Cobras marinhas, um estranho animal ausente do Atlântico

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Cobras marinhas, um estranho animal ausente do Atlântico

Este é dos muitos tipos de exóticos animais marinhos dos oceanos, mas pouco conhecidos especialmente entre nós brasileiros. São criaturas difíceis de encontrar e, em alguns casos, confundidas com enguias. Ao todo foram identificadas 57 espécies de cobras marinhas que são altamente venenosas e podem chegar até 2 metros de comprimento. Elas se reproduzem em terra, mas passam a vida no mar. Notavelmente, as cobras marinhas mostram a capacidade de permanecer submersas por longos períodos, potencialmente até oito horas, facilitadas pela respiração da pele. Algumas são mais venenosas que as terrestres. Hoje vamos conhecer um pouco mais sobre estas estranhas criaturas marinhas.

Imagem de cobra marinha no mar
Imagem,https://theconversation.com/

Cobras marinhas

Estes são animais marinhos únicos, diferentes como os cavalos-marinhos, e ainda pouco estudados. Uma das grandes curiosidades sobre estes animais é como eles matam a sede rodeados por água salgada?

Matéria recente da National Geographic revela o mistério: ‘Pensava-se que essas serpentes bebiam água a partir do ambiente salgado. “A teoria clássica anterior era de que as serpentes marinhas bebiam água salgada e excretavam o excesso de sais utilizando suas glândulas de sal sublinguais”, explica Harvey Lillywhite, biólogo da Universidade da Flórida’.

‘Uma pesquisa recente refutou a teoria — e um novo estudo sugere que cobras-do-mar-pelágio (Hydrophis platurus) reidratam-se no mar, bebendo água da chuva coletada na superfície do oceano’.

Elas são encontradas em águas costeiras quentes do oceano Índico e Pacífico, e estão intimamente relacionadas com as cobras terrestres venenosas da Austrália.

Infográfico mostra distribuição global das cobras marinhas
A distribuição global das cobras marinhas. Ilustração, https://theconversation.com/.

As cobras marinhas não têm guelras. Para respirar, precisam subir até à superfície. Os brasileiros as conhecem pouco pelo simples fato de que o Atlântico não conta com elas, possivelmente em razão de correntes frias como a das Malvinas que sobe nosso litoral desde a Antártica; e a corrente de Benguela, que faz o mesmo papel no continente africano. As cobras marinhas preferem águas quentes, e não conseguem atravessar as correntes.

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As exceções de sempre…

Segundo o  site da universidade de Adelaide, Austrália, sempre há exceções. A universidade publicou  a matéria Só os peixes têm guelras, certo? Errado. Conheça Hydrophis cyanocinctus , uma cobra que pode respirar pelo topo de sua própria cabeça.

O texto descreve a espécie nativa das águas costeiras australianas e asiáticas que pode atrair oxigênio com a ajuda de um conjunto único de vasos sanguíneos abaixo da pele em seu focinho e testa.

Imagem de cabeça de cobra marinha
Imagem,https://sciences-adelaide-edu-au.

‘A rede de vasos sanguíneos funciona de forma muito semelhante às guelras de um peixe e representa uma adição recém-descoberta à extraordinária gama de adaptações que as cobras marinhas usam para sobreviver sob as ondas’.

O que fazer caso encontre uma delas em um mergulho

Segundo matéria do New York Times, ‘embora as cobras marinhas raramente ataquem mergulhadores recreativos, a picada  de uma delas pode rapidamente se tornar fatal, como aconteceu com um pescador de traineira na Austrália em 2018’.

Imagem de cobra marinha nas rochas
Imagem, https://theconversation.com/.

‘Em segundo lugar’, diz o jornal, ‘sua melhor aposta para sobreviver quando atacado por uma serpente marinha é resistir aos impulsos de fugir ou lutar’.

“Essas grandes cobras  podem nadar muito mais rápido do que nós, então não podemos fugir”, disse Rick Shine, herpetologista da Universidade Macquarie, na Austrália.

