Peixe-leão espécie invasora se alastra no mar brasileiro

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Peixe-leão espécie invasora se alastra no mar brasileiro

O peixe-leão apareceu pela primeira vez no Brasil em 2014, no litoral do Rio de Janeiro. Cinco anos depois, pesquisadores registraram 11 indivíduos em Fernando de Noronha, uma das áreas marinhas protegidas mais ricas em biodiversidade do País. A partir de então, a espécie invasora avançou pelos litorais do País. Agora, um estudo de cientistas brasileiros, publicado na revista Marine Environmental Research, confirma a expansão. Peixe-leão espécie invasora já ocupa ao menos 18 Áreas Marinhas Protegidas (AMPs) entre 2020 e 2024, ao longo de 4.000 km da costa do Atlântico Sul. A presença crescente representa uma ameaça real à fauna nativa. ‘Essa rápida disseminação’, revela o estudo, ‘ressalta a necessidade urgente de estratégias de manejo coordenadas para mitigar a ameaça representada pelos peixes-leão em toda a bacia do Oceano Atlântico’.

peixe-leão espécie invasora
Imagem, Luís Guilherme França / PCR.

De onde vem o peixe-leão?

Os peixes-leão (Pterois volitans) são nativos dos recifes de coral nas águas tropicais dos oceanos Pacífico Sul e Indiano. O primeiro exemplar visto no Atlântico foi encontrado na Flórida, em 1985. Segundo a NOAA, nos Estados Unidos o peixe era  popular entre os aquaristas. Desse modo, é plausível que repetidas fugas para a natureza por meio de solturas sejam a causa de sua proliferação.’

Desde então, a invasão do peixe-leão se espalhou rapidamente, com populações agora se estendendo do sudeste dos Estados Unidos à América do Sul. Sem predadores naturais em seu habitat não-nativo, as populações de peixes-leão explodiram, criando desafios ecológicos significativos. O animal é altamente adaptável, carnívoro voraz, com grande capacidade reprodutiva e também venenoso.

Para a North American Invasive Species Management Association – Naisma – ‘os peixes-leão são predadores vorazes com uma dieta ampla que inclui mais de 70 espécies de peixes e invertebrados. Seu impacto no ecossistema é devastador’. O peixe-leão consome peixes de recife juvenil, incluindo espécies ecologicamente e economicamente importantes, como garoupa e pargo. Esta predação perturba a teia alimentar e compromete a resiliência dos ecossistemas de recifes de coral.

‘Um único peixe-leão pode produzir até 30.000 ovos a cada quatro dias, permitindo que as populações cresçam incontrolavelmente e superem espécies nativas por recursos’.

Já o The World of Animals revelou que o peixe-leão pode comer presas com mais da metade do tamanho de seu próprio corpo, desde que caibam em suas bocas. Seu estômago pode expandir até 30 vezes o volume normal. Além dos peixes, comem também invertebrados e moluscos – camarões, caranguejos, juvenis de polvo, lulas, juvenis de lagosta, cavalos-marinhos, etc.

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Peixe-leão, uma espécie invasora com potencial devastador no litoral do País

Como mostrado no tópico anterior, poucas espécies invasoras representam uma ameaça tão grave quanto o peixe-leão. Ele supera, em impacto ecológico, outras invasões já conhecidas no Brasil, como as do mexilhão-dourado, do mexilhão-verde e do coral-sol.

infográfico Peixe-leão especie invasora
Ilustração

O alarme vermelho soou no Brasil em 2023, quando pesquisadores entregaram um estudo ao Ministério da Pesca e Aquicultura, em Brasília. Durante a cerimônia, apresentaram dados e possíveis soluções para o avanço do peixe-leão.

A Agência Brasil informou que ‘o documento, entregue ao ministro André de Paula, da Pesca e Aquicultura, defendia a implementação de uma política pública que abranja as seguintes áreas-chave: captura e extração do peixe-leão, pesquisa e monitoramento, um plano de comunicação e educação ambiental’.

Estratégias no Brasil

A revista Fapesp revela que ‘o ICMBio, com especialistas das universidades de Alagoas, Pernambuco e Ceará, está examinando a possibilidade de promover o consumo da carne de peixe-leão como estratégia para reduzir as populações dessa espécie’.

Contudo, esta estratégia não deu resultados no Caribe, além de serem necessários alguns testes antes de liberar a ingestão da carne do animal. A mesma fonte diz ainda que no Rio Grande do Norte pesquisadores pretendem promover a captura dos peixes-leão por pescadores artesanais por meio de torneios periódicos, que poderiam durar meses, premiando quem pescou mais ou os maiores.

Para cobrir todo o litoral do Estado, o custo seria de cerca de R$ 400 mil, incluindo um kit captura para os participantes, com arpão, coletor de PVC para guardar os peixes, material de proteção individual, camiseta de manga comprida e caixa térmica.

Como se vê, a fauna marinha nacional está agora seriamente ameaçada de ser devastada como aconteceu em vários locais do Caribe. Ainda não há uma estratégia comum que possa ser aplicada em todos os locais onde o peixe já se infestou. Para encerrar, torcemos para que os torneios no Rio Grande do Norte deem resultados mas, como mostrou a Fapesp, o custo é alto.

Assista ao vídeo e saiba mais

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