há muitas previsões agora que sugerem que esta área do Atlântico, o noroeste do Atlântico, vai aquecer três vezes mais rápido que qualquer outra parte do Atlântico

imagem de Corais de águas profundas recém descoberto
Um coral bubblegum, similar a uma das novas espécies identificadas no Lydonia Canyon. Crédito Ivan Agerton / OceanX.

A matéria é do The New York Times.

O aquecimento dos oceanos e o monumento marinho de Obama

O aquecimento das águas pode matar os corais. Da mesma forma que o calor extremo pode matar seres humanos. O aquecimento  também reduz o nível de nutrientes (na água) que os corais precisam para sobreviver. A preocupação com o aumento da temperatura é, em parte, o motivo pelo qual Obama transformou a área em um monumento marinho, o primeiro no Atlântico. O decreto de criação imediatamente proibiu a extração de minerais e de óleo.  E ainda previa a retirada gradual da pesca ao longo de um período de sete anos, em um esforço para aliviar a pressão sobre o ecossistema. Mas em 2017, uma coalizão de grupos de pesca da Nova Inglaterra entrou com ação contra a designação do Parque (Como este site sempre diz, está pra nascer quem consiga acabar, ou diminuir, o esforço de pesca. A pesca só acaba quando acabar a vida marinha).

O argumento contrário à criação do monumento marinho

“Nosso processo argumenta que a designação é ilegal”, disse Jonathan Wood, advogado dos grupos de pesca. Ele diz que a Lei de Antiguidades, que dá aos presidentes a autoridade para criar monumentos nacionais, não se aplica no mar. Um juiz do Tribunal Distrital Federal do Distrito de Colúmbia rejeitou o argumento. A decisão está sob apelação. Houve sinais, no entanto, de que a administração Trump considera a retirada do status do monumento, o que tornaria a batalha judicial irrelevante (Obs. Qualquer semelhança com a administração Bolsonaro não é mera coincidência). Em 2018, o Departamento do Interior acidentalmente publicou e-mails que incluíam esboços de proclamações presidenciais anulando a designação da era Obama. Os corais de água fria são notoriamente lentos para crescer. O Dr. Shank uma vez provou que um coral com quatro pés de altura tinha nada menos que 4.000 anos!

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Cânions profundos e drones submarinos na pesquisa aos corais profundos, ou gelados

Os cânions são muito mais profundos do que um ser humano pode mergulhar. Por isso, a equipe do Dr. Shank, que incluiu pesquisadores da Universidade de Connecticut e do Laboratório de Propulsão a Jato da NASA, usou drones subaquáticos e um veículo submersível do grupo de exploração OceanX. 

É curioso. No Brasil também temos descobertas de novas espécies de corais de águas profundas, num dos locais mais improváveis possíveis: a foz de nosso grande rio. E eles também estão ameaçados pela nova, e desastrosa gestão do Ministério do Meio Ambiente.

Assista ao vídeo sobre os corais de águas profundas, narrados pelo ícone do ambientalismo, sir David Attenborough.

5-minute documentary on cold-water corals narrated by Sir David Attenborough

Fonte: https://www.nytimes.com/2019/04/09/climate/coral-atlantic-warming.html?smid=tw-nytimesscience&smtyp=cur.

Foto de abertura:Ivan Agerton / OceanX.

Cientistas querem 1/3 dos oceanos protegidos até 2030

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