Caranguejos-ferradura, chave para vacina da Covid-19
Caranguejos-ferradura parecem criaturas de outro planeta: têm 10 olhos e, sob suas conchas em forma de ferradura, 10 pernas, 14 garras e uma longa cauda semelhante a uma espada. Além disso, pelo menos externamente esses fósseis vivos não mudaram em quase 450 milhões de anos. Sobreviveram às cinco grandes extinções em massa. Por isso mesmo, os seres humanos devem muito ao animal que não é um crustáceo, mas um artrópode.
Ascensão dos seres humanos, início da ameaça ao caranguejo-ferradura
A ascensão dos humanos tornou as coisas mais difíceis para o animal. No mundo, a população de caranguejos diminuiu constantemente nas últimas décadas. Em algumas áreas, a mudança climática é a culpada. Em outras, a culpa pode estar na colheita generalizada do sangue azul único dos caranguejos-ferradura para uso médico.
Caranguejos-ferradura em números
O número aproximado de caranguejos-ferradura coletados a cada ano para retirada de sangue alcança cerca de 500.000. Enquanto isso, o número estimado dos que morrem no processo chega até 50.000, ou seja, ao menos 10% não sobrevive.
Mas, ainda pior é a proporção da quantidade de ovos colocados, e a percentagem dos que sobrevivem. Em geral, eles podem colocar de uma só vez até 90 mil. Contudo, apenas dez vão sobreviver. Por último, existem quatro espécies de caranguejos-ferradura encontradas, especialmente, nos oceanos da Ásia e das Américas.
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Porque em vez de hemoglobina (que quando oxidada, fica com uma cor rubi), o sangue dos ferradura contém hemocinina, que tem cobre. Desse modo, fica azul ao ter contato com oxigênio.
O sangue do caranguejo-ferradura à base de cobre é usado para fazer o indicador mais sensível de bactérias já descoberto, o lisado de amebócitos limulus. O lisado é vital para identificar contaminantes em equipamentos médicos antes de operações cirúrgicas, ajustes de marcapassos e muitas vacinações.
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As empresas farmacêuticas, todas elas, usam o sangue do animal para esterilizar vacinas, medicamentos, dispositivos e instrumentos médicos, além de próteses e produtos básicos como agulhas e soro fisiológico.
Alerta: caranguejos-ferradura morrem prematuramente
Embora a indústria alegue colher com consciência, estima-se que quase um terço dos caranguejos morram no mar prematuramente. A tendência aparece no número decrescente de desembarques nos EUA.
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Caravelas-portuguesas voltam ao litoral de São Paulo, cuidado!Pesca da lagosta segue ameaçada por inação do EstadoJosé Bonifácio de Andrada e Silva, Primeiro Ecologista do BrasilEm teoria, se o sangramento é feito corretamente, o caranguejo deve se recuperar quando liberado no mar. Entretanto, de acordo com uma investigação da Scientific American os cientistas têm uma compreensão muito pequena sobre quantos caranguejos sobrevivem.
A indústria de sangria de caranguejos-ferradura não é regulada
Estima-se que 4% morrem. Contudo, os cientistas dizem que a percentagem pode chegar a 40%. Além disso, a indústria da sangria não é regulada.
Assim, como a indústria não é obrigada a divulgar estimativas, não fica claro o grau de gravidade do problema.
Remoção de 30% do sangue dos caranguejos
A indústria diz que só colhe 30% do sangue em qualquer caranguejo, mas há dúvidas. Mesmo que as estimativas estejam corretas, estudos mostram que a remoção de 30% do sangue pode deixá-los desorientados e debilitados, reduzindo a capacidade de desova das fêmeas e levando à morte prematura.
Sangue do caranguejo-ferradura é chave para a vacina da Covid-19
De acordo com a National Geographic, ‘o sangue do caranguejo-ferradura é a chave para a produção de uma vacina para a COVID-19 – mas o ecossistema marinho pode sofrer’.
Pudera, a vacina da Covid é apenas mais uma a usar o sangue do caranguejo-ferradura. Barbara Brummer, diretora estadual da The Nature Conservancy em New Jersey, foi ouvida pela National Geographic:
Todas as empresas farmacêuticas em todo o mundo dependem desses caranguejos. Quando você pensa sobre isso, sua mente fica confusa com a confiança que temos nessa criatura primitiva.
A matéria ressalta que além das vacinas, o caranguejo-ferradura também é procurado como isca de pesca. Desse modo, ambos os usos têm provocado um declínio da espécie nas últimas décadas.
Início dos anos 2000 e as ameaças ao caranguejo-azul
Segundo a National Geographic, no início dos anos 2000 contagens anuais de caranguejos-ferradura durante a estação de desova revelaram números menores. Além disso, um estudo de 2010 descobriu que até 30 por cento dos caranguejos sangrados morreram, isso significa 10 vezes mais do que inicialmente estimado.
Indústria farmacêutica cria e solta caranguejos-ferradura
Preocupado em ficar sem estoques, diz a NG, a empresa Lonza informou que a Charles River Laboratories e outro fabricante de lisado, Associates of Cape Cod, Inc., criam caranguejos-ferradura em incubadoras e os liberam no oceano.
