Água morta, Fridtjof Nansen, navios de Cleópatra
O que é, o que é…O que, afinal, tem a ver água morta, o cientista, explorador polar, aventureiro e político norueguês, Fridtjof Nansen, e os navios de Cleópatra? Isso parece piada ou uma charada impossível de ser decifrada. Mas não, não se trata nem de charada, muito menos, piada. Água morta é um fenômeno natural só descoberto mais de 100 anos depois de relatado pela primeira vez.
Água morta, Fridtjof Nansen, navios de Cleópatra
Fridtjof Nansen (1861-1930) foi uma pessoa fora da curva. Ele foi político, explorador polar, cientista e um notável criador de barcos excepcionais. E ainda foi laureado com o Prêmio Nobel da paz em 1922 por ajudar refugiados da Primeira Grande Guerra. Entre seus feitos exploratórios, Nansen atravessou com esquis a calota glacial da Groenlândia em 1889. Foi ele quem desenhou o casco do mais que famoso navio, o FRAM, que significa ‘avante’, em português.
Oriundo das regiões polares, Nansen queria um barco polar capaz de aguentar todas as intempéries destas regiões. Foram as teorias arrojadas de Nansen que deram ao Fram seu design inovador. Ele queria um navio que, apesar de pequeno e leve, fosse forte o bastante para suportar a tremenda pressão do gelo. Um navio com um casco projetado especialmente para garantir que fosse levantado pelo gelo, caso aprisionado, e não esmagado, como aconteceu com o Endurance de Shackleton.
Pois foi com este barco que ele iniciou uma aventura que lhe traria fama mundial. Em 1893 Nansen iniciou uma expedição ao Polo Norte, a bordo do FRAM, quando atingiu a mais alta latitude até então. Mas, no trajeto, enfrentou problemas que nem ele fora capaz de prever.
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Quando rumava em direção da Sibéria, Nansen percebeu um fenômeno que jamais havia visto antes, nem comentado por quem quer que seja até então. Seu belo navio, o FRAM (equipado com velas e motor a carvão), de repente perdeu velocidade sem motivo aparente. Nansen tentou de tudo, e usou os seus vastos conhecimentos náuticos para descobrir o que se passava. Por acaso o navio estaria preso em um baixio? Não estava. Algum grosso cabo pegara seu casco? Também não.
Enquanto pensava o que poderia estar por trás da inusitada situação, Nansen tentou manobrar o FRAM, em vão. O barco não respondia aos comandos e, aparentemente, não saía do lugar. Pior, parece que navegava para a frente, e depois para trás. E o mar nem estava ruim, ao contrário, era um raro dia de sol, e de ventos agradáveis quando aconteceu. Por fim, depois de muito tentar, o FRAM se desvencilhou e a viagem prosseguiu.
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Mas, como sempre em suas viagens, a tripulação registrou meticulosamente as condições meteorológicas e compilaram dados científicos. Entre eles, o problema que enfrentara com o FRAM parado no meio do mar sem explicação, chamado por Nansen de “força misteriosa”. Nansen fora o primeiro a verificar a tal força misteriosa a que deu o nome de ‘água morta’.
Batalha de Actium em 31a.C.
Foi uma batalha naval das mais importantes da história. Ela selou o fim da República romana, e o inicio do Império. A peleja envolveu personagens do nosso imaginário: Júlio Cesar, Cleópatra, e Marco Antonio. Ela aconteceu em 2 de setembro de 31 a. C., na antiga Grécia, perto do promontório de Áccio – consagrado a Apolo -, à entrada do Golfo de Arta.
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A frota de Cleópatra era bem maior, e mais aparelhada que a dos romanos. A vitória parecia certa. Não havia como Cleópatra perde-la. Mas foi o que aconteceu, intrigando historiadores até hoje.
Especialistas de múltiplas áreas CNRS e da Universidade de Poitiers desvendam o segredo da água morta
Depois da viagem do FRAM especialistas estudaram o caso da “força misteriosa”, ou ‘água morta’, que tanto intrigara Fridtjof Nansen. Em 1904 o físico e oceanógrafo sueco Vagn Walfrid Ekman achou o elo que faltava. Trabalhando em laboratórios, Ekman provou que ondas formadas no Ártico, entre camadas de água salgada e água doce, com diferente densidades, interagiam com o FRAM provocando resistência.
O físico sueco percebeu que as ondas de arrasto provocavam mudanças na velocidade do navio. Mas isso ainda não explicava totalmente o que Nansen observara: o navio parava a velocidades baixas e constantes…
Até que estudiosos da batalha de Actium entraram em ação. Eles pesquisavam o porquê da avassaladora derrota dos navios de Cleópatra, e descobriram que o fenômeno observado por Nansen séculos depois, era o mesmo que impediu as manobras da frota da rainha do Egito arrasada pela frota mais fraca do imperador romano Augusto
Os especialistas do Centro Nacional de Pesquisa Científica (CNRS), principal instituição de pesquisa da França e da Universidade de Poitiers descobriram como responder aos dois mistérios ao publicarem os resultados de seus estudos na revista científica PNAS em julho de 2020.
Ondas que agem como uma espécie de “esteira”
Várias publicações de prestígio mundial abordaram a descoberta. Entre elas a BBC. Para a rede inglesa, “os cientistas concluíram que as variações de velocidade descritas por Ekman ocorrem por causa da geração de ondas que agem como uma espécie de esteira. Essa ‘esteira’ faz com que os barcos se movam para frente e para trás. Os cientistas também conseguiram unificar as observações de Ekman com as de Nansen, alegando que o efeito oscilante é apenas temporário.”
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Segundo a BBC, “o estudo conclui que eventualmente o navio acaba escapando e atinge a velocidade constante que Nansen descreveu. E o fenômeno não se resume às regiões polares, “mas em todos os mares e oceanos onde águas de diferentes densidades se misturam.”
Já o site hypescience.com explica que “alterações na velocidade dos navios que ficam presos na água morta ocorrem por que as ondas funcionam como uma esteira rolante em que as embarcações se movem tanto para frente quanto para trás.
Para o hypescience.com “É um misto de dois diferentes fenômenos de arrasto conhecidos: ondas de Ekman (mudanças de velocidade em uma embarcação que ficou presa) e de Nansen (velocidade anômala baixa). Até o momento não se conhecia a causa destes acontecimentos. Mas os especialistas desvendaram o enigma usando classificação matemática e analisando imagens do experimento, inicialmente.”
Assista ao vídeo e saiba mais sobre o fenômeno da água morta
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Imagem de abertura: O FRAM visto pela revista TIME
Fontes: https://www.bbc.com/portuguese/geral-53625748; https://hypescience.com/agua-morta-bizarro-fenomeno-que-prende-embarcacoes-no-meio-do-nada-e-finalmente-explicado/; https://www.pnas.org/content/117/29/16770.
Por favor, Júlio Cesar já estava morto quando ocorreu a batalha de Actium, e Cleópatra não era descendente de Alexandre o Grande.
Prezado Estevan: Cleópatra, ao contrário do que pensa o vulgo, não teria sido uma devassa. Teria tido dois amores:Júlio César e Marco Antônio, dizem estudos recentes. Com Júlio Cesar veio a ter um filho, o futuro ditador de Roma.
Quanto a ser descende de Alexandre, vc tem razão. É o meu velho e reconhecido déficit de atenção. Pensei em Ptolemeu, porque Cleópatra é descendente do general Ptolemeu I Sóter, greco-macedônio, que lutou com Alexandre. Já está corrido, obrigado.
Parabéns, primeira vez que ouço falar desse fenômeno, sempre há algo a desvendar.