Agronegócio e meio ambiente: esta matéria vai dar o que falar
Este é um assunto tabu: agronegócio e meio ambiente, mas muito importante. É preciso que seja mais discutido e compreendido. Os dois temas são fundamentais para o Brasil. E não podem, ou não deveriam, brigar entre si como vem acontecendo.
Ambientalistas versus ruralistas: o agronegócio e meio ambiente
Alguns ambientalistas, talvez muitos, dizem que o desflorestamento é causado pelo agronegócio. E os empresários do campo, são contra os ambientalistas por que dizem que eles impedem, ou atrapalham, o agronegócio.
Esta é uma briga que deveria acabar. Quem perde é o Brasil. Por isso o site Mar Sem Fim, apesar de não ser especializado no tema, propõe uma reflexão.
Agronegócio e meio ambiente a importância de cada um para o Brasil
As notícias ultimamente têm trazido à tona os expressivos avanços do agronegócio, e sua importância para a economia e a geração de empregos no Brasil.
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Este site costuma dizer que nossa biodiversidade é um dos maiores ativos brasileiros por ser única como de fato é. Vamos aos fatos que conseguimos juntar.
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A importância do agronegócio
De acordo com o respeitado jornalista Celso Ming, do Estadão,
O Brasil já produz uma tonelada de grãos por habitante. É o quinto dos líderes da produção agrícola no mundo nesse quesito, depois da Argentina, Austrália, Canadá e Estados Unidos.
Ming ressalta que o sucesso no campo é maior do que se pensa:
Quando as estatísticas focam a produção de grãos, pode ficar a impressão de que a agricultura brasileira se concentra apenas em soja, milho, arroz, feijão e outras oleaginosas. O setor ainda é grande produtor mundial de cana-de-açúcar, café, algodão, batata, silvicultura e ainda conta com as frutas, as hortaliças e todos os ramos da pecuária e da avicultura
O jornalista mostra com dados o crescimento no campo:
Quem fica nas cidades e só vê tragédias pela TV pode ficar com a impressão de que continua tudo muito ruim na economia brasileira. E, no entanto, o agronegócio está bombando. Produzirá neste ano cerca de 215 milhões de toneladas de grãos, aumento de 15% em relação à produção anterior.
Note que o crescimento será de 15% em relação à produção anterior. Com a brutal crise que se abateu sobre o País é um feito e tanto. Não pode ser ignorado.
Agronegócio e meio ambiente: a agricultura contribui com 5% do PIB nacional
Celso Ming fala sobre o PIB brasileiro:
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Quem argumenta que, do ponto de vista do PIB, essa boa notícia é pouco relevante, na medida em que a agricultura pesa apenas alguma coisa mais do que 5% da renda nacional, deixa de prestar atenção para o fato de que a participação da indústria de transformação mal ultrapassa os 11%. O setor de mais expressão no PIB é o dos serviços, com 72% do total.
O jornalista lembra que a agricultura é combustível para o setor de serviços:
O bom momento do agronegócio arrasta consigo também boa parte do setor de serviços na medida em que se apoia e, ao mesmo tempo, apoia a infraestrutura, o comércio, transportes, fornecimento de sementes, fertilizantes, defensivos, equipamentos, máquinas, etc.
Agronegócio e meio ambiente: a biodiversidade, maior ativo brasileiro
Agora uma olhada para o que temos de melhor numa rápida pesquisa:
são mais de 103.870 espécies animais e 43.020 espécies vegetais conhecidas no país. O Brasil detém o maior número de espécies conhecidas de mamíferos, peixes de água doce e anfíbios, o segundo de aves e o terceiro de répteis.
A mesma fonte diz que temos
18.932 espécies endêmicas, e só 11% da biodiversidade brasileira foi catalogada
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Mas isso é pouco comparado com os seis biomas brasileiros:
Floresta Amazônica, Cerrado e Pantanal, Caatinga, Floresta Atlântica e Campos Sulinos e, além destes, ainda temos a Zona Costeira e Marinha.
Um dos maiores ativos, entretanto é a água, produto cada vez mais escasso no mundo. No Brasil temos de sobra. Segundo o IBGE,
Na Amazônia está um quinto de toda a reserva de água potável do planeta, sendo que 45% de toda a água subterrânea do Brasil está nessa região
Nossa biodiversidade é superlativa: temos
20% do número total de espécies da Terra. E 30% da matriz energética nacional vem da biomassa vegetal, incluindo o etanol da cana-de-açúcar, e a lenha e o carvão derivados de florestas nativas e plantadas
Qual o valor de nossa biodiversidade?
