Cetáceo mais ameaçado, vaquita, recebe alerta de extinção

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Cetáceo mais ameaçado, vaquita, recebe alerta de extinção

A Comissão Baleeira Internacional (IWC na sigla em inglês) emitiu o primeiro “alerta de extinção”, em 70 anos de história, para chamar a atenção para a vaquita, o menor, e mais criticamente ameaçado, cetáceo do mundo. “Apesar de quase trinta anos de avisos repetidos, a vaquita paira à beira da extinção devido ao emaranhamento em redes de emalhar. A vaquita é uma pequena toninha (também em risco) encontrada apenas no norte do Golfo da Califórnia, no México. Estudos recentes mostram que existem agora apenas cerca de 10 animais sobreviventes”, diz o comunicado. Apesar disso, ainda há esperanças. Segundo a Comissão, “eles ainda não estão condenados à extinção. O Comitê Científico da IWC faz esta afirmação porque acredita que 100% da proibição de redes de emalhar em seu  habitat é necessário para dar à vaquita uma chance de recuperação.

Vaquita, cetáceo mais ameaçado do mundo
Imagem, IWC.

Uma chance em mil para a sobrevivência

Apesar do lampejo de esperança lançado pelo Comitê Científico, este site acredita que o animal tem uma chance em mil de se salvar. Afinal,  foram quase trinta anos de avisos  sem, contudo, lograr êxito.

A vaquita é mais uma vítima da pesca incidental. Alguns estudos mostram que a morte da vida marinha não intencional chega até 40% da captura global estimada em 90 milhões de toneladas. As vítimas não se restringem aos mamíferos marinhos. Aves marinhas, tartarugas e várias espécies de peixes sofrem o mesmo problema.

Em nome de quê a vaquita pode sumir dos mares? Isto que é o pior. Se fosse por uma causa menos injusta, vá lá. Mas, não. Trata-se de pura ganância que põe em risco não apenas a vaquita, mas a totoaba, outra espécie ameaçada e, de maneira idêntica, endêmica do México, cuja bexiga natatória é cobiçada por suas supostas propriedades medicinais. O comércio de totoaba no mercado negro vale milhões de dólares.

Mais uma vez, a China está envolvida. No país superpopuloso, as bexigas natatórias desta espécie, e de outras semelhantes em todo o mundo, são valorizadas na medicina tradicional e como uma iguaria cultural asiática.

Ou seja, junta-se o apetite chinês por “iguarias” exóticas, como sopa de barbatana de tubarão também apreciada no ocidente, com o apetite financeiro de pescadores mundo afora.

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Em nossa última matéria sobre a vaquita, de 2018, mostrávamos que das 129 espécies de mamíferos marinhos, a vaquita é a menor, e considerada a mais ameaçada. Em 2017, havia 60 indivíduos; em 2016, 30. E o número caiu mais ainda.

Restam apenas 10 indivíduos

Segundo o mexiconewsdaily.com, ‘A vaquita criticamente ameaçada é endêmica do Golfo da Califórnia, onde frequentemente se afoga em redes de emalhar que são usadas ilegalmente para capturar totoaba, outra espécie ameaçada cuja bexiga natatória é cobiçada por suas supostas propriedades medicinais.’

vaquita, cetáceo mais ameaçado .
Imagem, Paula Olson/NOAA.

Veja o festival de ilegalidades: ambas as espécies estão ameaçadas e ‘são protegidas’, e o tipo de rede, as de emalhar, são igualmente ilegais. Portanto, como sempre na pesca mundial, é um festival de ilegalidades.

‘O México tem sentido uma pressão internacional crescente para melhorar suas medidas de proteção da vaquita e reprimir a pesca ilegal. Em março, a Convenção sobre o Comércio Internacional de Espécies Ameaçadas de Fauna e Flora Selvagens (CITES) sancionou o país por não proteger o boto. A administração Biden também traçou um plano de ação para garantir uma melhor proteção da vaquita.’

A defesa do México

O governo mexicano alegou que apreendeu, em abril deste ano, mais de 4.700 redes de emalhar. Além disso, o país instalou blocos de concreto para impedir que barcos ilegais entrem no habitat principal da vaquita, e que novas tecnologias estão sendo introduzidas para promover métodos de pesca sustentáveis.

rede de emalhar
Redes de emalhar de superfície e de fundo. Ilustração, adaptado de MontealegreQuijano et al.

Por fim, representantes mexicanos argumentaram que a CITES deveria criar um fundo para prevenir a pesca ilegal de totoaba e exigir que os países de mercado e trânsito, como Estados Unidos e China, contribuíssem.

O mexiconewsdaily.com informou ainda que, em junho o governo mexicano e a Sea Shepherd revelaram os resultados de uma expedição de pesquisa de vaquitas, mostrando que os esforços para proteger o boto estavam valendo a pena, com uma redução de 90% na rede de emalhar no Alto Golfo da Califórnia.

Um bebê vaquita dá esperanças

De acordo com o Guardian, que também repercutiu o alerta, Lindsay Porter, vice-presidente do comitê científico do IWC, declarou: “Queríamos, com o alerta de extinção, enviar a mensagem para um público mais amplo e para que todos entendessem o quão sério isso é”.

‘Entretanto, Porter disse que a espécie ainda não estava condenada. Ela observou que pelo menos um bebê vaquita foi visto no ano passado, um sinal de que os indivíduos são saudáveis.’

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“Eles não pararam de se reproduzir. Se conseguirmos tirar essa pressão, a população pode se recuperar. Não podemos parar agora.”

Saiba que por ano a captura incidental mata cerca de 300 mil golfinhos e baleias.

Para saber mais, assista ao vídeo

Extinction alert issued over endangered vaquita porpoise - BBC News

Maior barreira de corais dos EUA ameaçada

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