Doença nova traz novos cenários…que, às vezes, são assustadores
Um dia destes, lendo uma coluna de jornal assinada por uma atriz, uma frase chamou minha atenção. Depois de enumerar fatos que ela considerava incomuns, começando com o novo vírus, e passando por ‘tempestades bíblicas’ (em grandes cidades como São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais, provocando mortes), o dólar batendo nos R$ 5, a alga geosmina se proliferando no reservatório do Guandu, e ‘bananas distribuídas ao léu pelo presidente da República’, Fernanda Torres se perguntava: ‘É impressão minha ou abriram as portas do inferno e jogaram a chave fora?’ Pode-se também resumir esta abertura a algo muito mais simples: doença nova, cenários novos… e, às vezes, são assustadores. É o que veremos abaixo.
Doença nova traz novos cenários
Se fosse pedido a dez pessoas que enumerassem fatos estranhos, para depois se fazerem a mesma pergunta, ‘é impressão ou abriram as portas do inferno e jogaram a chave fora?, duvido que chegássemos a muitas coincidências. Eu, por exemplo, não considero incomuns quase nenhum dos acontecimentos elencados pela atriz, a não ser o novo vírus e a doença nova, a COVID-19. O surgimento deste vírus é, sem dúvida, um fato incomum.
Os outros acontecimentos listados por ela, são fatos batidos ao menos neste site. É o caso das desforras da natureza, como as citadas ‘tempestades bíblicas’, que nós preferimos chamar de ‘eventos extremos’, e que fazem parte da reação do planeta Terra aos maus usos que lhe inflingimos. Para muitos especialistas, inclusive os da ONU, o surgimento do COVID-19 advém de maus tratos ou, em outras palavras, ‘da destruição de habitats selvagens pela atividade humana’.
Já o dólar não nos surpreende. A economia mundial não andava muito bem das pernas, enquanto a brasileira esboçava os primeiros esforços pra sair, preguiçosamente, da recessão. Chega um ET destes, que obriga a economia a desacelerar abruptamente, o que mais poderia acontecer?
Faltam ainda explicações para a alga dos reservatórios de água do Rio, e as bananas do presidente. Nem um, nem outro, nos assombram. O Estado do Rio, e o presidente, são como a Argentina. Quando a gente pensa que chegaram no fundo do poço, se superam, e chafurdam ainda mais. Nada de novo, portanto, que justifique a pergunta. Mas houve algumas cenas…
Cenas macabras da natureza
Se os fatos escolhidos por Fernanda Torres não nos surpreendem, exceção ao primeiro, algumas cenas que vimos neste mesmo período nas redes sociais, estas sim, nos fizeram pensar que ‘abriram as portas do inferno e jogaram fora a chave’. Duas cenas chocantes que envolvem a vida animal. E foram impactantes mesmo para nós, que não fazemos outra coisa que não seja pesquisar os efeitos da vida humana sobre a biodiversidade animal e vegetal do planeta.
Pudera. Tem gente demais. Somos quase oito bilhões de pessoas que precisam se alimentar todo dia, que ocupam espaços para moradia, antes livres de interferência; que geram lixo, que se locomovem, que consomem, e…que ficam doentes. É muita gente! E apesar da evidente ‘lotação-esgotada-do-planeta’, quase nunca se encara o problema do controle de natalidade. Isto sim, consideramos algo incomum…
Mas e as cenas? Quais, afinal, são elas? Uma, envolve macacos, outra, ursos. Ambos esfomeados. São cenas impressionantes, e inéditas até agora, o que reforça seu caráter de fatos incomuns que geraram este comentário. Eu, quando as vi pela primeira vez, pensei na mesma figura de Fernanda Torres: ‘abriram as portas do inferno’.
Doença nova traz novos cenários: animais esfomeados
Uma antiga cidade da Tailândia é o primeiro cenário. A cidade é conhecida como Lopburi, e fica a 150 quilômetros ao norte da capital Bangcoc. Ela é conhecida dos turistas por dois motivos. Um deles são os templos estilo khmer, como Prang Sam Yot e o altar Phra Karn dedicado ao deus Vishnu. O outro motivo é que cerca de 3.000 macacos vivem soltos pelas ruas da cidade.
O Estadão explicou os motivos que fizeram os macacos serem aceitos: “A razão pela qual são tolerados e até bajulados se deve à lenda segundo a qual são descendentes de Hanuman, que ajudou o príncipe Rama (avatar de Vishnu) a vencer o demônio Thotsakan, de acordo com o poema épico de origem hindu “Ramakian” (versão tailandesa do “Ramayana” indiano).”
Mas acontece que uma doença nova, a COVID-19, alterou o cenário. De uma hora para outra, os milhares de turistas que visitavam Lopburi ficaram de castigo, em quarentena em suas casas. Então, parece que ‘abriram as portas do inferno e jogaram fora a chave’…
Assista ao vídeo dos macacos enlouquecidos em Lopburi
Assista a este vídeo no YouTube
O que de fato aconteceu aos macacos de Lopburi
Simples, eles voltaram a ser macacos, como frisou The Guardian. O jornal inglês explicou que “o turismo está em baixa na antiga cidade de Lopburi, e os macacos locais estão se tornando macacos de novo.” E explicou o jornal: “Na quinta-feira, uma gangue de dezenas de macacos “invasores” de templos entrou na cidade em busca de comida, eventualmente brigando na rua com a população local de macacos da cidade. Por que eles estavam brigando? Por um único copo de iogurte. A luta interrompeu o tráfego por 10 minutos, quando as patas voaram e os gritos encheram o ar, informou o Khaosod English.”