O Ministério do Meio Ambiente tem uma boa resposta à pergunta:
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A humanidade retira alimento, remédios e produtos industriais da biodiversidade, entre os 10 milhões de seres que formam a fantástica riqueza biológica do Planeta, localizada principalmente nas suas florestas tropicais. O Brasil possui a maior cobertura de florestas tropicais do mundo, especialmente concentrada na região amazônica
Um cálculo demonstra que nossa biodiversidade atinge 33 trilhões de dólares!
A estimativa é do MMA:
o valor da biodiversidade é incalculável. Apenas quanto ao seu valor econômico, por exemplo, os serviços ambientais que ela proporciona – enquanto base da indústria de biotecnologia e de atividades agrícolas, pecuárias, pesqueiras e florestais – são estimados em 33 trilhões de dólares anuais, representando quase o dobro do PIB mundial.
A agricultura contribui para o desmatamento, sim, ou não?
Veja os dados do jornalista Celso Ming. Eles falam por si:
Em 1990, o Brasil produzia 57 milhões de toneladas de grãos em 37 milhões de hectares, ou 1,52 tonelada por hectare. Neste ano, deverá produzir 3,7 vezes mais com a utilização de apenas 1,6 vezes hectares a mais. Esses números são a principal resposta contra aqueles que vêm afirmando que o aumento da produção agrícola vem sendo feito à custa do desmatamento e da deterioração ambiental.
E, então, caro leitor, qual a sua opinião? Este site tende a concordar com os dados acima publicados. Com a tecnologia aplicada ao campo, é preciso cada vez menos terra para produzir.
Logo, não seria preciso desmatar para plantar. E a contribuição do agronegócio para a economia é incontestável. Vejamos a opinião do Estadão em editorial de 11 de Janeiro de 2017:
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Para o jornal em 2016 o agronegócio foi a salvação do comércio exterior brasileiro:
No ano recém-terminado, mais uma vez o agronegócio foi a salvação do comércio exterior brasileiro, com exportação de US$ 84,93 bilhões e superávit de US$ 71,31 bilhões. Este saldo compensou com folga, como em outros anos, o déficit conjunto de outros setores.
O agronegócio é o setor mais competitivo da economia nacional
Não estamos falando de pouca coisa. O Estado de S. Paulo destaca que
Se nenhuma surpresa negativa ocorrer na distribuição e no volume das chuvas, o agronegócio, o setor mais competitivo da economia nacional, terá desempenho bem melhor que no ano passado e ajudará na recuperação econômica, num ambiente de inflação declinante.
O agronegócio e a geração de empregos
Em outro artigo o jornalista Celso Ming fala sobre este tema.
Também é equivocada a informação de que a agricultura emprega pouca mão de obra. A indústria continua fornecendo mais postos de trabalho, mas cada vez mais vai dispensando pessoal e se robotizando.
O Agronegócio e a demanda por insumos
Celso Ming lembra os reflexos positivos na economia provocados pelo sucesso do agronegócio:
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O setor que mais emprega são os serviços (mais de 70% do PIB) e estes, em razão dos demais, operam com transportes, armazenagem, finanças, comércio, comunicações, assistência técnica e tudo o mais. Se o agro aumenta fortemente sua produção, como neste ano, maior é também a demanda por insumos (máquinas, fertilizantes, defensivos, etc.) e por toda sorte de serviços. É preciso ver a floresta e não apenas a árvore.
Quais as causas do desmatamento?
Uma das ONGs que mais se destacam em assuntos espinhosos como o desmatamento é o Imazon. Vejamos o que ele diz sobre o assunto:
Em dezembro de 2016 e janeiro de 2017, a maioria (72%) do desmatamento aconteceu em áreas privadas ou sob diversos estágios de posse. O restante do desmatamento foi registrado em Assentamentos de reforma Agrária (23%), e unidade de conservação (5%).
Agronegócio e meio ambiente: o desmatamento vem caindo
A ONG acrescenta que,
Em dezembro de 2016 e janeiro de 2017, o SAD detectou 42 quilômetros quadrados de desmatamento na Amazônia Legal. isso representou uma redução de 82% em relação a dezembro de 2015 e janeiro de 2016. As florestas degradadas na Amazônia Legal somaram 11 quilômetros quadrados em dezembro de 2016 e janeiro de 2017…
E ressalta o Imazon:
Em relação a dezembro de 2015 e janeiro de 2016 houve redução de 98% quando a degradação florestal somou 497 quilômetros quadrados.
