Golfinhos treinados para a guerra, e outros animais também usados em batalhas
Esta tendência, usar animais marinhos selvagens treinados para a guerra, teve seu início pelos anos 60 do século passado. Vivia-se os tempos da ‘guerra fria’ que tanto medo impôs às gerações de então. Mas continuar alistando animais em pleno século 21 seria correto? A prática persiste ao menos nos Estados Unidos e, possivelmente, na Russia.
(Este post, baseado em matéria da hakaimagazine, foi publicado em 2019 e atualizado em 2022).
Assista ao vídeo que The Guardian diz ser uma beluga ‘espiã’ russa
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Golfinhos treinados e a guerra na Europa
Em maio de 2018 o Guardian publicou a matéria Ukraine says military dolphins captured by Russia went on hunger strike (Em tradução livre, Ucrânia diz que golfinhos militares capturados pela Rússia entraram em greve de fome), onde dizia que ‘A Ucrânia tem um exército de golfinhos no centro militar da Crimeia, treinado e pronto para ser implantado’.
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Saltando de maio de 2018, para abril de 2022, vejamos algumas manchetes internacionais: a ndtv.com, em abril de 2022: “Golfinhos treinados estão protegendo a base naval russa do Mar Negro.
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As informações são do Instituto Naval dos EUA (USNI), e dão conta de que dois cercados flutuantes cheios de golfinhos foram colocados na entrada do porto de Sebastopol, base naval mais importante da Rússia no Mar Negro.
A informação foi repercutida também no Brasil.
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Já a Newsweek esclareceu: ‘os golfinhos foram selecionados para proteger a base naval porque têm sonar natural, que usam enquanto navegam pelo oceano’.
‘Chamada de ecolocalização, a habilidade natural dos golfinhos é tão precisa que pode determinar a diferença entre uma bola de golfe e uma de pingue-pongue com base apenas na densidade’.
Ainda segundo a Newsweek ‘Sob seu programa de Mamíferos Marinhos, a Marinha dos EUA testou vários animais, incluindo golfinhos, raias, tubarões, tartarugas e aves marinhas. Eventualmente, a Marinha escolheu duas espécies para o trabalho: golfinhos e leões marinhos da Califórnia’.
Assista à animação sobre os golfinhos na guerra da Europa
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A seguir, a história do treinamento dos golfinhos nos Estados Unidos, e outros animais usados em guerras do passado.
O dilema atual sobre golfinhos treinados
Se antigamente a ‘novidade’ NÃO era questionada pelo público, hoje a apatia não mais acontece. Muitos norte-americanos condenam a atividade.
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Não por acaso, recentemente foi comemorada a soltura da última orca em cativeiro do Seaquarium. Lolita, assim chamavam o animal, ficou nada menos que 50 anos em cativeiro ‘entretendo’ turistas até finalmente ser liberada.
Durante anos, os defensores dos direitos dos animais travaram uma guerra contra a Marinha dos EUA pelo uso de golfinhos na guerra e na pesquisa.
Conheça o Programa de Mamíferos Marinhos da Marinha dos EUA
Os treinamentos de mamíferos marinhos selvagens acontecem sobretudo na base da Marinha dos EUA em Point Loma, San Diego. Ali, em currais oceânicos de nove por nove metros, havia (em 2019) 70 golfinhos e 30 leões marinhos.
Golfinhos treinados à procura de minas na guerra do Iraque
O programa americano desperta a ira dos defensores de animais patrícios. Um dos mais famosos, um golfinho nariz de garrafa de 46 anos chamado Makai, que foi empregado para encontrar minas no Golfo Pérsico durante a Guerra do Iraque de 2003, estava doente e incapaz de nadar.
Para evitar que se afogasse, os veterinários colocaram-no em um dispositivo de flutuação de corpo inteiro.
Uma apaixonada defensora dos animais, Michele Bollo, afirma que dois golfinhos estavam tão doentes que deveriam ser sacrificados. Em vez disso, foram mantidos vivos para que aprendessem como cuidar de golfinhos doentes. “[Os golfinhos] Foram alimentados com tubo, receberam fluidos intravenosos e seu sangue foi retirado”.
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A tocaia nos Estados Unidos
O objetivo de Bollo ao longo desses meses foi destacar publicamente a situação dos golfinhos. E, para isto, os filmou na situação crítica em que estavam.
Em circunstâncias normais eles residem dentro do complexo da marinha. O público só pode vê-los de barco ou quando a marinha os exercita em mar aberto.