Hábitos estranhos de certos animais
Nós já sabíamos sobre hábitos estranhos de animais. Já fizemos matéria para mostrar o lado, digamos mais ‘obscuro’ dos golfinhos por exemplo, que inclui infanticídio, assédio sexual, e incesto. Apesar destes serem conceitos morais humanos, que não deveriam ser levados ao pé da letra quando atribuídos a animais, não deixam de ser hábitos estranhos mesmo para o reino animal. Também comentamos a descoberta que enrubesceu o pesquisador britânico, ao perceber que determinados pinguins eram necrófilos ou tinham comportamento homossexual.
E além destes, conhecemos hábitos canibais de algumas espécies. Por exemplo, existe um tipo de tubarão que pratica o canibalismo intrauterino, quando o embrião mais desenvolvido alimenta-se de outros embriões no útero da mãe. Ou ainda os leões, que às vezes são flagrados comendo filhotes de antigos machos alfa do grupo, para terem certeza que os filhotes que crescerão no bando sejam crias suas. No domínio dos insetos também há descrições de canibalismo. Mas, em todos estes casos, os motivos não são a fome, pura e simplesmente, mas mecanismos de cada espécie na luta pela sobrevivência.
Ursos Polares do Ártico
Até que surgiram imagens dos ursos polares… Os pesquisadores informam que o hábito canibal dos ursos polares é conhecido faz tempo. Mas que agora, a frequência com que são relatados aumentou dramaticamente. Há quem diga que isso acontece pela frequência maior de pessoas no Ártico, que é um dos mais atingidos pelo aquecimento global, enquanto outros pesquisadores atribuem o fato ao desequilíbrio ecológico. Ilya Mordvintsev, especialista em ursos polares do Instituto Severtsov de Problemas de Ecologia e Evolução de Moscou foi categórica: “Afirmamos que o canibalismo nos ursos polares está aumentando”.
Segundo The Guardian, “falando em uma apresentação em São Petersburgo, Ilya Mordvintsev sugeriu que o comportamento poderia ser devido à falta de comida. “Em algumas estações, não há comida suficiente e os machos grandes atacam as fêmeas com filhotes.”
O problema dos ursos polares é que antigas áreas de caça de focas, sua dieta preferida, estão hoje abertas à navegação em razão do degelo acelerado da região. Isso reduz ainda mais a procura por comida, restando aos animais, o canibalismo.
Já outros pesquisadores, como Ian Stirling, biólogo da Universidade de Alberta e Environment Canada, dizem que no Ártico a procura por comida sempre foi dura. “Uma das únicas coisas que resta para comer são, de fato, filhotes de várias idades”, disse ele à National Geographic. Para este pesquisador, portanto, o canibalismo dos ursos polares não seria provocado por ação indireta do homem, mas um comportamento natural da espécie.
Uma coisa é certa, as imagens de ambas as cenas, de bandos de macacos e ursos, chocaram este site. Parecia que abriram as portas do inferno e jogaram a chave fora.
Imagem de abertura: ©Sasaluk Rattanachai/ Facebook
Fontes: https://viagem.estadao.com.br/noticias/geral,macacos-vivem-como-reis-em-cidade-da-tailandia,70002355950; https://www.livescience.com/macaque-fight-thailand-temple-coronavirus.html?utm_source=Selligent&utm_medium=email&utm_campaign=9160&utm_content=LVS_newsletter+&utm_term=3019238&m_i=21M23j70_T5FTbUcapOoUYE8%2BisGaN6qrgfKDx0%2BVD0YdvQwntJ_qsC7wkhqAlbtOhLXLVM7ADWJgOJGtKIAvIsgNSyAM1uElNLJ1xL22G; https://www.nationalgeographic.com/news/2016/02/160223-polar-bears-arctic-cannibals-animals-science/.
Vivemos no mundo que caminha para sua auto-destruição, esses eventos sem dúvida faz parte da caminhada que temos que vencer a cada vez que ela vem e passa. Tivemos outros ventos de grande impacto na humanidade e passamos por ela com a união de todos ou não. O que vivemos neste momento sem dúvida é um dos piores que a história mostra, porém com certeza passaremos e ficaremos mais forte, o caminho tem as suas dificuldades e sem dúvida ficaremos mais forte. A estrada com certeza está cada vez mostrando que o muindo tem que tomar outras atitudes para um sobre -vida.
Minha solidariede e meus sentimentos a equipe de Mar-Sem-Fim.
É o horror. É a Peste. Se ao menos nós os Humanos estivéssemos todos conscientes da Vida e o futuro poderia ser mais luminoso…
Parabens. Discutir e resolver a inter-relação natalidade-pobreza-ambiente. Este e’ o verdadeiro problema da humanidade. Coronavirus e’ apenas um pequeno incomodo.