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Tecnologia ajuda a deter o desmatamento: entre 2004 e 2012 caiu para um quinto
O site O Eco publicou matéria em 2013 comentando a ajuda que a tecnologia proporcionou, e os resultados alcançados:
Landsat, Prodes, Deter, Inpe, Sad, Modis, Terra e Imazon. Para um iniciante, são siglas que confundem. Mas àqueles que estão ligados ao monitoramento por satélite, o significado de cada uma delas é certeiro, está na ponta da língua. Por trás delas estão as pessoas e as tecnologias que permitiram derrubar, entre 2004 e 2012, o desmatamento na Amazônia para cerca de um quinto da área total que ele costumava alcançar
O desmatamento da Mata Atlântica, outro grande ativo brasileiro
A Mata Atlântica, o mais rico ecossistema terrestre do Brasil, foi devastada. A destruição começou logo após a chegada dos portugueses.
Noventa e três por cento dela foi embora. Ninguém duvida. Mas, hoje, diz o site pensamento verde, a Mata Atlântica é
um exemplo triste dos efeitos nocivos da expansão urbana
Note a expressão: efeitos nocivos da expansão urbana. Pouco tem a ver com agricultura ou pecuária.
Desmatamento e suas causas de acordo com o pensamento verde
O mesmo site informa os vários motivos que levam ao desmatamento:
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As principais causas do desmatamento no Brasil estão ligadas à exploração madeireira ilegal, pecuária, agricultura, extrativismo vegetal, animal e mineral. Outro fator importante a ser citado são as represas das usinas hidrelétricas que, embora ajudem a gerar energia para as comunidades, contribuem para o desmatamento.
Mais uma vez, exploração de madeira, extrativismo vegetal, represas de usinas hidrelétricas, grandes complexos mineradores e, finalmente, agricultura e pecuária. Apenas dois, dos seis motivos apontados, podem ser atribuídos aos ruralistas.
Agronegócio e meio ambiente: o desmatamento no Cerrado, causas e quem é quem
Mais uma vez recorremos à matéria do pensamento verde que explica: o Cerrado é um dos maiores biomas brasileiros, ocupando cerca de 22% de nosso território.
as árvores da região são fonte de energia para diversas empresas de siderurgia, e estima-se que aproximadamente mil caminhões de carvão sejam abastecidos diariamente para venda em todo o Brasil. A preferência das empresas pelas espécies de árvore do cerrado é devido ao seu baixo custo, porque elas demoram mais para queimar e a madeira é mais dura
Portanto, não se pode atribuir só ao empresário do campo a destruição de mais este bioma. Ao que parece a maior parte é provocada pelas indústrias de siderurgia. Mas, o mesmo site acrescenta,
Além da devastação do cerrado pela produção de carvão, outros fatores impactantes são a preferência pela agropecuária extensiva; pela transformação local em pastagens; o aumento das áreas urbanas e de mineração; plantações de soja direcionada ao mercado externo; bem como o cultivo da cana-de-açúcar para a fabricação de etanol, algodão e eucaliptos para a celulose.
Além do empresário do campo, há outros fatores como aumento de áreas urbanas e de mineração. Qual parte cabe a cada um? Difícil saber. Mas não se pode demonizar apenas o agronegócio.
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Agronegócio e meio ambiente: causas do desmatamento no mundo
Sempre de acordo com o site pensamento verde,
A densidade demográfica, o resultado das políticas de desenvolvimento econômico e industrial, e o mau uso dos recursos naturais são as principais causas do desmatamento pelo mundo.
Mais uma vez, a agricultura e a pecuária não são os únicos vilões…
A agricultura ainda tem problemas a resolver
O Mar Sem Fim reconhece os problemas, apenas não concorda em demonizar o agronegócio. Já publicamos várias matérias mostrando os problemas do excesso de fertilizantes e agrotóxicos que, de tão poderosos, prejudicam até as aves marinhas da Antártica, e criam imensas zonas mortas no mar.
Ainda assim, pensamos que é chegada a hora de ambientalistas e empresários do campo sentarem-se à mesma mesa, e discutirem seus problemas sem brigas e acusações muitas vezes infundadas.
É chegada a hora de fazer acordos para o bem geral de todos, como os do desmatamento zero entre frigoríficos do estado do Pará, um bom exemplo que deveria prosperar em outras áreas.
