Novas espécies de peixes-elétricos descobertas em 2019

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Novas espécies de peixes-elétricos: duas em 2013, e mais duas em 2019

A imagem mostra  duas novas espécies de peixes-elétricos  descobertas em 2013. O Brachyhypopomus walteri (no alto) tem uma cauda longa e afinada e produz tanto descargas elétricas positivas, quanto negativas. Já o Brachyhypopomus bennetti (abaixo) tem uma cauda curta e larga e produz apenas descargas elétricas positivas. Ambas são da região amazônica. Agora, outras duas foram descobertas em 2019.

imagem de duas novas espécies de peixes-elétricos
Crédito: John P Sullivan

A perigosa presença de um poraquê

Nas várzeas ou lagos da Amazônia, uma pulsação elétrica irregular, ainda que imperceptível para os seres humanos, indica a perigosa presença de um poraquê (Electrophorus electricus).

imagem do peixe eletrizo poraquê
O Poraquê (Foto: wikipedia)

O peixe-elétrico que pode ultrapassar dois metros de comprimento, e é capaz de dar choques de 650 volts. Mas cientistas descobriram em 2013 que outro peixe-elétrico bem menor, um inofensivo sarapó de apenas um palmo de tamanho, emite um sinal parecido. Os responsáveis pela descoberta desconfiam que essa semelhança não é coincidência, mas uma estratégia de defesa do peixe.

Imitando a fera: as espécies de peixes-elétricos descobertas em 2013

Esse imitador recém-descoberto, batizado de Brachyhypopomus bennetti, foi descrito em um artigo publicado na edição de 28 de agosto do jornal científico Zookeys. No mesmo artigo, o grupo de pesquisadores descreve outra espécie do mesmo gênero e muito parecida: o B. walteri. Ambas são encontradas em ambientes de água barrenta ou branca, como os rios Amazonas e Solimões.

Na Amazônia existem várias espécies de peixes-elétricos

Quase todos usam as descargas emitidas por células musculares modificadas para se comunicarem com o ambiente. Graças aos sinais elétricos, podem identificar predadores e obstáculos no caminho. Eles podem encontrar outros da mesma espécie, e até saber se estão prontos para reprodução. São choques com apenas alguns volts, imperceptíveis para seres humanos.

O poraquê é uma exceção

Além de perceber o ambiente ao redor por meio da eletricidade, ele tem orgãos elétricos mais desenvolvidos que podem disparar potentes descargas para atordoar presas ou servir como arma de defesa.

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Duas espécie de 2013 têm característica incomum para  peixes-elétricos

O biólogo Jansen Zuanon, do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa) declarou:

São facilmente confundidas até por especialistas, mas quando analisamos as descargas elétricas vemos que elas são diferentes entre elas e também de outras espécies descritas para o mesmo gênero

B. benneti tem o órgão elétrico mais desenvolvido, que se estende por um comprimento maior do corpo. Além disso, tem a cauda mais curta e grossa. Mas o que intriga os cientistas é a pulsação monofásica dessa espécie. Zuanon explica que, enquanto outros sarapós emitem pulsos elétricos em forma de ondas, com cristas positivas e negativas, essa nova espécie emite apenas pulsos positivos.

Estratégia de defesa do sarapó

A resposta parece estar estratégia de defesa desse sarapó. As duas espécies vivem ao longo das várzeas e nos lagos da Amazônia, em meio a plantas flutuantes onde estão também as enguias e bagres, capazes de perceber as pulsações elétricas que eles emitem.

imagem de nova espécie de peixe elétrico, o sarapó
O Sarapó

É muito comum serem encontrados peixes dessas espécies mutilados em ataques de predadores.

Agora, em 2019, duas novas espécies foram descobertas

Segundo o G1, “o pesquisador brasileiro Carlos David de Santana precisou entrar em igarapés na Amazônia e, mesmo usando luvas de borracha, alguns choques foram inevitáveis.”

Segundo o UOL, Carlos David de Santana é Pesquisador associado do Museu Nacional de História Natural do Instituto Smithsonian, em Washington DC.

Cinco anos de pesquisa

“A pesquisa de cinco anos resultou na descoberta de duas novas espécies de peixe elétrico – uma delas que capaz de dar uma descarga de até 860 volts, a maior voltagem já registrada em um animal. Até então, o recorde era de 650 volts.”

A descoberta foi relata em artigo na revista Nature Communications. E o G1 esclarece: “Até agora acreditava-se que existisse apenas uma espécie de poraquê: a Electrophorus electricus, descrita em 1766 pelo naturalista sueco Carl Linnaeus. Mas duas novas espécies foram descobertas, diferenciadas pela voltagem das descargas elétricas emitidas e um processo de sequenciamento de DNA.”

imagem de porque, uma das novas espécies de peixes elétricos da amazônia
Uma das novas espécies de peixes-elétricos. Imagem, Douglas Bastos/Arquivo Pessoal/BBC News.

250 tipos de peixes-elétricos

G1: “O poraquê é um peixe-elétrico que vive na América do Sul e pode chegar a 2,5 metros de comprimento. Há cerca de 250 tipos de peixes-elétricos, que produzem descargas fracas, usadas para navegação e comunicação. O poraquê é o único que produz descargas elétricas fortes, usadas para caça e defesa. Elas são produzidas por três órgãos elétricos no corpo.”

O pesquisador declarou ao G1:

Não só da Amazônia. A gente só conhece uma pequena porção da biodiversidade do planeta. E conhecemos menos ainda a biologia dessas espécies – animais e vegetais. Não podemos deixar isso ser destruído. É uma perda muito grande a longo prazo.A pesquisa com essa biodiversidade é essencial. Muitos dos componentes dos remédios comerciais que se usam hoje são derivados de plantas e animais descobertos através de pesquisas com essas espécies. Cada uma delas é um depósito genético imenso

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Os choque sdas novas espécies de porquês são letais?

Segundo o UOL’ “Embora uma das novas espécies descobertas, a Electrophorus voltai, seja capaz de produzir um descarga de 860 volts, ou seja, quase quatro vezes a voltagem de uma tomada doméstica de 220 volts, ela não é letal para o ser humano por causa da baixa amperagem, explica Santana à BBC News Brasil. “Não é suficiente para matar uma pessoa. A tomada produz uma corrente constante. O poraquê dá uma descarga alternada. Quando ele descarrega da primeira vez, o choque dura de 1 ou 2 segundos, e ele precisa de um tempo para recarregar”, diz ele, que sentiu pessoalmente mais de um choque do peixe.”

“Claro que dói, você sente uma contração muscular, diz ele.”

Image de abertura: Douglas Bastos/Arquivo Pessoal/BBC News.

Fontes: Vandré Fonseca; https://g1.globo.com/natureza/noticia/2019/09/10/nova-especie-de-peixe-eletrico-descoberta-na-amazonia-emite-860-volts-descarga-mais-forte-ja-registrada-em-animal.ghtml; https://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/bbc/2019/09/10/nova-especie-de-peixe-eletrico-descoberta-na-amazonia-emite-860-volts-descarga-mais-forte-ja-registrada-em-animal.htm.

História da descoberta da Antártica, assunto controverso

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