Costa dos Corais: mortandade de 80% em corais de águas rasas

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Costa dos Corais tem mortandade de 80% em corais de águas rasas

O calor esquentou a água dos oceanos em todo o mundo. Desse modo, a taxa de aquecimento dos oceanos mais do que quadruplicou nos últimos 40 anos, o que motivou temperaturas oceânicas sem precedentes em 2023 e início de 2024. As temperaturas globais dos oceanos atingiram recordes por 450 dias consecutivos neste período. Parte do calor veio do El Niño, um evento de aquecimento natural no Pacífico. O resto, de nossos usos e costumes insustentáveis. Agora chegou a hora de começarmos a pagar esta conta: cerca de 80% dos corais de águas rasas da APA Costa dos Corais, maior unidade de conservação do bioma marinho, morreram. Isso põe em risco não só a vida marinha e quem dela depende mas, de maneira idêntica, também o turismo na região.

Branqueamento na costa dos corais
Imagem, Cláudio Sampaio/UFAL.

Impacto sobre os peixes, a população e toda a cadeia do turismo

Para o biólogo Robson Santos, coordenador do Laboratório de Ecologia e Conservação da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), em declaração ao g1, “a gente vai ter impacto sobre os peixes, sobre a população e também sobre toda a cadeia do turismo. Alagoas é um exemplo claro disso O Estado tem um ponto forte no turismo devido aos recifes de corais, várias pessoas dependem diretamente disso e extraem seus recursos de subsistência dos recifes”.

Segundo esta fonte, o alerta é resultado do monitoramento feito entre setembro de 2023 e novembro de 2024 pelo Ecoa em parceria com o Projeto Conservação Recifal.

E, de acordo com a Gazeta de Alagoas, o ano de 2024 registrou o maior branqueamento de corais já documentado no litoral de Alagoas. O aquecimento da água do mar atingiu níveis recordes. A situação se estende até o litoral de Pernambuco e Rio Grande do Norte, afetando negativamente diversas espécies de corais.

Algumas, como o coral de fogo (Millepora alcicornis), o coral vela (Mussismilia hartii) e o coral de fogo enrugado (Millepora braziliensis), sofreram perdas ainda maiores, chegando a 90%.

O professor Cláudio Sampaio, da Ufal em Penedo, destaca a importância do coral-vela, exclusivo do litoral nordestino, na construção dos recifes. Ele também ressalta o papel do coral-de-fogo-enrugado, encontrado apenas entre o litoral potiguar e o sul de Alagoas, na consolidação dos recifes da região, embora em menor escala. Diante disso, Sampaio alerta que o declínio acentuado dessas espécies, restritas ao Nordeste, representa uma preocupação grave.

O fenômeno de branqueamento: entenda

Antes de mais nada, saiba que uma pesquisa do Instituto de Ciências do Mar (LABOMAR), da Universidade Federal do Ceará e Universidade Federal do Delta do Parnaíba (UFDPar), revelou um fato importante sobre os recifes brasileiros. Os estudos mostraram que eles formam um único e grande ecossistema marinho. Este sistema se estende ao longo da costa sul-americana, da Guiana Francesa até o sudeste do Brasil, com quase 4 mil quilômetros de extensão, tamanho comparável ao da Grande Barreira de Corais da Austrália e da Barreira Mesoamericana no Mar do Caribe.

Corais de águas rasas são animais que têm uma relação simbiótica com algas fotossintéticas chamadas zooxantelas que vivem em seus tecidos. Em outras palavras, um depende do outro. O coral fornece um ambiente protegido que os compostos zooxanthellae precisam para a fotossíntese. Em troca, as algas produzem carboidratos que o coral usa para os alimentos, bem como oxigênio.

A NOAA explica que, quando mudanças na temperatura, luz ou nutrientes estressam os corais, eles expulsam as algas simbióticas de seus tecidos. Isso os deixa completamente brancos. Quando um coral branqueia, não está morto. Os corais podem sobreviver a um evento de branqueamento, mas estão sob mais estresse alem de sujeitos à mortalidade’.

Problema é mundial

Com o aquecimento, a Grande Barreira de Corais da Austrália definha ano após ano apesar de  sua estrutura ser a maior do planeta com 2.400 km contínuos de corais. Segundo a NASA, pesquisas aéreas com mais de 300 recifes realizados pela Autoridade do Parque Marinho da Grande Barreira de Corais, que monitora a saúde do animal, encontraram branqueamento em áreas de águas rasas que abrangem dois terços do recife. E acrescenta que, este é o quinto branqueamento em massa do recife desde 2016.

Até quando vamos observar sem agir?

Assista ao vídeo sobre o branqueamento de corais mundo afora

Quase metade das espécies de corais tropicais está em perigo de extinção | AFP

Camarão azul gigante, mais um perigoso invasor na Amazônia

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