Embora haja consenso internacional quanto à necessidade de criar o PIB sustentável, permanecem dúvidas especialistas
PIB sustentável. Rio de Janeiro – Embora haja consenso internacional quanto à necessidade de um indicador para medir a sustentabilidade dos países, o chamado PIB Verde, permanecem dúvidas entre os especialistas. O tema foi discutido nos últimos dias 28 e 29 de outubro, na 2ª Rio Climate Challenge: Rio Clima.
PIB sustentável ou Produto Interno Bruto
Há dúvidas sobre se convém trabalhar em cima do Produto Interno Bruto tradicional, agregando uma série de elementos qualitativos de natureza ambiental e social. Ou se seria melhor construir outro indicador baseado no consumo que, nesse caso, seria a renda disponível das famílias após o pagamento de suas necessidades básicas.
PIB já não é suficiente para mensurar o desenvolvimento de um país
O deputado Alfredo Sirkis (PSB-RJ), presidente da Subcomissão Especial da Câmara dos Deputados para a 19ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro da Organização das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP-19), concorda que o atual PIB não é suficiente para mensurar o desenvolvimento de um país.
A ideia do PIB sustentável
A ideia do PIB sustentável foi lançada pela Organização das Nações Unidas (ONU) durante a Conferência para o Desenvolvimento Sustentável (Rio+20). O indicador refletiria a riqueza real dos países. Bem como sua capacidade de crescimento futuro, considerando a disponibilidade de recursos naturais, educação das populações, qualidade de vida.
Mais lidos
Declínio do berçário da baleia-franca e alerta aos atuais locais de avistagemNavio de cruzeiro aporta em NY arrastando baleia na proaA saga do navio oceanográfico Prof. W. Besnard terá final felizO mundo planta árvores de mangue enquanto o Brasil cortaPIB virou um “fetiche” dos governos
Sirkis disse que o PIB virou um “fetiche” dos governos. Eles passam a considerar que, se ele está aumentando, tudo está bem. Se não aumenta, tudo vai mal. “Não é isso que determina de fato o desenvolvimento”, sustentou.
Pessoalmente, Alfredo Sirkis é favorável a que se aplique sobre o PIB uma série de outros indicadores, e se tire uma média ponderada.
PUBLICIDADE
Como aplicar as três vertentes (econômica, social e ambiental) sobre o PIB
Como aplicar as três vertentes (econômica, social e ambiental) sobre o PIB é o objeto da grande discussão, enfatizou. “Não é nada trivial”. Esclareceu que o problema não é o PIB, mas o uso dado a esse indicador.
Índice foi criado na década de 1930
O índice foi criado na década de 1930, em resposta à Grande Depressão e, depois, às destruições causadas por esse conflito.
Leia também
O Impacto das Mudanças Climáticas nos Destinos TurísticosDesafio global: Alterações climáticas80% das emissões recentes de CO2 vêm de 57 fontes“Era importante, naquela época, ter a possibilidade de se apropriar de tudo que existia de produtivo nos vários países. E ter um indicador baseado nisso. Era um indicador de reconstrução”. Com o passar do tempo, ações como destruição de florestas tiveram consequências negativas sobre o desenvolvimento de muitos países.
Discussão em torno de novo indicador de sustentabilidade é complexa
Hoje, a discussão em torno de um novo indicador é complexa, tendo em vista as diferenças ambientais, sociais e econômicas das nações. “O diabo mora nos detalhes”, ressaltou Sirkis. Acrescentou que o agravante é saber quais são os danos compatíveis na contabilidade dos diferentes países.
Debate ocorre no âmbito da conferência dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável
O debate sobre o PIB Verde ocorre no âmbito da conferência dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS), processo aberto a partir da Rio+20, e não na Conferência do Clima, que ocorrerá em Paris, na França, em 2015.
Dificuldade de consenso sobre PIB Verde
Diante da dificuldade de se chegar a um consenso sobre o PIB Verde, o tema não integra as recomendações que serão levadas pela subcomissão da Câmara dos Deputados à COP-19, em Varsóvia. “Todo mundo concorda que o PIB é ruim, pelo uso que se dá, do ponto de vista do desenvolvimento sustentável. Mas não houve consenso em relação a essa situação”.
Alana Grandra, da Agência Brasil.