Raia manta pede ajuda e mergulhador filma. O Mar Sem Fim conversou com o cinegrafista responsável
Um vídeo bastante impressionante, e ao mesmo tempo conscientizador, chamou a atenção nas redes sociais. São imagens captadas por um brasileiro na Ilha Morcego, na Costa Rica. Elas mostram uma raia manta bastante machucada “pedindo” para ser salva de uma rede de pesca enroscada em seu corpo.
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O Mar Sem Fim entrou em contato com o cinegrafista responsável pelas imagens. O paulistano, Thomaz Monteiro, 25, para um bate papo exclusivo sobre a experiência.
Thomaz, que é publicitário e mergulhador desde os 12 anos, tem mais de 600 mergulhos catalogados pela costa do Brasil e Caribe. Ele e a namorada, a oceanógrafa Flavia Passaglia, 26, decidiram fazer uma expedição pela costa da Costa Rica. Foram aos pontos ainda secretos de mergulho. A Costa Rica é um país que tem uma enorme diversidade na fauna marinha, e muitas áreas de preservação.
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Existem 26 Parques Nacionais na Costa Rica. As políticas progressivas de proteção ambiental, e o ecoturismo sustentável no Sistema de Parque Nacionais da Costa Rica, têm sido postas como modelo para outros países. 25% das terras do país estão dentro de áreas de preservação e Parques Nacionais.
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Antes do grande encontro com um dos gigantes marinho, o casal, Thomaz e Flavia, mergulhou por todo o litoral. Avistaram baleias jubarte, tubarão cabeça-chata, tubarão-baleia (que, às vezes, também coopera com mergulhadores), entre várias outras espécies.
Raia manta na ilha Morcego
Pesquisando, a oceanógrafa Flavia descobriu que esta é a época do ano ideal para avistar arraias-mantas na região da Ilha Morcego. Decidiram arriscar. De acordo com o projeto Mantas do Brasil, a arraia-jamanta é a de maior tamanho entre as diversas espécies de arraias. É um dos maiores peixes do mundo. Elas podem alcançar oito metros de envergadura, e pesar mais de duas toneladas. Apesar de impressionar com suas dimensões e velocidade, não possui ferrões, espinhos, ou outras formas de defesa além de seu gigantesco tamanho.
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Eram apenas cinco mergulhadores na água, quando uma arraia-manta de oito metros se aproximou do grupo e ficou parada aguardando ajuda. Segundo Thomaz,
a aproximação de mantas é bem comum, mas nunca tinha visto ela ficar parada esperando a rede ser retirada. Ela estava cheia de cicatrizes e machucados. Quando a gente vê um animal desse tamanho, tendo um tipo de atitude como essa, o mínimo que tínhamos que fazer era divulgar. Apontar holofotes para isso, levar o turismo para lá, para que seja maior a pressão da população contra a pesca ilegal
O mergulhador conversou bastante com a população, e descobriu uma grande contradição: um país com tantos Parques Nacionais tem uma baixa fiscalização. Qualquer semelhança com o Brasil não é mera coincidência.
Pescando atum com dinamite!
Thomaz também ficou horrorizado com outro dado apontado pelo biólogo nativo, Shawn Larkin. Segundo ele, na Costa Rica alguns nativos pescam atum com dinamite; acabam matando golfinhos junto. Cerca de 100 a 200 golfinhos morrem por dia no país. Esta chaga, a pesca com bombas, também é praticada no Brasil.
Brasil exporta barbatanas de tubarão.
O mergulhador acha importante a divulgação dessas imagens para trazer a conscientização ao Brasil, em relação à preservação de nossa fauna marinha. Monteiro chamou atenção para o fato do Brasil ser um dos maiores exportadores de barbatanas de tubarão para o Oriente, e grande consumidor da espécie também chamada “cação”. Para Thomaz,
não se comenta muito, mas a pesca de tubarão no Brasil é enorme. Uma das maiores redes varejistas do país, vende carne de tubarão-azul, um animal que está na categoria ‘quase ameaçada de extinção’.
Guelras da raia manta também são exportadas para a China
Com a raia manta também ocorre o problema de exportação das guelras para a China, por serem consideradas afrodisíacas. Por causa dessa pilantragem, a população na Indonésia e Filipinas foi drasticamente reduzida em passado recente. Hoje, mais conscientes, alguns países proibiram a pesca da espécie, Brasil entre eles. E outros, como a Indonésia, criaram santuários marinhos para elas.