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Por falar em Covid-19 e organismos marinhos, saiba que o teste para saber se alguém está infectado com a Covid-19 só é possível graças a uma bactéria marinha encontrada em fontes hidrotermais.
E isto é apenas uma parte pequena dos serviços sistêmicos que os oceanos e as criaturas marinhas prestam aos humanos. Em retribuição, tratamos os oceanos como lata de lixo da humanidade.
Ou mudamos nossa ação, ou nossos descendentes ficarão em maus lençóis. Pense sobre isso e faça sua parte. Proteja os oceanos, o ecossistema sem o qual não haveria vida no planeta. Lembre-se: só existe o Verde porque temos o Azul.
Ilustração de abertura: www.theatlantic.com.
Fonte: Qartz, Horeshoe crabs; https://www.nationalgeographic.com/animals/article/covid-vaccine-needs-horseshoe-crab-blood.
Na verdade o LAL é utilizado para testar a presença de Endotoxinas e não a Esterilidade. Trata-se de uma substância tóxica ligada à parede celular das bactérias gram-negativas, também conhecida como pirogênio exógeno, é capaz de gerar quadros inflamatórios a saúde humana se seus níveis não estiverem dentro dos padrões estabelecidos. O ensaio com LAL auxiliou a substituição do teste realizado em coelhos para detectar a presença dessas substâncias pirogenicas.
30% de sangue? e essas garrafas cheias?!? que sofrimento desses bichinhos
Agradeço ao mar e a Deus
Mas prefiro enfrentar as doenças me cuidando pra não ser infectado e caso eu seja se não for algo incurável prefiro que meu organismo desenvolva uma cura por aí mesmo, se toda vez que eu adoecer tiver que toma remédio meu organismo nunca vai gerar um anti corpo resistente a vírus e bactérias.
Seu organismo não tem todas as ferramentas para se proteger de todos os patogênicos.
Sorte a sua q seus pais não pensavam assim é vc está imunizado para uma série de doenças graves q o levariam a paralisia, causariam deformações no seu crescimento e quem sabe até a morte.
Continue com este pensamento retrógrado…e verás onde termina…leia mais, estude, se informe, não vá pela opinião alheia.
Quando visitei o Museu do Mar em Cascais, de entre tantas espécies marinhas(atuais e já extintas)que vi,apaixonei-me pelo caranguejo do Atlântico ou caranguejo ferradura,por me dizerem que o seu sangue já tinha salvo muitas vidas.
Sou enfermeira,talvez por isso, me despertasse a vontade de saber um pouco mais deste animal marinho e por isso pesquisei em várias fontes,tudo que com ele se relacionasse.
Fiz um pequeno trabalho àcerca deste assunto que me deu enorme satisfação.Terminei escrevendo:
-muito obrigada caranguejo ferradura pela dádiva para a Humanidade do sacrifício do teu sangue azul.
Será que o caranguejo te deu o sangue dele? Ou a humanidade está roubando e justificando como sempre, ahh mas salvamos vidas, porém para isso tbm matamos
Eu tive a sorte de cuidar de dois filhotes nos aquários da Biologia Marinha, enquanto fiz minha graduação lá em 2003.
Comprei a pedido de um professor numa loja de aquários e dava Camarões moídos e outras coisinhas pra eles.
Viviam enterrados mas podiam NADAR sacudindo as lâminas do abdômen até a superfície se quisessem. Não sei se adultos conseguem.
Eles usam a base das patas pra macerarem a comida, então eles meio que “dançam” enquanto comem.
Um morreu logo, o outro viveu bem, servindo de recurso pra observação nas aulas.
Até o dia que um dos recorrentes apagões da Ufrj deixou o aquário sem bomba e a sala sem refrigeração num dia de verão. :(
Mas foi muito fascinante cuidar deles.
Caro João Mesquita, boa tarde! Parabéns por seu artigo, ficamos felizes em ver uma publicação sobre o caranguejo-ferradura, tão importante para o controle de qualidade de produtos farmacêuticos injetáveis e dispositivos médicos. Gostaríamos de convida-lo a conhecer a página http://www.horseshoecrab.org, para conhecer um pouco mais sobre a estratégia de conservação desses animais, cujas ações e controles visam estabilizar as populações de caranguejo-ferradura, juntamente com a indústria farmacêutica, com coleta sustentável dos animais para sangria e devolução ao mar. Caso tenha mais curiosidade sobre o uso do LAL ou da nova tecnologia de Fator C recombinante – livre do uso desses animais, fabricados pela Lonza, teremos prazer em ajudá-lo.
Abraços
Claudia Pardi – Gerente de Negócios Lonza Bioscience ([email protected])
N seria hemocianina??
Caro Sr. Mesquita, seus artigos são claros, concisos e atuais. Provavelmente de interesse da grande maioria dos leitores. Existe uma coletânea deles, ou a possibilidade de uma estar sendo publicado?
Grato pelos artigos e a atenção, Armando