Ele acrescenta que fustigar a cobra também é uma má ideia. “É provável que a cobra fique muito zangada com isso e pode até ficar em um estado de espírito mais agressivo.”

A matéria diz que na maioria das vezes as cobras não querem picar mergulhadores, mas sentem uma atração sexual por eles. Rick Shine diz que “na verdade, é como um menino apaixonado procurando uma namorada e cometendo um erro bastante tolo.”

Kraits do mar

O site the conversation diz que ‘nem todas as cobras marinhas passam a vida inteira no oceano. Algumas espécies, chamadas de kraits do mar, podem viver na terra ou na água e colocar seus ovos na terra. Isso limita seu alcance porque elas precisam ficar perto da terra para se reproduzir’.

Imagem de cobra marinha amarela
Serpente do Mar de barriga amarela (Yellow-bellied Sea Snake). Imagem. https://australian.museum/.

‘Em contraste, todas as cobras inteiramente marinhas são vivíparas: elas dão à luz filhotes totalmente formados no mar, sem botar ovos’.

Da terra para o mar

As cobras marinhas também podem se estabelecer por meio de transições evolutivas de habitats terrestres ou de água doce para habitats marinhos.

Sabemos que as cobras elapídeos – uma família de cobras venenosas com curtas presas frontais fixas  – fizeram isso na região do Triângulo de Coral.

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Imagem de mergulhador e cobras marinhas
Foto publicada pelo New York Times com a legenda: Claire Goiran, uma bióloga marinha da Universidade da Nova Caledônia, fotografando uma grande cobra marinha Hydrophis chamada Cathy em Noumea, Nova Caledônia, no Pacífico Sul. Crédito … Aline Guémas.

A maioria das cobras marinhas de hoje originaram-se e evoluíram em diferentes espécies nesta parte do globo entre 2 a 16 milhões de anos atrás.

Naquela época, essa região era um vasto complexo de pântanos associado ao sudeste da Ásia e ao arquipélago da Australásia.

Picadas de cobras marinhas

Imagem de cobra marinha caçando
Imagem do NYT, legenda: Uma cobra marinha Hydrophis  comendo um peixe-gato. Imagem… Aline Guémas

As picadas em geral são raras. Na maior parte das vezes ferem picam pescadores que manuseiam redes, e quase nunca em mergulhos embaixo d’água.

‘As cobras marinhas também são exploradas na Austrália, Japão, Taiwan, Província da China, Tailândia e Vietnã’.

‘Com exceção das Filipinas, o impacto da exploração de cobras marinhas nas populações é quase desconhecido e algumas populações podem já estar em perigo de extinção’.

Assista ao vídeo do Deep Marine Scenes e saiba mais

Imagem de abertura: Aline Guémas

Correntes do oceano Atlântico aproximam-se do ponto de inflexão

Comentários

5 COMENTÁRIOS

  1. Só faço esse post, com o objetivo de um registro testemunhal:
    – Há uns 36 anos atrás, em um mergulho recreativo com meus filhos pequenos (10 e 4 anos) na praia interior na Ilha das Coves (Ubatuba-SP).
    Estávamos “esnorkelando”, com uma água cristalina, de uns 2-4 metros de profundidade.
    Deparámo-nos com um monte de cobras marinhas (deviam estar numa dança nupcial, ou algo que o vallha.
    Já estavam tentando se afastar e fugir da gente, tentando ou penetrando nas tocas do fundo.
    Fui me afastando lentamente, procurando não assustar meus filhos, que vinham atrás de mim.
    Nisso, minha filha (de +/- 12 anos) também viu e, silenciosamente chamou minha atenção.
    Aquiesci e avisei da retirada de fininho, pro meu filho menor (+/- 8 anos), não se assustar, e assim, excitar os bichos.
    Fomos embora, e nunca mais voltei lá pra conferir.
    Estáva desarmado e sem câmera fotográfica.
    Fica a informação desse avistamento.
    abraços cordiais.

  2. Estive recentemente em Barbados e quase pisei numa hydropis elegans. Na hora so assured.. depots duo pesquisar pra ver a espécie e fiquei bem assustada e agradecidakkk

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