Agronegócio e meio ambiente: desmatamento e as grandes obras na amazônia
É preciso lembrar dos impactos das grandes obras na amazônia que beneficiam a todos nós, como a monumental usina hidrelétrica de Belo Monte, a maior do mundo, segundo matéria do G1,
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Em cinco anos, 1.793 km² de floresta foram derrubados. Este número é 40% maior do que o Imazon havia previsto sem a presença da usina na região.
E o que fazer? Ficar sem energia? É preciso pensar sobre estas questões. Colocá-las na mesa também, em vez de apenas criticar o agronegócio. Segundo a matéria
O Bom Dia Brasil sobrevoou terras indígenas. Nenhuma árvore pode ser extraída. Nenhuma tora de madeira pode ser retirada pelas madeireiras. Mas o que se vê lá embaixo são centenas de quilômetros de estradas abertas no meio da floresta. A equipe foi de carro até o limite da reserva indígena de Cachoeira Seca. Bem na beira da estrada, tinha oito toras de Maçaranduba, que é uma madeira nobre.
Portanto, os endeusados indígenas brasileiros também têm sua parcela de culpa…além da falta de fiscalização por parte do governo, como lembra a matéria:
O posto do Ibama na região não tem estrutura para fiscalizar nada. Tem só dois barcos. Nenhum motor e nenhum piloto entre os poucos funcionários.
Agronegócio e meio ambiente: e a mineração, fica de fora?
É óbvio que não. Esta é uma das atividades que mais causam problemas ao meio ambiente. Mas, como lembrou matéria do site O Eco,
se a humanidade quer manter um nível elevado de conforto material, é inevitável a atividade mineral.
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Além do desmatamento de imensas áreas, a matéria lembra que
A mineração consome volumes extraordinários de água: na pesquisa mineral (sondas rotativas e amostragens), na lavra (desmonte hidráulico, bombeamento de água de minas subterrâneas etc), no beneficiamento (britagem, moagem, flotação, lixiviação etc), no transporte por mineroduto e na infra-estrutura (pessoal, laboratórios etc). Há casos em que é necessário o rebaixamento do lençol freático para o desenvolvimento da lavra, prejudicando outros possíveis consumidores.
No mundo é assim, como lembra O Eco:
Mineração é, atualmente, a atividade econômica líder de poluição tóxica nos Estados Unidos, responsável por quase metade da poluição industrial relatada no país (Colapso, Jared Diamond, 2005).
E diz mais O Eco, com relação à mineração no Brasil:
Historicamente, a atividade de mineração é a que tem mostrado o nível mais baixo de compromisso social e ambiental em comparação, por exemplo, com a exploração de petróleo.
E só como lembrança, onde ficam as maiores jazidas minerais do Brasil? Na Amazônia, claro.
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Estradas e grilagem de terras: responsáveis por 80% do desmatamento da amazônia
Este é outro fator de desmatamento: a grilagem provocada pela abertura de estradas. Elas são importantes e algumas, até necessárias; mas provocam devastação e desmatamento. Culpa do agronegócio?
Este site, repetimos, não é especialista no tema, mas pesquisamos naqueles que o são. Veja o que diz o socioambiental:
As rodovias federais (BRs) promovem a integração terrestre entre a Amazônia e o centro-sul do Brasil e se estendem a países vizinhos como Bolivia, Perú, Venezuela e Guiana Francesa. Também são fundamentais para o trânsito de pessoas e o escoamento de produtos regionais. Todavia, 80% dos casos de desmatamento na Amazônia ocorrem na faixa de 30 km ao longo das estradas pavimentadas.
O Mar Sem Fim e as consequências dramáticas da mineração
O Mar Sem Fim já abordou este assunto mostrando as terríveis consequências da mineração nos continentes e a conseqüente poluição marinha. Então, mais uma vez, por que demonizar o agro? Pense sobre isso.
Uma tentativa de aproximar ambientalistas dos ditos ‘ruralistas’
Enquanto isso, como ambientalistas, seguimos pedindo audiência às lideranças do agronegócio, como Ronaldo Caiado. Supomos que poucos dos chamados ‘ruralistas’ conhecem os dramáticos problemas dos Oceanos, e zonas costeiras mundo afora. E, parece que por princípio, a grande maioria deste grupo é contrária à criação de novas unidades de conservação, sejam elas marinhas, ou não.
A importância de mais unidades de conservação no bioma marinho
No caso das marinhas, temos certeza, elas são mais que necessárias: são urgentes e imprescindíveis.
(ilustração de abertura: derrubada do pau brasil no séc XVI)