Arquipélago de SOCOTRA, ‘Galápagos do Oceano Índico’
Hoje é dia de conhecer uma raridade, o Arquipélago de SOCOTRA, no Índico, Patrimônio Natural declarado pela UNESCO que, mesmo habitado, parece ter ‘sobrevivido’ aos seres humanos. Os oceanos e mares são mais que apenas o Atlântico Sul ou o Caribe. Por isso este site se esforça em mostrar realidades diferentes daquela com a qual estamos acostumados. Antártica e Ártico, ilhas e arquipélagos do Pacífico, ou até mesmo do esquecido Índico.

Os acidentes com navios e seus impactos
Protestamos quando acidentes que poderiam ser evitados acontecem mesmo se estão distantes da costa brasileira. Porque, antes de mais nada, os oceanos são um só. As fronteiras que conhecemos não passam de convenções geográficas e, além disso, sempre é possível aprender. São realidades diferentes enfrentando os mesmos problemas.


Arquipélago de SOCOTRA, ‘Galápagos do Oceano Índico’
O acidente a que me referi aconteceu nas ilhas Mauricio, um local ainda prístino, e por estupidez do comandante e oficiais do navio durante uma festinha a bordo. A irresponsabilidade custou caríssimo para a biodiversidade do Índico.

Mas vamos em frente! Nosso assunto é um arquipélago de rara beleza. De tirar o fôlego! Conheci por acaso ao estudar a história náutica lusitana, uma de minhas paixões.
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Lusos lá estiveram logo no início do século 16
Os lusos lá estiveram logo no início do século 16. Naquela região foi travada uma das mais emblemáticas batalhas navais da história moderna, a batalha de Diu, que deu aos portugueses o controle também do oceano Índico, ‘o caminho das especiarias’.

Curioso, pesquisei pra saber onde nossos antepassados tinham postos seus pés. Quase caí da cadeira ante a beleza invulgar que descobri.
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Ah, estes nautas lusos! Além da conquista e riqueza, foram os primeiros ocidentais a chegar nos mais importantes hotspots do planeta ainda no século 16, mesmo que não soubessem disto. Imagine o assombro que estes locais provocou na mente dos pioneiros.

O que teriam pensado ao ver esta maravilha? Outra ilha em que estiveram na mesma época, e pelos mesmos motivos, o domínio do Índico, também é de arrepiar e pouco conhecida: Ilha Ormuz, Irã, a Disneylândia dos geólogos.
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O arquipélago de Socotra pertence ao Iêmen
O arquipélago de Socotra hoje pertence ao Iêmen, um país problemático e periférico. Só isso justifica o pouco conhecimento dele por estas plagas. O fato é que além da beleza, ele foi incluído na lista da UNESCO por sua excepcional diversidade vegetal e animal.

O arquipélago é formado por quatro ilhas e duas ilhotas rochosas, e tem cerca de 50 mil habitantes. Segundo a UNESCO, ‘o local é de importância universal devido à sua biodiversidade com flora e fauna ricas e distintas: 37% das 825 espécies de plantas da Socotra, 90% de suas espécies de répteis e 95% de suas espécies de caracol terrestres não ocorrem em nenhum outro lugar do mundo. O local também suporta populações globalmente significativas de aves terrestres e marinhas (192 espécies de aves, 44 das quais se reproduzem nas ilhas, enquanto 85 são migrantes regulares), incluindo várias espécies ameaçadas. A vida marinha de Socotra também é muito diversificada, com 253 espécies de corais construtores de recifes, 730 espécies de peixes costeiros e 300 espécies de caranguejo, lagosta e camarão’.
Um fragmento do antigo supercontinente de Gondwana
O site oficial de Socotra informa: ‘Ao longo dos séculos, os viajantes voltaram das ilhas do Oceano Índico com contos bizarros – de árvores produzindo sangue de dragão, floresta de incenso e pináculos elevados na névoa’.

‘Agora uma imagem mais completa emergiu das quatro ilhas semidesérticas, retratando uma rica e única flora e fauna com mais de um terço das plantas não encontradas em nenhum outro lugar do mundo’.

