Sete toneladas de óleo em praias de Pernambuco

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Sete toneladas de óleo recolhidas em praias de Pernambuco

Antes de mais nada, o desastre que se abateu nas praias nordestinas em 2019 parece não ter fim. Até hoje, passados três anos, não houve punição pelo derrame. Pudera, não se sabe exatamente como o óleo foi dar nas praias. No início a culpa foi atribuída ao navio grego Bouboulina. Contudo, em maio de 2021 a Marinha do Brasil incluiu dois outros: os navios Nichioh (que em maio de 2020 alterou o nome para City of Tokyo), e o Amore Mio (que também teve o nome alterado em março de 2020, quando foi rebatizado como  Godam). Três anos depois, em outubro de 2022, mais sete toneladas de óleo foram recolhidas das praias de Pernambuco. Façam suas apostas, senhores: de quem seria a culpa desta vez?

óleo nas praias de Pernambuco
Imagem, reprodução WhatsApp.

Danos do desastre de 2019 custaram pelo menos meio bilhão de reais

Segundo a Folha de S. Paulo (3/7/2022), ‘Um laudo produzido por peritos da Polícia Federal estima em R$ 525,3 milhões os danos causados pelo vazamento de óleo no litoral nordeste brasileiro que resultou em manchas em mais de mil localidades em 2019.’

Segundo os peritos, diz a Folha, o valor ainda deve ser atualizado quando for cobrado dos responsáveis e não representa a integralidade da estimativa de dano, mas um “valor mínimo com base em metodologias econômicas de custo de reposição de serviços ecossistêmicos e dispêndios públicos”.

Fevereiro de 2022, óleo nas praias do Ceará

Ainda em fevereiro deste ano publicamos Litoral cearense tem 64 praias com manchas de óleo. No post, mostrávamos que o misterioso acidente ainda não cessou totalmente.

Segundo levantamento da Secretaria do Meio Ambiente do Ceará (Semace) já são 64 praias do litoral cearense com registros de manchas de óleo, diz a Agência Brasil. ‘A Marinha do Brasil e o Instituto de Ciências do Mar, da Universidade Federal do Ceará (UFC), coletaram amostras para analisar a origem do óleo. Já se sabe que não é o mesmo material encontrado na faixa litorânea do Nordeste em 2019, segundo estudo da Universidade Federal da Bahia (UFBA) com a Universidade Estadual do Ceará (Uece)’.

O que disseram os pesquisadores sobre o derrame de 2019

Segundo Alexander Turra, professor titular do Departamento de Oceanografia Biológica da Universidade de São Paulo, a USP, em entrevista a este site, ‘o acidente de 2019 foi inusitado.’ Era um tipo de óleo mais denso que navegava por baixo d’água, a cerca de um metro e meio, e que não era capturado pelos equipamentos que temos.

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Contudo, a tecnologia existe e está disponível, basta trazê-la ao País. Acontece que poucas pessoas se sensibilizam pelo que acontece no litoral. Desse modo, continuamos reféns destes, e de outros acidentes.

Ao menos neste caso, a Marinha do Brasil pediu investimentos. Em comunicado, disse a MB:

Esse evento, inédito e sem precedentes na nossa história, traz ensinamentos, como a necessidade de se investir no aprimoramento do monitoramento dos navios que transitam nas águas jurisdicionais brasileiras e nas suas proximidades, destacando o Sistema de Gerenciamento da Amazônia Azul (SisGAAz)

‘Investir no aprimoramento do monitoramento dos navios que transitam nas águas jurisdicionais brasileiras’…

Apesar dos pedidos, não houve investimento. Mas os derrames persistem. Agora, o Estado atingido é o Pernambuco…

Sete toneladas de óleo nas praias pernambucanas

De acordo com o ultimasnoticias.inf.br (6/10/2022), ‘subiu para sete toneladas a quantidade de ‘bolotas’ de óleo recolhidas em praias de Pernambuco, desde sábado, 1º de outubro. As informações são da Secretaria Estadual de Meio Ambiente (Semas). Os resíduos vieram de nove municípios.’

Ao que parece, as primeiras bolotas  encontradas ainda em agosto não vieram somente de Pernambuco, mas igualmente dos  litorais da Bahia, Alagoas, e Paraíba.

Segundo O Globo (30/08/2022) ‘O óleo encontrado em dezenas de praias do Nordeste nos últimos dias não tem características de um vazamento recente, explicam pesquisadores. Os fragmentos recolhidos ainda estão passando por análise química, mas a principal hipótese é que o material seja resquício das grandes manchas que poluíram o mesmo litoral há três anos.’

O jornal entrevistou o Professor de Engenharia Ambiental da Escola Politécnica da Universidade Federal da Bahia, Ícaro Moreira:

As características físicas que observamos se assemelham àquelas de 2019. Além disso, o óleo tem chegado à costa em forma esférica, o que indica que já estava há muito tempo naquele ambiente aquático marinho. E com a turbulência do mar, tende a ficar num formato de bola. Quando o óleo é novo, ele fica na superfície do mar, com bastante brilho. Mas muitos petróleos de origens diferentes podem apresentar característica visual semelhante, então a hipótese precisa ser confirmada por comprovação química.

E, então, até quando o litoral continuará ao deus-dará?

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