Lagoas costeiras, conheça mais este ecossistema
Elas estão por todo o litoral brasileiro. Foram formadas pelos movimentos de progressão e regressão do nível do mar. Começam no sul do País, na planície costeira do Rio Grande do Sul. Mas também estão presentes em vários outros Estados. Um deles ganhou seu nome por causa delas: Alagoas. Já a cidade de Laguna, em Santa Cataria, foi assim batizada pelo mesmo motivo. E o Rio de Janeiro ganhou toda uma região, a Região dos Lagos. A mais conhecida do púbico é a Laguna Guaíba, no litoral do Rio Grande do Sul. Lagoas costeiras, conheça mais este ecossistema.
A formação das lagoas costeiras
Elas são a interface entre a zona costeira, águas marinhas, e as águas interiores. E variam pela forma, processos ecológicos, e a conectividade com o mar. Surgiram à medida que o meio terrestre ganhou terreno sobre o marinho, ‘começando por aparecer pequenas baías que, aos poucos, ficaram isoladas do mar por interposição de barreiras arenosas ou braços de rias (enseada comprida e estreita na costa), ainda em crescimento, isolando-se por colmatagem (depósito ou amontoamento de terras, resultante de obras para plantio de árvores) devido aos aluviões (depósitos de sedimentos) fluviais’.
O tipos de lagoas costeiras
As lagoas costeiras podem ser de três tipos. Fechadas para o mar, abertas, ou ainda abertas de forma intermitente.
Mas, como sempre no Brasil sem planejamento a longo prazo, “nenhuma lagoa costeira e planície do entorno tem um plano integrado de gestão que promova seu uso sustentável, e utilize, de forma plena, os serviços por ela oferecidos.”
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Há uma miríade que inclui répteis, peixes, crustáceos, mamíferos, anfíbios, invertebrados, micro-organismos, e aves; milhares de aves que nelas se alimentam. O melhor exemplo é a unidade de conservação Parque Nacional da Lagoa do Peixe, no litoral médio do Rio Grande do Sul.
Jamais vi tantas, e tão bonitas aves no entorno de suas lagoas. Algumas vêm do Alasca, como os maçaricos. Outras voam da Patagônia até o Parna, são os flamingos. Ali as aves se alimentam, para em seguida retornarem a seus locais de origem. Já foram catalogadas 275 espécies, sendo que 35 migratórias.
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Serviços ecossistêmicos
“Estas áreas são ainda fonte de inspiração para diferentes tipos de expressões artísticas, áreas de recreação, contemplação visual e sonora de cenários.”Em outras palavras, a beleza cênica que proporcionam são fundamentais para o turismo, por exemplo, atividade que mais emprega no mundo (com exceção entre outros do Brasil por absoluta falta de infraestrutura e divulgação), e vocação natural de nossa zona costeira.
Também são importantes como ‘áreas de criação de inúmeras espécies, incluindo as de interesse comercial, de proteção contra aumento do nível do mar e tempestades’.
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Todas as características acima mencionadas, estimulam o desenvolvimento humano ao seu redor ‘subsidiando populações tradicionais com benefícios econômicos como a pesca por exemplo. Mas a falta de planejamento impõe muitas vezes a ocupação irregular, e é então que os problemas se agravam. Quando a beleza cênica está presente, e em quase todas é assim, há que contar com a força devastadora da especulação imobiliária, um dos grandes inimigos do litoral.
Muitas casas, às vezes condomínios e até pequenas vilas e cidades, nascem ao redor. Como o Brasil é desavergonhado na questão do saneamento básico, muitas lagoas passam a ser o local dos rejeitos das construções do entorno. E a poluição deita e rola. Assim acontece nas lagoas do Estado que recebeu o nome em função delas: as maiores lagoas de Alagoas são totalmente poluídas. Algumas, mais próximas dos grandes centros como Maceió, cercadas por favelas.
As maiores lagoas do Brasil
“O Complexo Lagunar Sul Catarinense, uma das maiores formações lagunares do Brasil e a maior de Santa Catarina, tem uma área aproximada de 220 km2.” Mas, como assinalado, trata-se de um complexo de lagunas.