‘Uma paisagem diversificada de planalto, planície e montanha, tudo protegido por um povo que vive de forma sustentável em um ambiente desafiador’.

Socotra é parte do supercontinente de Gondwana
‘Socotra é uma das formas de relevo mais isoladas da Terra de origem continental, o que significa que não é vulcânica, mas um fragmento do antigo supercontinente sul de Gondwana’.
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‘O arquipélago no Oceano Índico localiza-se entre a Península Arábica e o Chifre da África, a cerca de 240 km a leste de Cap Guardafui (Somália), e cerca de 380 km ao sul de Ras Fartak, (Al Mahrah, Iêmen)’.

‘Junto com as ilhas vizinhas, Abd Al-Kuri, Samha e Darsa, formam o Arquipélago de Socotra: um dos grupos de ilhas com maior diversidade botânica do mundo’.
Grande endemismo na ‘Galápagos do Oceano Índico’
‘Socotra é globalmente importante para a conservação da biodiversidade por causa de sua flora e fauna excepcionalmente ricas e distintas.

‘A UNESCO a designou como Patrimônio Mundial em 2008. Não é de se admirar que seja frequentemente chamado “Galápagos do Oceano Índico’.

Guerras e extrema pobreza, as grandes ameaças
Mas, como sempre acontece, o arquipélago corre grande perigo. Ele pode se tornar uma das tragédias ambientais e culturais do Iêmen em função das guerras em que o país se encontra.

‘A pior crise humanitária do mundo’
É tão forte que a ONU, e as organizações de ajuda humanitária, consideram o que ocorre por lá seja ‘a pior crise humanitária do mundo’.

Sanaã, a capital, está semidestruída colocando seus tesouros arqueológicos, como ‘alguns manuscritos islâmicos mais valiosos do mundo em grande perigo’, avisa o midleeastmonitor.
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A mesma fonte alerta que ‘a localização estratégica da ilha na costa da Somália, entre o Mar Vermelho e o Oceano Índico, atraiu a atenção do governo expansionista e ambicioso dos Emirados Árabes Unidos’.

Torçamos pelo melhor enquanto nos concentramos nas ilhas.
A sorte é a localização do ‘Jardim do Éden’
É fácil entender porque vários textos antigos sugerem que Socotra é o local original do Jardim do Éden. A ilha encantou aventureiros, de Alexandre, o Grande; a Marco Polo e o lendário Sinbad, com suas árvores de sangue de dragão, as raras espécies de olíbano (goma-resina aromática usada como especiaria em incensos e em perfumaria, obtida de árvores africanas e asiáticas do gênero Boswellia), pepinos e rosas do deserto.

A ilha principal tem apenas 27 Km de comprimento por 8,5 de largura. A localização remota e o impacto humano relativamente baixo mantiveram os ecossistemas em um estado excepcionalmente bom, um dos hotspots insulares mais significativos e bem preservados do mundo.
Mas, como todas as ilhas, extremamente frágil.

A língua
Os habitantes falam soqotri (Uma das línguas semíticas meridionais. É muito raro encontrar quem a compreenda no Iêmen continental), mais antiga que o árabe. Essas pessoas isoladas têm seus próprios mitos e lendas e, na verdade, seu próprio governo.

Nos últimos 150 anos, Socotra mudou de mãos entre o sultanato Mahra, a Grã-Bretanha, o Iêmen do Sul e o Iêmen moderno. Atualmente, é a única parte do Iêmen a escapar da guerra civil.
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Oxalá, assim permaneça.

