Desastres naturais e o custo pra as seguradoras

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Desastres naturais e o custo pra as seguradoras

Um dos mais severos impactos do aquecimento do planeta é o que ele provoca na economia. Reportagem da Economist, dezembro de 2024, revela que as perdas de seguros de desastres naturais, como inundações e furacões, estão a caminho de ultrapassar os 135 bilhões de dólares este ano, levando a pedidos das maiores seguradoras do mundo para mais ações para combater as mudanças climáticas. Além disso, o Le Monde, em matéria do mesmo período, informou que ‘em 2023, os desastres naturais causaram cerca de US$ 250 bilhões em danos, de acordo com estimativas da Munich Re’. Antes de mais nada, este é apenas o começo. Só recentemente começamos a pagar o custo de nossa imprudência e egoísmo.

desenho de desastres naturais
Imagem, Medcom.id.

2/3 das perdas mundiais são dos EUA

Segundo a Economist, à princípio dois terços das perdas globais foram nos EUA onde dois furacões devastaram a Flórida em setembro, e outubro, de acordo com a Swiss Re.  Para a mesma fonte, inundações intensas na Europa, em particular na Espanha, resultaram na segunda maior perda segurada de inundações na região.

Segundo a Economist, este é o quinto ano consecutivo em que as perdas de catástrofes naturais passaram de US$ 100 bilhões, levando a pedidos de mais investimentos em medidas para combater as causas do clima severo.

Já o relatório da Swiss Re alerta que, ‘com 1,54º C acima da média pré-industrial, 2024 deve se tornar o ano mais quente já registrado. Como resultado, um clima mais quente favorece a ocorrência de muitas das catástrofes naturais observadas em 2024’.

O relatório veio dias depois que a Munich Re, outra resseguradora, disse que as perdas da temporada de ciclones tropicais dos EUA de 2024 estavam “muito acima” da média de 10 anos.

Custos globais estáveis, mas tempestades cada vez mais destrutivas

Para o Le Monde, os custos globais são estáveis, mas as tempestades, cada vez mais destrutivas. Desse modo, em 2023 os desastres naturais causaram cerca de US$ 250 bilhões em danos, inalterados em relação ao ano anterior, de acordo com estimativas da Munich Re.

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As perdas seguradas caíram quase um quarto, para US$ 95 bilhões, em comparação com US$ 125 bilhões em 2022, de acordo com o grupo alemão, a principal resseguradora do mundo. As companhias de seguros pagam prêmios às resseguradoras para cobrir uma parte dos seus riscos.

Essa grande diferença entre as perdas totais e as perdas seguradas, diz Le Monde,  é amplamente explicada pela localização dos desastres mais caros do ano passado. Por exemplo, a série de terremotos que atingiram a Turquia e a Síria em fevereiro de 2023, matando cerca de 58 mil pessoas, causou cerca de US$ 50 bilhões em danos, entretanto, apenas US$ 5,5 bilhões foram cobertos por uma apólice de seguro.

Apesar das perdas bilionárias, o setor parece muito bem preparado, e estruturado para o que vem pela frente, ao contrário da grande maioria das cidades do mundo, em especial as do Brasil. A Economist, revela que a Swiss Re registrou lucro líquido de US$ 2,2 bilhões nos primeiros nove meses do ano. Para o CEO Andreas Berger, aumentar a resiliência do negócio foi uma prioridade para a equipe de gerenciamento.

No Brasil seguradoras propõem novas coberturas diante dos eventos extremos

No Brasil os custos também explodiram, tanto que, em abril de 2024 o mercado de seguros apresentou, em audiência na Câmara dos Deputados, novas propostas de cobertura para pronta resposta de sinistros diante dos eventos extremos de enchentes e secas agravados pelas mudanças climáticas, segundo a Agência Câmara de Notícias.

O governo busca fortalecer o mercado para responder rapidamente aos efeitos das catástrofes climáticas no campo, com a criação de um Fundo de Seguro Rural (FSR). A iniciativa contará com a participação da União, que investirá R$ 4,5 bilhões, além de seguradoras e resseguradoras que atuam no Seguro Rural.

Evento no Rio Grande do Sul assusta o mercado

O Money Times revelou que os fortes temporais que castigaram 475 municípios do Rio Grande do Sul deixando um rastro de 2,4 milhões de pessoas afetadas deverá ser o maior sinistro causado por um único evento climático, na história do país.

Para o Money Times, o que aconteceu no estado gaúcho não é uma tragédia isolada. Ela faz parte dos desastres naturais e globais derivados dos efeitos climáticos que, nos últimos quatros anos, registraram máximas históricas e afetaram o setor de seguros com prejuízos da ordem de US$ 100 bilhões no mundo, segundo a pesquisa Allianz Barometer 2024, realizada com 3.069 especialistas de 92 países.

Diante desse cenário trágico, indaga o Money Times, como prevenir e mitigar os riscos dos desastres naturais derivados dos efeitos climáticos? Dyogo Oliveira, presidente da CNSeg, responde: ‘o Brasil precisa se preparar para lidar com esse fenômeno com treinamento da população que também deve ter acesso a locais seguros em caso de um desastre natural, com planos de contingência, sistemas eficientes de prevenção de desastres e obras resilientes às enchentes’.

O Mar Sem Fim continua destacando a importância da resiliência das cidades litorâneas, possivelmente as mais vulneráveis às mudanças climáticas. Apesar de os alertas completarem 30 anos, apenas São Sebastião, no litoral norte paulista, tomou medidas exemplares para se preparar para o futuro. Santos também avança nesse sentido, mas a maioria dos municípios ainda ignora a realidade do Antropoceno. Quanto mais demorarem para agir, mais altos serão os custos e mais trágicas as consequências.

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