Nova espécie de bagre é descoberta na Amazônia
Já dissemos que a Amazônia é superlativa. É a maior floresta úmida do planeta e, quanto aos peixes, a bacia Amazônica bate outro recorde. São 2.400 espécies, o que a torna a número 1 entre as bacias hidrográficas do mundo. Agora, uma nova espécie de bagre vem confirmar mais este pódio.
Nova espécie de bagre é descoberta na Amazônia
A autora da descoberta é a jovem bióloga Elisabeth Henschel, formada em 2015 pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. Ela fez mestrado em biologia evolutiva na mesma universidade. Elisabeth, 27 anos, pesquisava com bolsa da National Geographic a evolução da curiosa espécie de bagre (há hoje na Amazônia 956 variedades de bagres) conhecida como candiru, ou peixe-vampiro que, acreditam os ribeirinhos, pode entrar na uretra ou na vagina humana .
O Mar Sem Fim conversou com ela.
O que ‘a bióloga por acidente’ descobriu foi uma nova espécie de bagre cujo nome científico é Ammoglanis obliquus. Para ela, a emoção de uma descoberta ‘é muito excitante, são muitas emoções, fantástico’. Ela confessa que, na viagem de cerca de um mês, já havia a esperança de alcançar novas descobertas, ‘mas este peixe foi o primeiro material que bati o olho e cheguei a conclusão’.
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Ele estava perto de Manaus, na cidade do Rio Preto da Eva, ‘já bastante deteriorada, há muitas fazendas, já estão construindo estradas de asfalto’, mas ‘era uma região já conhecida pela intensidade de bagres, um hot spot’.
E por que é tão importante a descoberta de uma nova espécie? ‘É importante como uma ferramenta de conservação. Ao se descobrir a biodiversidade de uma área, ela pode se tornar uma nova unidade de conservação’.
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É otimismo esperar criação de reserva na atual administração, não? ‘Sim, nesta administração não espero nada. Mas espero que os esforços que hoje são feitos em algum momento no futuro sejam reconhecidos. Atualmente é mais fácil trabalhar no exterior que no Brasil’.
Entre a coleta até a descrição publicada no periódico Zoosystematics and Evolution foram apenas três meses.
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Eles são pequeninos (máximo de 1,5 cm) e ligeiramente transparentes. Para a pesquisadora, são estratégias de sobrevivência em substratos arenosos. Vivendo nestes locais, o peixe não pode ser muito grande. São pequenos porque se misturam a outros elementos e assim escapam de predadores. A transparência se deve ao mesmo motivo, fica mais difícil descobri-los.
Os próximos passos depois da descoberta e descrição
Elizabeth diz que a primeira providência, agora, é fazer um inventário para a compreensão de sua evolução. Os bagres, apesar de diferentes, dividem uma história biológica em comum. É preciso conhecê-la.
E para os próximos anos, o que espera a bióloga? ‘Estagnação e falta investimento na ciência’.
Pesquisa no Brasil atual
Elizabeth diz que ‘na biologia há muitos cortes de bolsas que já não são grande coisa (a média de bolsa de doutorado é de R$ 2.200,00) para um trabalho exclusivo. E muitos pesquisadores perderam suas bolsas pelos cortes atuais. Isso trará reflexos surreais no futuro. O contexto é cada vez pior’.
Algumas descobertas recentes na Amazônia
Enquanto a floresta queima por omissão da atual administração, as descobertas não param. Em 2018 foi descoberta na Amazônia uma nova família de peixes, o Tarumaniidae. Um ano antes, em 2017, foi a vez de uma nova espécie de golfinho que habita a bacia do Rio Araguaia.
Mas, mais surpreendente foi um relatório do WWF e do Instituto Mamirauá para o Desenvolvimento Sustentável que cobria os anos 2014 e 2015 e demonstrou nada menos que 381 novas espécies. Entre tantas, foram contadas 216 plantas, 93 peixes, 19 répteis, 20 mamíferos, 32 anfíbios, e um novo pássaro.
A Amazônia é, ou não, superlativa?
Imagem de abertura: Elisabeth Henschel