Turismo, gado, e pesca de subsistência
Além de pescarem e usarem os recursos marinhos como subsistência, o turismo já é uma realidade ainda que para quem não exija luxo.
Depois da reabertura da rota aérea comercial para Socotra, a ligação ABU DHABI – SOCOTRA tornou-se 100% confiável permitindo novamente o turismo. Hoje você pode chegar a Socotra com um VÔO DIRETO NON-STOP semanal de Abu Dhabi que está programado para todas as segundas-feiras.
No início de 2016, o autoproclamado presidente iemenita cogitou alugar a ilha de Socotra aos Emirados Árabes Unidos por 99 anos para desenvolver o turismo, como recompensa pelo apoio na luta contra os rebeldes Houthi.
Segundo matéria da revista Exame, ‘o Iêmen tenta há vários anos desenvolver o arquipélago, que quer transformar em um destino turístico para um público sensível às questões ambientais’.
Entre as atrações turísticas estão o trekking, mergulho, passeios de barco ou de 4 x 4, paraquedismo, observação de pássaros, golfinhos e baleias. A viagem é rústica e selvagem.
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O ambiente
‘O ambiente da ilha é desafiador e muitas vezes hostil. A maioria dos ilhéus dependia até recentemente de seu gado para sobreviver e, portanto, das pastagens que alimentavam seus animais’.

‘Eles lidaram com a precariedade do meio ambiente de várias maneiras entre elas criando diferentes espécies de gado, cabras, ovelhas, além de camelos para fornecer carne, e sua principal mercadoria comercial, manteiga clarificada’.
‘Cada tipo de gado tem necessidades dietéticas distintas, o que lhes permite explorar diferentes áreas da pastagem em diferentes épocas do ano. O manejo da vegetação foi fundamental para a sobrevivência nas ilhas. As plantas atuam como um microclima para outras plantas, criaturas vivas e solos; evitam a erosão eólica e hídrica e fornecem um meio de aumentar ou manter a fertilidade e a produtividade do solo.
Bem diferente de outra ilha aqui comentada, a ilha de Páscoa.
A população de Socotra
O povo de Socotra tem sido o guardião de suas ilhas por gerações. As suas complexas regras tradicionais que regem a gestão do gado e das pastagens, o acesso à água e forragens da estação seca e a exploração da flora e da fauna em geral têm sido fundamentais para a manutenção da biodiversidade.

O fato de o arquipélago ser declarado um dos grupos de ilhas mais importantes do mundo, com uma flora e fauna de importância global, demonstra o sucesso de sua gestão.
Acordo mundial para salvar Socotra
É urgente um acordo mundial para, a despeito do resultado das guerras que destroem o Iêmen, preservar esta riqueza da natureza, seja qual for o resultado dos conflitos.
Viagens para Socotra
Se este é o seu interesse, sugerimos três sites especializados: Univers Voyages, Socotra Island Expeditions, e Travellers Quest. E boa viagem!
Assista ao vídeo e conheça seus habitantes, a flora, fauna, e grande variedade paisagens deslumbrantes

Assista a este vídeo no YouTube
João suas reportagens são sensacionais. Te acompanho faz muito tempo. PARABÉNS!! Feliz 2023
nao sei se choro ou se rio
o lugar e um deserto e poderia se transformar em um jardim do éden
alimentando famintos do mundo inteiro…
Ha alguns anos atras, a Gloria Maria fez uma reportagem em Socotra para o GloboReporter. Apesar do formato rapido e superficial do documentario, proprio da linguagem televisiva (infelizmente), deu para perceber a beleza do lugar, bem como a precariedade e falta de infraestrutura. Estas deficiencias, e, principalmente o risco de vida causado pela guerra, que nao pode ser desprezado, com certeza continuarao a impedir o desenvolvimento do turismo naquele local.
De qualquer forma, parabens pelo artigo, fotos e belissimo filme.
Quanto ao chato arrogante e suposto mestre na Lingua Portuguesa, ignore : nao vale a pena perder tempo com assumidades de internet……
Oxalá assim permaneça? Portugues errado, meu jornalista.
Mais um chato de plantão. Lê a matéria, não fala nada sobre o conteúdo, as fotos cuidadosamente escolhidas, ou ao vídeo. Mas, pentelho e pernóstico, diz que errei o português. E, para provar sua babaquice, escreve a palavra português sem o acento circunflexo. Mensagens como esta recebo todo dia, não deixo entrar porque tem gente demais sem ter o que fazer a não ser encher o saco alheio. Duro…
O texto está ótimo! Estou doido para conhecer a ilha!
João, não esquenta com ignorantes Pedro das quantas… Não tem nem senso de humor quanto menos da beleza da natureza