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O mergulhador que “salvou” a arraia-manta é o canadense Brian Thompson. Ele pretende voltar ao local para fazer um mutirão de salvamento. Afinal, o caso não foi exceção. Logo depois, mais cinco arraias também foram libertadas de redes de pesca. Thomaz Monteiro contou que,
não dá para saber se era rede de arrasto, ou qual prática foi utilizada, mas era pesca comercial por ter 1,5 cm de diâmetro, um nylon muito duro usado em pesca comercial. O que Brian fez foi quase um milagre porque a espessura era muito consistente. Era uma rede profissional de quem pesca um volume muto grande
Raia manta no Brasil
No Brasil as arraias-mantas costumam ser avistadas no Parque Estadual Marinho da Laje de Santos, região reconhecida internacionalmente como o melhor ponto de estudo e observação da espécie em todo Atlântico Sul. Elas costumam aparecer entre os meses de maio e junho.
Em 2014 completou-se um ano da proibição da pesca predatória de arraia-manta no Brasil. Os integrantes do Instituto Laje Viva, idealizador do Projeto Mantas do Brasil, auxiliaram na intermediação de conversas com o Governo Federal fornecendo informações técnicas que demonstram que a espécie está em risco de extinção. A lei prevê sanções aos pescadores que trouxerem a bordo o animal morto, ainda que por acidente.
Ballet aéreo
Cada dia mais as pessoas se impressionam com a capacidade das raias manta. Entre outras, às vezes é possível observar seus incríveis ballets aéreos. Recente vídeo do fenômeno viralizou nas redes sociais. E, graças a estudos cada vez mais profundos, em 2018 foi descoberto um berçário de raias manta no Golfo do México.
No Brasil a pesca é uma esculhambação total
Apesar das Leis, do defeso de certas espécies, e outras restrições, inexiste fiscalização no Brasil. O Ibama tem apenas três barcos para fiscalizar o litoral. É ou não, uma esculhambação?
Saiba mais sobre os problemas da pesca no Brasil.
Olá João, amo suas matérias.
Fiquei chocada com o número de golfinhos mortos na predatória pesca do atum. Mais de 200 golfinhos morrem por dia?! É isso mesmo?
Sugiro uma matéria sobre o assunto, é alarmante!
No Brasil há algum dado sobre este tipo de pesca com dinamite?
Que mundo triste de testemunhar…
Um abraço, tudo de bom!
Putz, como dói ler estes textos, como vem essa sensação ruim de ser parte da humanidade. Só não é pior por existirem pessoas como vocês do site Mar sem Fim…
Obrigado, Bene, abraços.
João; Primeiro parabéns pelo trabalho em equipe; Como posso me comunicar com vc para falar sobre os resíduos orgânico jogado na baia de Santos? Sou mergulhador da região; Da pena de ver o que está ocorrendo. A maior agressão ao meio ambiente que já vi. Facebook Helcioturcato@ hotmail.com.
Olá, Helcio, obrigado pela mensagem. Use meu email: [email protected]
abraços
Faltou coragem do senhor falar que quem COMPRA E CORROMPE OS PESCADORES vem da CHINA e seus amigos da ESQUERDA CANALHA DELIRANTE BRASILEIRA aqui é que lhes cobrem as pistas para poderem ROUBAR E MATAR NOSSA FAUNA MARINHA SEM SEREM INCOMODADOS!!!
Amarildo, antes de sair deitando falação, informou-se. Que tal ler esta matéria do site: https://marsemfim.com.br/china-expansao-predadora-dos-mares-do-planeta/
Mergulho na Thailandia, esse ano ajudamos um tubarao baleia que também tinha uma rede de pesca no pescoço, felizmente pudemos cortar a rede.. segue o link do video http://www.youtube.com/watch?v=dPcy9Yx5gf0
Olá, Nando, muito obrigado pela mensagem e bem- vindo a bordo do Mar Sem Fim! Espetacular seu mergulho e maravilho o que vcs fizeram. Estas redes só servem pra isto mesmo: matar, matar, matar. Jogar peixes mortos de volta ao mar (fauna acompanhante), e acabar com a vida marinha em geral. Pior são as que ficam perdidas no mar pq, como mostra seu vídeo, continuam matando. Parabéns e obrigado pelo envio do Link. Esta semana vamos fazer matéria no site sobre isto. A Marcela vai entrar em contato com vc para uma breve entrevista. Assim colocamos no site sua história e suas imagens. Abraços e volte sempre!