Mas em 2016, por causa de um projeto de construção, a Marinha mudou seus golfinhos para cercados temporários perto de uma ponte.
Bollo e seu colega Russ Rector, ex-treinador de golfinhos que virou fervoroso defensor da liberdade dos mamíferos marinhos, viram a chance de expor os animais. Organizaram protestos e convenceram o noticiário do Canal 8 de San Diego a fazer uma visita e um relatório.
Golfinhos como parte do sistema de defesa do país
A Marinha dos EUA vê esses animais como parte do sistema de defesa do país. E o pessoal da marinha os trata como membros da tripulação.
Os animais que Bollo filmou eram membros da tripulação doentes que recebiam tratamento médico, diz Mike Rothe, diretor do NMMP.
“Desde os primeiros dias, consideramos nossos animais como parceiros”, disse ele, acrescentando que, ‘se seus parceiros estão doentes, você lhes dá o melhor atendimento médico possível na esperança de que se recuperem’.
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Bollo e Rector – não afiliados a grupos específicos de bem-estar animal – veem as ações da marinha como exploradoras e imorais.
A Marinha considera seu trabalho importante, moral e primordial para a segurança dos cidadãos americanos. Ambos os lados afirmam que se importam com os animais, embora de maneiras diferentes.
Os animais e as guerras ao longo do tempo
O conceito de usar animais selvagens em perseguições navais pode não agradar amantes da natureza. Mas animais militares têm uma história longa e muitas vezes glorificada.
A começar dos cavalos de guerra que foram fundamentais para as vitórias de Genghis Khan; para os pombos entregadores de mensagens aos chefes de soldados na Primeira Guerra Mundial e, daí, para os burros de transporte no Afeganistão. Ou, muito antes disso, elefantes usados por Aníbal nas guerras púnicas.
O início do uso de golfinhos
Os golfinhos se juntaram às fileiras militares na segunda metade do século 20 nos Estados Unidos, Rússia e Ucrânia.
Cachorros e guerras
Mas, um dos animais militares mais célebres é o cão. O exército dos EUA, e não só ele, emprega cães farejadores em uma variedade de situações semelhantes àquelas em que usa golfinhos – para localizar minas terrestres e tropas inimigas, por exemplo.
Os cães também foram largamente utilizados nos dois conflitos mundiais.
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Então, por que os golfinhos deveriam ser vistos de maneira diferente, alguns podem dizer?
Um filósofo intervém
Segundo a hakaimagazine.com, Andrew Fenton, filósofo que estuda ética animal na Universidade Dalhousie, em Halifax, Nova Escócia, tem um ponto de vista mais nuançado.
Ao contrário dos humanos, os animais selvagens não têm escolha, diz. Nós os submetemos às nossas necessidades. Muitas vezes arrancando-os do ambiente que estão familiarizados e colocando-os em uma situação estranha e possivelmente estressante.
Não temos idéia se eles se beneficiam da participação em missões ou pesquisas. Enquanto a Marinha às vezes descreve seus golfinhos como cães farejadores submarinos, Fenton aponta um problema com essa comparação.
Cães são domesticados. Golfinhos, não.
Os seres humanos podem oferecer um mundo socialmente rico para cães, mas fazer o mesmo com animais selvagens é mais complicado, diz ele.
Golfinhos para inspiração de design de equipamentos militares
A princípio, a marinha procurou os golfinhos para inspiração de design para equipamentos militares. “O interesse começou com a péssima performance dos torpedos na Segunda Guerra Mundial”, diz Rothe.
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Os golfinhos, com sua forma e velocidade hidrodinâmicas, eram vistos como bons modelos físicos para ajudar os torpedos a serem mais eficientes no design.
A Marinha dos EUA também notou que os golfinhos nadavam na frente dos navios para se impulsionarem para frente, uma dica sobre suas habilidades cognitivas.
Isto os teria inspirado a considerar o potencial como animais militares, úteis para missões que são impossíveis para hardware e muito perigosas para mergulhadores.
Patrulhando os portos
A Marinha percebeu que poderia treinar golfinhos para detectar o que os militares consideravam ameaças, e ensinaram os animais a encontrar minas submarinas e a localizar objetos estranhos na água, como veículos de espionagem operados remotamente e mergulhadores inimigos.
Os animais se tornaram ativos valiosos no sistema de defesa do país. Suas habilidades se encaixam bem em tarefas de segurança, incluindo o patrulhamento de portos, que agora parece acontecer em Sebastopol.
