Pesca incidental, mais uma indecência nos oceanos
Em português os termos mais usados são pesca incidental, ou pesca acidental; em inglês, o termo é bycatch. Mas seja em que língua for, o prejuízo para a vida marinha é o mesmo. Enorme e letal. Costuma matar um pouco de tudo: de aves marinhas a mamíferos marinhos, passando por tartarugas, além de muitas espécies de peixes. Há estudos que mostram que a morte da vida marinha não intencional chega até 40% da captura global estimada em 90 milhões de toneladas. Esta é mais uma indecência que acontece nos oceanos. E, como sempre, quase sem nenhum destaque da mídia ou redes sociais.
Pesca incidental, mais uma indecência nos oceanos
Quem lida com os oceanos sabe o tamanho do problema. A pesca incidental é um subproduto da pesca, e ela acontece com pescadores industriais e artesanais, ou seja, com todo o tipo de pesca exceto, talvez, a pesca esportiva. Em outras palavras onde há pesca, há pesca incidental.
Os equipamentos de pesca e seus perigos
São vários os tipos de equipamentos que levam à pesca não intencional. Entretanto, quase todas provocam a morte da vida marinha, enquanto isso, as ‘pescarias oficiais’ persistem saqueando os mares do planeta.
Entre os mais letais estão as redes de arrasto, de emalhe, e os espinheis. Como se sabe, as redes de arrasto são puxadas por enormes barcos. Pior, as maiores atingem o tamanho de até 15 aviões Jumbo. Já o emalhe consiste em uma rede de pesca que funciona de forma passiva.
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Finalmente, o espinhel, um aparelho de pesca que funciona de forma passiva com a utilização de iscas para a atração dos peixes. O espinhel é formado pela linha principal (linha madre), além de milhares de linhas secundárias (alças) com anzóis.
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Nas duas extremidades do aparelho são colocadas boias luminosas e boias rádio para facilitar sua localização, uma vez que tanto o barco como o aparelho ficam à deriva durante toda a operação de pesca, sujeitos a correntes marítimas e ventos.
Tartarugas-marinhas
O site do projeto Tamar diz que ‘a captura incidental é considerada atualmente a principal ameaça às populações de tartarugas marinhas. Elas interagem com diversas modalidades de pesca artesanal e industrial. Presas nos diversos tipos de redes e anzóis, não conseguem subir à superfície para respirar e acabam desmaiando ou mesmo morrendo afogadas’.
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Ele escolheu como secretário de Pesca um cidadão cuja família é dona de empresa de pesca em Itajaí, uma das mais multadas do País por infringir leis da pesca, como já comentamos. Por isso não se sabe quais espécies são pescadas no País, muito menos a quantidade. Que dizer da morte incidental da vida marinha.
Mas, de acordo com o site seeturtle.org, ‘um estudo de 2010 realizado por pesquisadores da Duke University estimou até 1,5 milhão de tartarugas marinhas capturadas na pesca em todo o mundo ao longo de um período de 18 anos’.
Entre 50 e 80 mil aves marinhas mortas por ano
Elas são outras vítimas das artes da pesca. Todos os anos entre 50 e 80 mil aves marinhas, incluindo albatrozes e petréis, são mortos pela pesca incidental. Os dados são do Global Seabird Bycatch Assessment Workshop, realizado em fevereiro de 2019 em Skukuza, África do Sul.
Mais de meio milhão de mamíferos marinhos são mortos pela pesca incidental todos os anos
Um relatório da NRDC – Natural Resources Defense Council, calcula em 650.000 o número de mamíferos marinhos mortos todos os anos pela pesca incidental.
Entre os animais estão baleias, lobos e leões marinhos, e diversos tipos de golfinhos. Ou seja, no momento em que o mundo sofre as consequências de uma pandemia mortal, fruto de maus tratos ambientais já que a covid-19 é uma zoonose, é oportuno lembrar ao público, quase sempre apático quando o assunto é vida marinha, que a pesca é uma das atividades que mais problemas trazem aos mares do planeta.
40% da captura global é o resultado da pesca incidental
Para a ONG Oceana, a morte da vida marinha não intencional chega até 40% da captura global estimada em 90 milhões de toneladas.
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Portanto, por ano, algo em torno de 36 milhões de toneladas são mortas no processo. No convés, os pescadores separam o que interessa. E jogam fora as espécies não visadas.
Pesca industrial ou artesanal provocam os danos?
Ambas. É óbvio que a maior quantidade de mortes inúteis acontece na pesca industrial que usa equipamentos maiores, portanto com capacidade mais letal.
Mas os pescadores artesanais também têm responsabilidade, apesar de suas redes serem menores, e os espinheis menos compridos. A pesca artesanal depreda a vida marinha do mesmo modo.
Apatia do público é pior
Estes são apenas alguns dos problemas da indústria mundial da pesca. Há muitos outros como a poluição por apetrechos de pesca perdidos no mar, as frotas ilegais que depredam os estoques de países mais pobres, e outros. Mas o pior, na opinião deste site, é a apatia do público.
Imagem de abertura: Michel Gunther.
Fontes:https://tamar.org.br/interna.php?cod=104; https://www.nrdc.org/sites/default/files/mammals-foreign-fisheries-report.pdf; https://pt.ripleybelieves.com/what-is-bycatch-in-fishing-5988#:~:text=Por%20que%20as%20capturas%20ocorrem,principais%20causas%20das%20capturas%20acess%C3%B3rias
Tem um documentário muito bom no Netflix sobre isso.
Seaspiracy: Pesca Insustentável
Pesca de arrasto, exatamente isso que os “chineses criminosos” estão fazendo nos mares da Argentina e URuguai. Afffffffff
E que os pescadores brasileiros, artesanais e industriais, fazem em toda a costa brasileira, às vezes na área de arrebentação. Não podemos nos esquecer disto.