Falta de água e desperdício, uma enormidade no Brasil

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Falta de água e desperdício, uma enormidade no Brasil

O Instituto Trata Brasil, em parceira institucional com a Asfamas, e com elaboração da consultoria GO Associados, lançou o novo estudo PERDAS DE ÁGUA POTÁVEL (2021, ano base 2019): DESAFIOS PARA A DISPONIBILIDADE HÍDRICA E AO AVANÇO DA EFICIÊNCIA DO SANEAMENTO BÁSICO. O estudo expõe a grande ineficiência do Brasil na distribuição de água potável pelas cidades, quase 40% (39,2%) de toda água potável não chega de forma oficial às residências do país por vazamentos, fraudes e roubos, erros de medição. Falta de água e desperdício, uma enormidade no Brasil.

Infográfico mostra falta de água no Brasil por região geográfica

Falta de água e desperdício: uma enormidade no Brasil

No momento em que somos sacudidos por uma pandemia mortal cuja única defesa é o uso de máscaras, isolamento social, e fazer uma boa higienização das mãos, fica ainda mais difícil de aceitar a enormidade da falta de água por puro desperdício.

De acordo com o Trata Brasil, ‘no País, o volume de água desperdiçada equivale a 7,5 mil piscinas olímpicas de água tratada desperdiçada diariamente’. Essa quantidade seria suficiente para abastecer 63 milhões de brasileiros em um ano!

Os Estados que registram maior desperdício de água potável são Amapá, com 74% de água desperdiçada; Amazonas, com 68%; e Roraima, com 65%.

Por outro lado, os destaques positivos ficam com os municípios de Santos, e Limeira, ambos em São Paulo com 12% de desperdício; e Blumenau, SC, com cerca de 16%.

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O presidente do Trata Brasil, Édson Carlos, em entrevista ao G1 declarou: “O Trata Brasil já há alguns anos estuda a situação das perdas de água potável e estamos cada vez mais preocupados, pois os números só pioram. Ao não atacar o problema, as empresas operadoras de água e esgotos precisam buscar mais água na natureza, não para atender mais pessoas, mas para compensar a ineficiência.”

Os destaques positivos na gestão da água potável

O Trata Brasil também apontou os destaques positivos. Segundo a ONG, ‘o município de Blumenau (SC) é destaque positivo com índices de perdas que são padrões de excelência estabelecidos como meta para 2034 pela Portaria Nº 490 do MDR, ou seja, 25% em perdas na distribuição e de 216 L/ligação/dia em perdas volumétricas’.

Infográfico mostra municípios com padrão de excelência na gestão de água

A pior seca da história e possível gargalo para retomada da economia

A Folha de S. Paulo, em matéria de maio de 2021 chama a atenção para a pior seca que o Brasil atravessa.”Após a pior seca da história, os reservatórios das hidrelétricas das regiões Sudeste e Centro-Oeste terminaram o período de chuvas no menor nível desde 2015 e a expectativa é que, como naquele ano, o consumidor seja chamado a cobrir o custo adicional de geração por térmicas até o fim do ano.”

Segundo o jornal, “executivos do setor avaliam que, não fosse a queda de demanda provocada pela pandemia, o país correria o risco de racionamento já em 2020. E alertam para o risco de que a oferta de energia se torne gargalo à retomada econômica caso a seca persista no próximo verão.”

O que o jornal não diz é que provavelmente este ano o Brasil não vai cumprir suas metas de redução de gases de efeito estufa, mais uma vez na contramão do mundo civilizado. Um dos motivos como sempre, são as queimadas na Amazônia, que estão fora de controle; no Pantanal, que ainda não começaram este ano, e pelo uso de ‘térmicas’ movidas a combustível fóssil.

Falta de água: situação crítica na bacia do Paraná

De acordo com o Valor Econômico, “a Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA) declarou situação crítica de escassez de recursos hídricos na bacia do Paraná, que pode resultar na imposição de medidas de restrição ao consumo de água.”

Segundo o “Cemaden-Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais- a situação das usinas de Itaipu e Jurumirim são as  mais críticas.”

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O Valor Econômico mostra o contexto e o perigo que corremos. “O rio Paraná integra a bacia com maior capacidade instalada de geração de energia elétrica do país, com 57 grandes reservatórios, sendo Itaipu o de maior capacidade instalada, com 14 mil megawatts (MW). Cerca de um terço da população brasileira vive nessa área, o que configura a bacia como a maior demandante de água do país.”

Pior seca em 111  anos

Segundo o Correio Braziliense, “o governo deve emitir alerta de emergência hídrica para o período de junho a setembro em cinco Estados, Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso do Sul, São Paulo, e Paraná. Todos estando na bacia do Rio Paraná, onde se concentra parte da produção agropecuária e grande hidrelétricas. É o primeiro alerta dessa natureza em 111 anos de serviços meteorológicos do País.”

Imagem de solo ressecado
Rio Paranapanema, divisa de São Paulo e Paraná. Imagem, Rubens Cardia/Folhapress.

Agora vamos procurar entender o porquê da pior seca em 111 anos. Um dos motivos das seca é o La Niña, de outubro de 2020 a março de 2021. O fenômeno altera a circulação global e reduziu as chuvas no Brasil.

Causas da pior seca no Brasil

A seca que vivemos é anterior ao início do fenômeno La Niña. Portanto, uma das explicações  é a severidade dos eventos extremos, um dos ‘subprodutos’ do aquecimento global que não é levado a sério no Brasil, sendo até mesmo questionado pelo ‘ministro’ do Meio Ambiente.

Outro, é o desmatamento na Amazônia que aumentou significativamente desde que o negacionismo foi eleito. É a umidade da floresta Amazônica que leva a chuva para as regiões Centro-Oeste, Sudeste e Sul.

De acordo com o cientista Ricardo Galvão, entrevistado por este site, a seca no Centro-Oeste, região onde fica o Pantanal, está diretamente relacionada ao desmatamento da Amazônia.

Isso nos remete à importância de preservar as áreas de mananciais das grandes cidades, as matas ciliares que foram decepadas em quase todos os rios fora da Amazônia, e das próprias florestas.

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Mas no Brasil a conservação ambiental passou a ser quase inviável já que os crimes contra a natureza  são estimulados pelo governo que ainda dificulta propositadamente a fiscalização.

A Amazônia bate recordes de desmatamento há dois anos e meio, o Pantanal quase foi aniquilado em 2020, e até o desmatamento na Mata Atlântica cresceu entre 2019 e 2020.

Faça sua parte: economize água.

Imagem de abertura: Rubens Cardia/Folhapress

Fontes: https://g1.globo.com/natureza/noticia/2021/05/31/quase-40percent-da-agua-potavel-no-brasil-e-desperdicada-aponta-levantamento-do-instituto-trata-brasil.ghtml; https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2021/05/pior-seca-da-historia-encarecera-conta-de-luz-o-ano-todo.shtml; https://valor.globo.com/brasil/noticia/2021/06/02/cemaden-reforca-consequencias-da-seca-para-usinas-da-bacia-do-parana.ghtml; https://www.correiobraziliense.com.br/brasil/2021/05/4927490-governo-alerta-para-a-pior-seca-em-111-anos.html; http://www.tratabrasil.org.br/blog/2021/06/17/regiao-sul-tem-o-terceiro-maior-indice-de-perdas-de-agua-do-brasil/.

Desastre ambiental escondido no mar da Califórnia

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