Os golfinhos enviados ao Iraque
Durante a Guerra do Iraque, 2003, a Marinha enviou Makai, e outro golfinho chamado Tacoma, para o Iraque. Nas águas escuras do Porto Umm Qasr, os dois ajudaram a limpar o caminho para navios que transportavam ajuda humanitária.
De acordo com a hakaimagazine.com, “A água era tão opaca que os mergulhadores compararam a busca por minas a rastejar na lama com os olhos fechados”.
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Mas o sonar dos golfinhos funcionou muito bem. Eles foram treinados para reconhecer a forma das minas, mas não para tocá-las.
A defesa da Marinha norte-americana
Para Mike Rothe, do Programa de Mamíferos Marinhos da Marinha, a prática ajudou a desenvolver a ciência, a medicina e até cuidados com mamíferos marinhos selvagens.
Em 2007, a Marinha colaborou com um fundador do NMMP, o cientista Sam Ridgway, e o capitão aposentado, Chris Ott, para criar a Fundação Nacional de Mamíferos Marinhos (NMMF), uma organização sem fins lucrativos.
O NMMF oferece serviços de pesquisa, cuidados com animais e veterinária para os mamíferos marinhos da marinha norte-americana.
Em 2011, o NMMF se uniu aos esforços do governo federal para investigar o efeito do derramamento de óleo da Deepwater Horizon sobre os golfinhos do Golfo do México.
E, em 2017, o NMMF também ajudou a tentar salvar as últimas vaquitas, cetáceo mais ameaçado do mundo, no Golfo da Califórnia, embora sem sucesso.
Golfinhos em cativeiro hoje
Hoje, há cerca de 80 golfinhos no programa da marinha americana, com as últimas capturas ocorrendo em 1989.
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Em 1992, o Congresso ordenou que a marinha gastasse US $ 500.000 para desenvolver procedimentos sobre como devolver os golfinhos à natureza em segurança.
A Marinha, no entanto, também fez um estudo supervisionado pela American Zoological Association e concluiu que o número de animais adequados para a liberação era tão pequeno que era mais barato mantê-los sob cuidados humanos pelo resto de suas vidas.
De que lado você está?
A interação entre golfinhos e humanos é notória, mas, e sobre a polêmica do uso militar de animais selvagens, de que lado você está?
Este site não tem posição formada. Apesar de sermos ‘espectadores engajados’ como já explicamos, apenas reproduzimos as informações coletadas na internet sem emitir opinião. Mas gostaríamos de explorar o que pensam nossos leitores.
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Assista ao vídeo e saiba como tudo começou
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Imagem de abertura – hakaimagazine.
Fontes: https://www.hakaimagazine.com/features/the-great-dolphin-dilemma/; https://www.theguardian.com/environment/video/2019/apr/29/whale-in-mystery-harness-harasses-norwegian-boats-video; https://www.theguardian.com/environment/2018/may/16/ukraine-claims-dolphin-army-captured-by-russia-went-on-hunger-strike; https://www.newsweek.com/why-does-russia-have-dolphin-army-does-u-s-have-one-1701668.
É inacreditável do que o ser humano é capaz!!!! Os animais tem o direito de ser livres! Acho tudo isso um absurdo! O planeta está perdendo muitas espécies por conta da arrogância do ser humano!!! Consideram mesmo isso inteligência???
Os homens arranjamseus problemas para os animais resolverem , quem são os racionais.
O ser humano é o pior dos animais!
Escravizar animais para um propósito tao vil como uma guerra, é repugnante. Mas no Brasil de acéfalos que vivemos hoje isso parece ser natural. Espero que todos esses que doutrinam animais para guerra vão para o inferno mais profundo.
200% de acôrdo. Nossa raça muitas vezes dá nojo. Estamos sob o risco de uma guerra nuclear, e ao ler esse tipo de monstruosidade, pergunto-me se nossa extinção não seria algo bom.
Então é melhor parar de usar cavalos na polícia, exército, em fazendas e no hipismo. Cavalo não se socializa como um cachorro. A comparação do filósofo é meio tosca.
Isso é bem diferente de treinar baleias no Sea World, por exemplo. Propósitos e benefícios sociais completamente distintos.
Sim. Acredito que seja correto. E admiro os norte-americanos pois fazem tudo às claras e abertos às críticas. Imaginem os russos e chineses, por exemplo, que simplesmente não ligam para a opinião pública.
Sim, é correto.