Grande mancha de lixo do Pacífico forma ecossistema

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Grande mancha de lixo do Pacífico forma ecossistema

Por esta ninguém esperava. A grande mancha de lixo do Pacífico está se tornando um ecossistema próprio. Quase todos os oceanos têm manchas de plástico e outros tipos de lixo. O Atlântico Norte, e o Sul; o Índico, e o Pacífico. Entretanto, a mancha de lixo do Pacífico é a pior em volume e tamanho. O acúmulo de plástico acredita-se cobrir 1,6 milhão de km2, ou cerca de três vezes o tamanho do França continental. Contudo, uma equipe de pesquisadores descobriu que espécies costeiras, além de animais oceânicos, colonizaram a gigantesca pilha flutuante de lixo – e que essas espécies estão sobrevivendo e se reproduzindo.

Grande mancha de lixo do Pacífico torna-se um ecossistema.
Imagem, Ocean Cleanup.

Um estudo que abalou corações e mentes

O estudo foi publicado na Nature, Ecology&EvolutionMostramos que o alto-mar é colonizado por uma diversidade de espécies costeiras, que sobrevivem e se reproduzem em mar aberto, contribuindo fortemente para a composição de sua comunidade flutuante. A análise de detritos plásticos no Giro Subtropical do Pacífico Norte oriental revelou 37 táxons de invertebrados costeiros, em grande parte de origem no Pacífico Ocidental, triplicando a riqueza de táxons pelágicos.’

O estudo é de Linsey Haram, do Instituto Nacional de Alimentação e Agricultura. Em 70,5% dos detritos coletados havia grupos taxonômicos. Para os pesquisadores, os resultados sugerem que a histórica falta de substrato disponível limitou a colonização do oceano aberto por espécies costeiras, ao invés de restrições fisiológicas ou ecológicas como anteriormente assumido.

Ecossistema na grande mancha de lixo do Pacífico.
Ilustração, © 2021 Alex Boersma.

A CNN explicou que ‘Haram e os colegas examinaram 105 artigos de plástico pescados na grande mancha de lixo do Pacífico entre novembro de 2018 e janeiro de 2019. Os pesquisadores identificaram 484 organismos invertebrados marinhos nos detritos. Juntos, eles representam 46 espécies diferentes, das quais 80% são normalmente encontradas em habitats costeiros.’

Segundo Haram, isto não impediu a proliferação da mesma forma de organismos de oceanos abertos. “Em dois terços dos escombros, encontramos as duas comunidades juntas … competindo por espaço, mas muito provavelmente interagindo de outras maneiras.”

Entre as espécies costeiras estão caranguejos, anêmonas-do-mar e minúsculos invertebrados.

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A convivência das duas comunidades, a de alto-mar e as costeiras

Os pesquisadores ainda não têm informações suficientes para uma análise mais apurada da convivência das espécies. Seja como for, Linsey Haram disse à CNN que, “Provavelmente há competição por espaço, porque ele é escasso em mar aberto. Provavelmente há competição por recursos alimentares – mas eles também podem estar comendo uns aos outros. É difícil saber exatamente o que está acontecendo, mas vimos evidências de algumas das anêmonas costeiras comendo espécies de oceano aberto, então sabemos que há alguma predação acontecendo entre as duas comunidades.”

Plástico colonizado
Pedaço de plástico e seus colonizadores. Imagem, instituto Smithsonian.

Antes de mais nada, a tendência é de crescimento da mancha. Todos os anos, entre 1,15 e 2,41 milhões de toneladas de plástico entram no oceano – à taxa de um caminhão de lixo por minuto.

Segundo o Independent.com, ‘O estudo adverte que os novos habitats de plástico das espécies costeiras no oceano estão “alterando fundamentalmente as comunidades oceânicas e os processos do ecossistema neste ambiente com implicações potenciais para mudanças na dispersão de espécies e biogeografia em grande escala.’

Invenção promete limpar a mancha de lixo do Pacífico

Apesar da imensidão do lixo no Pacífico há quem ache possível limpar a área ou, ao menos, minimizar os impactos. Boyan Slat, um jovem de 23 anos, criou um ‘limpador do oceano’ que poderia remover 7.250,000 toneladas de resíduos de plástico dos oceanos.

Sistema em U para limpr a grande mancha de lixo do Pacífico.
O sistema de Boyan Slat para limpar o Pacífico. Imagem, The Ocean Cleanup.

Trata-se de um sistema de coleta imenso que visa limpar o  Pacífico. O dispositivo, uma barreira em forma de ‘U’, com 600 metros,   flutua na superfície do oceano com uma rede pendurada abaixo. Impulsionado por uma combinação de correntes oceânicas, ondas superficiais e vento, o sistema deveria viajar mais rápido que o plástico que deve coletar, permitindo que ele se acumule dentro da barreira e seja transportado de volta para costa por embarcações de apoio.

Custou US$ 20 milhões de dólares. Com ele, Slat, pesquisadores e investidores que acreditaram na ideia, almejam eliminar a “Grande Mancha de Lixo do Pacífico”.

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