A maior de todas é a Laguna dos Patos (lagoa é um corpo d’água sem abertura para o mar), no Rio Grande do Sul, que é também a maior da América do Sul, com com 265 quilômetros de comprimento, 60 quilômetros de largura (na sua quota máxima), e 7 metros de profundidade. Sua superfície é de 10.144 km².
Laguna dos Patos
A laguna dos Patos é um criatório de camarões e vários tipos de peixes, entre eles a tainha. Esta espécie nasce no mar. Depois de seu primeiro ano de vida, ainda juvenis, elas entram na Laguna dos Patos, onde crescem por cerca de 4 a 6 anos, quando atingem a idade adulta. Em seguida, no outono, aguardam o vento sul quando cardumes de tainhas saem da Laguna, e sobrem a costa até o sudeste.
Mas o Rio Grande do Sul conta com outro tesouro, o sistema hidrológico do Taim, ‘um complexo sistema composto de banhados e lagoas interconectadas’, e um dos locais mais espetaculares da costa brasileira. Para protegê-lo dos inevitáveis conflitos, foi criada a Estação Ecológica do Taim, uma unidade de conservação que é dos poucos bons exemplos entre seus pares do litoral. O sistema do Taim é responsável pelo abastecimento de água de cidades como Pelotas, Rio Grande e Porto Alegre para só citar as maiores.
A Laguna de Araruama, na região dos Lagos, Rio de Janeiro, tem uma superfície de 220 km² com um volume de água de 636 milhões de m³.
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Pluviosidade média anual na Laguna de Araruama
A pluviosidade média anual está entre 750 e 900 mm e é menor que a evaporação média anual, o que resultou na maior massa de água hipersalina em estado permanente do mundo. Foi o que deu origem à indústria do sal na Região dos Lagos. Apesar da Laguna de Araruama ser um importante criatório de camarão-rosa, já foram identificadas cerca de 39 espécies de peixes em suas águas.
A degradação
Por estar cercada por grandes municípios, entre outros, Araruama, São Pedro da Aldeia, Cabo Frio e Arraial do Cabo, e por sua extrema beleza, foi mais uma que sofreu o problema da especulação desenfreada e, em consequência, poluição.
Suas águas se tornaram depósito de lixo. A laguna de Araruama hoje luta para sobreviver. ‘O grande colapso veio em 1999. A água da laguna tornou-se turva, o odor insuportável, a vida insustentável e a atividade turística impraticável’.
Ao menos serviu para o nascimento da ONG Viva Lagoa que hoje tem como meta sua recuperação.
Fontes: https://www.icmbio.gov.br/portal/images/stories/plano-de-manejo/5_lagoas_costeiras_apa_da_baleia_franca.pdf; https://www.scielo.br/pdf/bjb/v68n4s0/a06v684s.pdf; https://fontecerta.com/morte-e-vida-hipersalina-saga-da-lagoa-de-araruama/; https://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/104902/000932842.pdf?sequence=1.
Parabéns por colocar em pauta estes ambientes costeiros tão importantes. São ambientes muito produtivos do ponto de vista biológico e permitem que diferentes espécies de peixes, crustáceos e aves concluam o seu ciclo de vida. Os diversos serviços ecossistêmicos proporcionados pelas lagoas costeiras devem ser valorizados e preservados. Nós, do projeto “Sistemas Lagunares do Leste Fluminense”, estamos desenvolvendo estudos em diferentes linhas sobre as lagoas fluminenses. Se desejarem conhecer um pouco mais das nossas pesquisas, visite a página do projeto no Facebook pelo endereço: https://www.facebook.com/sistemaslagunares.
Parabéns Mar sem fim. Parabéns João Lara Mesquita.
E o Mar Pequeno, na extensão de 74 km, de I Iguape a Cananeia, litoral sul de São Paulo, poluido pelo VALO GRANDE DE iguape,, merece uma reportagem para cobrar do Governo Estadual, a complementação das
obras de comportas no Valo Grande?
já foi feita pelo site. Veja em Canal do Valo Grande, algoz do Lagamar (https://marsemfim.com.br/canal-do-valo-grande-algoz-do-lagamar/).